Capítulo 20. Café da manhã

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Mal havia pegado no sono quando seu telefone começou a tocar, e Micael sentiu o peso em sua cabeça, não por causa do álcool, mas sim devido ao turbilhão de sentimentos que o invadia.

Um mar de pensamentos o cercava, ameaçando afogá-lo. Lidar com seu lado emocional era uma tarefa difícil, especialmente depois de tanto tempo negando suas próprias emoções. Agora, finalmente, parecia que ele tinha um coração novamente, aberto às sensações que há muito estava enterrado.

Mesmo tentando ignorar o telefone, este continua a tocar, insistente. Quando Micael finalmente o pegou, viu o nome de Miguel preenchendo a tela. Talvez ele deva mudar o nome do irmão para "pé no saco".

— Eu juro que se não for uma emergência, eu vou te matar. — Micael respondeu, ainda com a voz embargada pelo sono.

— Bom dia, bela adormecida. Onde você está?

— Eu estava dormindo. E por que está tão animado? É a cocaína? — Micael respondeu com um toque de ironia.

— Cafeína, meu caro. Já Já eu apago. E aí, que horas você chega?

— Estou indo.

Micael desligou o telefone e, mesmo relutante, pediu-se da cama. Tomou um banho rápido e se vestiu. O caminho de volta para casa era longo, quase 40 minutos de estrada à frente. Enquanto dirigia, Micael permitiu-se mergulhar em seus pensamentos e sentimentos, deixando-se levar pelas emoções que haviam sido despertadas naquela noite.

Ao chegar em casa, Micael seguiu direto para o jardim, onde encontrou todos reunidos em torno da mesa decisiva. Lá estavam Miguel, Manoel, seus pais e também sua cunhada Carla com seus familiares. Carla tinha uma bela aparência, mas parecia distante e fria. O casamento com Manoel foi apenas um acordo, e eles não se cobravam amor, talvez porque nunca houve nenhum entre eles.

— Bom dia a todos. — Micael cumpriu, acomodando-se em um lugar vago ao lado de Miguel.

— Atrasado. — Monica disse, demonstrando certo arrependimento pelo filho.

— Ele é homem, deve estar caçando. — Emanuel falou com orgulho, referindo-se aos filhos homens sexualmente ativos que tinha.

— Ele? Até parece. — Miguel provocou.

— Estava sozinho mesmo.

— Está na hora de casar, Micael. — Mônica enfatizou.

— Vou pensar no assunto, mãe.

— Veja como seu irmão é feliz com Carla. — Micael olhou para Manoel e sorriu. — Arrume uma boa moça.

Micael voltou sua atenção para o café da manhã enquanto todos falavam sobre trivialidades durante a manhã. Ao final da refeição, já era quase meio-dia, e Micael se recolheu para a sala de estar, sentando-se no sofá. Ele trocou mensagens com Annie, combinando de buscá-la por volta das 16h.

— Mick. — Miguel sentou-se no sofá em frente a Micael. — Você não vai jantar?

— Sim, eu vou. E você, por que vai?

— Aquele relacionamento com aquele casal não foi longe.

— Não se meta em trisal, você é ciumento demais para isso.

— É, talvez seja. Quero ver se encontrar alguém para mandar em mim por um tempo. Mas e você, vai?

— Vou acompanhado.

— Seu novo brinquedinho. — Miguel Rio.

— É meu favorito, sem dúvida.

— Gosta dela mesmo?

— A gente combina.

— A masoquista e o sádico, um grande casal, hein.

— Só pegue leve, ok?

— Estou curioso para conhecê-la.

— Vamos fazer como sempre, seremos dois desconhecidos. Eu sou comum, mas meu irmão, você é bem característico.

— Não sei se isso é um elogio. — Miguel gosta de ser único

— Bom, pode ser.

Por alguns instantes, Micael sentiu-se incomodado. Normalmente, seu irmão não costumava ir a eventos, mas justo no dia em que ele levaria Annie, Miguel tinha que estar presente. Milhares de cenários tomaram forma na mente de Micael: E se Miguel a reconhecer? Isso era algo que ele não conseguia tirar da cabeça.

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