Capítulo 20 - Ardente

98 15 5
                                    


03/01/2019, 00:02

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

03/01/2019, 00:02

Av. Telles, Rio de Janeiro – RJ


Foram três quarteirões correndo até conseguir alcançá-lo, seus passos largos me fizeram me sentir muito mais velho por demorar tanto para chegar próximo o suficiente do Pablo. Eu estava esbaforido e com o coração disparado quando finalmente consegui segurar seu braço e impedir que fugisse outra vez. Ele não tentou se desvencilhar, apenas continuou caminhando como se eu não estivesse ali, me arrastando pelas calçadas.

— Dá pra você parar e me ouvir. — eu pedi energicamente.

— Não temos nada pra conversar. — ele disse sem demonstrar emoção.

— Para de ser criança, Pablo. — eu disse puxando seu braço com força, o fazendo tropeçar e então parar. — Eu só quero entender o que está acontecendo.

— E sou eu quem tem que dar explicações? — ele disse finalmente deixando a frieza de lado. — Era você quem estava se agarrando com o vizinho.

— Essa história é muito mais complexa do que você imagina. — eu argumentei. — Não é como se eu tivesse planejado nada disso, só aconteceu.

— Ah, sim. Sua língua foi parar dentro da boca dele sem querer, é isso que está querendo dizer? — disse indignado.

— Pablo, eu não estou entendendo a sua reação, porque está me cobrando desse jeito. Nós não temos nada um com o outro. — mas assim que disse essas palavras senti que tinha o deixado ainda com mais raiva, seu rosto estava vermelho e os olhos apertados, como se estivesse pronto para me atacar.

— Verdade, não temos nada e então não tenho por que continuar aqui te ouvindo. — ele disse com um olhar de desgosto.

Ele voltou a caminhar e por um instante eu não soube o que fazer, se eu deixasse ir talvez nossa amizade nunca se recuperasse, em compensação se insistisse nessa conversa poderia dizer novamente a coisa errada e piorar ainda mais a situação. Tudo parecia tão confuso na minha cabeça, eu sabia que Pablo tinha uma certa antipatia pelo Ravi, mas não esperava que ele fosse reagir dessa forma ao ver nosso beijo. Sem conseguir pensar muito nisso tomei a única decisão possível, eu não ia desistir dele, então continuei perseguindo seus passos.

— Pablo, seja racional, eu não cometi nenhum crime, foi só um beijo. Nem eu mesmo sei o que está rolando entre nós dois agora, mas não achei que você teria esse tipo de preconceito. — eu falei.

— Você é um idiota mesmo, não é. — ele disse parando abruptamente. — Depois de todo esse tempo e você não consegue perceber algo que está na sua frente.

— Do que você está falando? — perguntei.

— Eu te dei todos os sinais, eu estive ao seu lado quando sua mulher te fazia de idiota, eu estava lá quando seus filhos nasceram, eu fui seu ombro amigo quando estava triste, fui eu quem segurou a sua mão quando Helena morreu e na primeira oportunidade é com ele que você escolhe ficar. — as palavras pareciam estar sendo atiradas como flechas saindo de sua boca.

Desastres em ComumWhere stories live. Discover now