Cap 06: Romanée-Conti

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Grécia antiga, numa taverna simples próxima às casas de camponeses.
Dionísio está bebendo sozinho no balcão do bar. O sol surgiu a pouco tempo, os homens, como de costume, foram trabalhar, mas Dionísio continuou, acompanhado de litros e mais litros de álcool; carregando consigo uma carranca de ódio e tristeza, tudo isso enquanto o dono limpava um copo sem nem dar bola ao Deus.

Até que o parça das antigas do Deus do vinho, entra pelas portas do estabelecimento, com um estilo único e garanhão próprio.

-Então é aqui que você estava! Já faz semanas que não vejo um bacanal daqueles que só você pode nos propor -comenta Boto, com um sorriso bobo e brincalhão.

-Pois é… Não tô muito no clima. Aceita uma dose?

-Aceito, parceiro.

Responde seu velho amigo, que só com o seu sorriso, carisma e beleza, traz uma luz para o lugar. Contudo, diferente das demais ocasiões, essa luz não ofusca a escuridão que cerca o Deus dos vinhos.

Mesmo incomodado que sua presença não seja suficiente, o garanhão do folclore decide ignorar e seca o copo num único gole.

O arrependimento vem instantaneamente, cuspindo em seguida -É sério mano, como você tá bebendo esse lixo? Mas sem ofensas, cara -comenta de relance, para não ofender o dono do bar.

-Não me ofendi, essa cachaça é uma merda mesmo.

Voltando o olhar novamente a Dionísio, Boto pôe suas mãos nos ombros de seu brother.

-Vamos lá, amigão, cadê aqueles vinhos magníficos que lhe acompanham?

-Só esquece cara, me deixa beber no meu canto.

-Se for afogar as mágoas, pelo menos beba algo que tenha gosto, algum bom de verdade, e não esse mijo de cavalo.

-O bar vai fechar, já amanheceu faz um tempo, então tomem seus rumos -manda o dono enquanto limpa o balcão.

-Ninguém nunca te disse que não tem hora pra beber?

-Não me lembro, afinal depois de tantos anos não tem como me lembrar de todos os vagabundos que falam asneiras -responde indiferentemente.

-COMO OUSA, VERME? Não me reconhece? Sou o cultuado Deus dos vinhos, então TRATE DE RESPEITAR O SEU DEUS!!

-Respeito é minha pomba, se eu ganhasse um real toda vez que eu ouvisse um cara chapado falando mentiras e besteiras, pode ter certeza que eu não estaria nesse bar.

-Eu tô a dias sem dormir, bebendo direto, isso… Isso prova alguma coisa, não?

-Só prova que você não quer mais um fígado... Mas escute meu conselho, se quiser se ver como um Deus, pelo menos escolha ao menos um que preste, como Zeus. E não a porcaria de um Deus do pinguços.

-Boto, bora sair dessa espelunca.

-Beleza, Dio, mas eu te carrego, já que você não tem condição de andar…

O Deus, em estado de embriaguez, aceita ser carregado, reclamando por todo o trajeto.

-Vê se pode: Zeus, um Deus honrado? Aquele mortal idiota.

-Dio, é por culpa de seu pai que você tá assim?

-É… só queria que alguém se importasse comigo, mas o velhote não tá nem aí, os humanos me levam como uma piada, e os Deuses nem se falam.. ninguém além de você me entende.

-Já vi que o álcool bateu, tá falando demais -um semblante simpático acompanha a fala -Tem certeza que você não conhece mais ninguém?

-Bom… tinha a minha mãe, mas ela morreu por culpa de minha madrasta, Hera.

Ragnarok: Deuses Contra HumanosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora