Cap 04: O Novo Líder Do Quilombo.

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Senzalas/Noite.

Era uma noite nublada, o tempo ameaçava chover. Um clima frio e mórbido, mas também calmo e tranquilo. Quase não se ouvia sons da natureza além do vento incessável e firme, que não parava de soprar até trazer uma violenta chuva consigo.

Guardas andam de um lado a outro ao redor da senzala, realizando rondas para vigiar os escravos, no caso de uma tentativa de fuga ou um ataque externo aos produtos dos senhores do engenho.

-Aí, cara, você acha que vai chover mesmo ou é só Deus tirando uma com a nossa cara?

Em tom de brincadeira, um dos guardas questiona o outro com um olhar fixo ao céu.

-Não se brinca assim com as coisas de Deus, irá chover se ele achar que merecemos.

-Deixa disso, não é como se o senhor todo poderoso e ocupadíssimo se importasse mesmo.

Aos poucos, pingos de chuva caem sobre a terra à vista. Os guardas procuram abrigo e só conseguem escutar o som alto da água caindo nos telhados de barro e madeira.

Entretanto, o que nenhum deles esperava é que a chuva não era a única coisa que o violento vento trazia.

A chuva barulhenta esconde a aproximação de um grupo de resgate liderado por Ganga Zumba, que só estavam aguardando a bênção divina para resgatarem seus iguais.

O líder dos quilombos se aproxima derrubando um dos guardas com uma rasteira e golpeia o outro com um chute pesado em seu rosto. Antes mesmo de poderem reagir, ambos já estavam inconscientes.

-Incrível, senhor Ganga Zumba.

-Obrigado, obrigado -seu sorriso dispõe uma felicidade ao receber o elogio -viu se tem mais algum guarda aqui perto?

-Devemos conseguir resgatar os escravos antes dos outros guardas aparecerem..

-Era isso que eu queria ouvir!


Um a um os escravos correm em direção a sua liberdade, liderados e guiados pelos que os salvaram. Nem a escuridão da floresta, muito menos uma forte tempestade, agora com brilhantes feixes que iluminam o céu junto de um alto barulho que vem em seguida, nada apagaria os sorrisos de seus rostos.

Os passos em meio a lama e galhos cessam de repente, Ganga Zumba que estava com crianças em seu colo se dirige a frente do grupo para ver o ocorrido.

-Vão parando por aqui, macacos.

Diante do nada, surge um guarda armado impedindo o avanço do grupo.

-Essa noite estava calma demais, então decidi dar um ronda em volta das terras, e vejamos só, hoje deve ser meu dia de sorte, sabe qual o valor da sua cabeça, Ganga Zumba?

O líder põe as crianças no chão e seriamente encara o homem à sua frente.

-Vamos resolver isso só nós dois, de homem para homem.

A sangue frio, o guarda puxa o gatilho com a arma virada aos escravos.

-NÃO!!!!

E novamente, outro som de dosparo pode ser ouvido.

-Toda vez que abrir a boca, meu dedo vai escorregar e puxar o gatilho. Então acho bom vocês darem a volta em silêncio.

O que o vigia não esperava era a presença de um homem, que não possui a mínima intenção de resolver a situação pacificamente.

Ragnarok: Deuses Contra HumanosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora