Cap 03: Repúdio

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Quilombo dos Palmares.

Um círculo de pessoas é formado em torno de duas crianças, que aparentemente estão lutando com as pernas, com uma força e uma leveza únicas, assemelhando a uma dança. Enquanto homens, em umas das extremidades, cantam e tocam berimbaus e pandeiros, com sorrisos compartilhados pelos integrantes.

Avançando com a perna alta em meia lua, um dos meninos acerta o pescoço de seu adversário.

-Desculpa, desculpa, você tá bem?

-Foi de propósito, seu chato!

O garoto se levanta em lágrimas pulando para cima do outro para derrubá-lo.

-O que tá rolando aqui?

Uma voz grave conhecida e respeitada por todos abre caminho em meio a multidão. Este homem é Ganga Zumba, o atual líder do quilombo, agraciado com uma inalcançável determinação equivalente a sua força, sempre andando sem camisa para expor suas cicatrizes, acompanhadas a um sincero sorriso, de quem não precisa de mais nada para ser feliz, além da presença de sua comunidade.

-Crianças, nunca ataquem um aliado, sozinhos somos fracos, meros escravos, mas juntos, somos poderosos o suficiente para nos proteger, este quilombo está em pé até hoje pela nossa força! Então, por favor, peçam desculpa um ao outro.

-Desculpa... -Em baixo tom, ambos os garotos falam em uníssono.

-Pronto, agora vamo quebrar esse clima, seu Jacinto e José Maria, vocês são os próximos na roda.





-Tio, por que você não os puniu? -Zumbi dos Palmares, 6 anos.

-Hmm...? Não ver minhas feridas? Punir não é a resposta.

-Se não castigar os errados, os certos não vão se sentir bem.

-Eu sei, eu sei. Mas se eu governar isso aqui com um punho fechado, não serei diferente dos homens que tiram nossa liberdade. O correto é fazê-los perceber que o que fizeram foi errado!

-Você sempre com esse sorriso de quem tá sempre certo...

-Não seja assim, vai lá praticar capoeira com seus amigos, mais tarde volto pra te buscar.



-Eae, Zumbi, como foi?

-Senhor Gaga Zumba, esse menino só podia ter seu sangue, nenhum adversário sequer encostou nele -diz um dos homens que possuía um instrumento em mãos.

-É verdade, garoto?

-Sim.

-Que surpreendente! Haha. Topa uma luta comigo? Relaxa que não pegarei pesado.

-Tá bom, mas vou com tudo pra cima do senhor.





-Fale alguma coisa, humano. Essa nossa luta é em dupla, seja meu par e me acompanhe na sua queda.

-...



-Que humano chato, ele não tem espírito de luta?

Retruca Horus, entrando na sala de narração, onde Athena e Buda se encontram.

-Tá fazendo o que por aqui, cabeça de pássaro? Tem alpiste aqui não.

-Na verdade, tem um pouco ali no canto -aponta o monge.

-Então vou ficar por aqui. Este salão tem a melhor vista do coliseu.

-Faça como quiser, só não atrapalhe o nosso trabalho.

Ragnarok: Deuses Contra HumanosWo Geschichten leben. Entdecke jetzt