Capítulo 11 - Leitos de Hospital

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01/03/2018, 16:40

Travessa Polonesa, RJ

Fábrica Sutileza


Nunca foi tão difícil conseguir chegar a um destino, mesmo com a enorme fila de táxis e de carros de aplicativo parados no aeroporto, nenhum parecia disposto a me levar até o endereço que o detetive tinha enviado ao Pedro. Só fui entender o motivo dessa resistência quando o único motorista disposto a me levar estacionou em frente a um prédio comercial com aparência de abandonado em uma aérea perigosa da cidade.

A viela parece ser habitada apenas por moradores de rua e usuários de drogas que perambulam pelo local como zumbis de um filme de baixo orçamento. Assim que o carro sai em disparada, a ficha de que estou sozinho naquele lugar, que mais parece uma amostra do inferno, e o medo do que pode acontecer toma conta de mim.

Eu me apresso em entrar no prédio a minha frente. A julgar pelas placas desgastadas nas paredes consigo perceber que ali devia funcionar uma fábrica de produtos de higiene, o que perece bem irônico já que tudo está tão sujo a minha volta. Após passar pelo hall abandonado, chegou ao que deveria ser o salão de produção, mas que agora mais perece um acampamento pós-apocalíptico.

Tendas e barracas esfarrapadas estão espalhadas pelo chão de ladrilho encardido do local. Nelas dezenas de pessoas parecem se abrigar dos perigos lá de fora, são homens, mulheres e até crianças mal nutridas em uma existência totalmente degradante. Enquanto caminho pelos corredores formados pelos abrigos, alguns olhos se voltam para mim, mas a maioria perece nem perceber que estou ali, só continuam olhando para um vazio como se não estivessem mais de si mesmos.

O cheiro é dos piores que já senti na vida, uma mistura de urina e suor aliada ao forte odor de dejetos. Enquanto caminho não paro de pensar que ninguém poderia escolher viver dessa forma, só posso concluir que as pessoas não tiveram escolha, que a vida se mostrou tão cruel que foram obrigados a passar os seus dias nessa semivida.

Tento buscar entre as pessoas os rostos de quem vim procurar, mas é difícil achar alguém no meio de tanta gente, ainda mais em lugar mal iluminada como este. Um certo desespero começa a surgir quando percebo que não tenho plano nenhum para achá-los aqui e nem de como a convencerei a ir embora desse buraco.

Só quando já estou perdendo as esperanças é que avisto alguém que pode me ajudar, uma figura imponente no meio de toda essa podridão. O homem de alto, careca e de barba abundante se destaca na multidão, vestido com um casaco acinzentado esfarrapado e apoiado em um pedaço de madeira que o ser como muleta, ele dá ordem aos demais.

É ele quem comanda esse lugar, não tenho dúvidas.

— Eu estou procurando uma pessoa. — falei ao perceber seu olhar severo em minha direção. — Seu nome é Vanessa e ela está com um bebê de colo. — disse mostrando uma dos dois.

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