O início do fim

8 8 0
                                    

Chegamos a Holanda!
Vivíamos em lua de mel.
Trabalhando e conhecendo novos lugares juntos.

Passeando de bicicleta e vendo o pôr do Sol parecíamos personagens de filmimho água com açúcar.
Mas era a tudo real.
Nossos sonhos se tornado realidade.

- Precisamos de novos sonhos.
Disse abraçada com as mãos em sua cintura.
Ele apoiou sua cabeça sobre a minha.

Eram dias que antecediam uma grande mudança.
Mal sabia eu que seria permanentemente.

O festival de dança na Europa estava dando o que falar.
Muitos novos talentos sendo descobertos.
Cada apresentação uma manchete nos jornais.
Estávamos estampando capas de revistas.

- Alô mãe, que saudade! Você recebeu a revista que eu enviei?
Você vai fazer o quê ? um quadro? Rs...

Tantos aplausos e felicidade!

Camila cansou de dividir o quarto comigo e Tomáz e se mudou permanentemente para o quarto de Júlia.

Dormiamos juntos.
Acordavamos juntos...
Fazíamos tudo juntos.
A coordenação tentou evitar mais foi impossível.
Nosso trabalho era impecável.
Eles não tinham do que reclamar.
Mas eles temiam que no futuro pudesse ser um problema.

Mas não brigávamos, não havia motivos.
Éramos muito unidos.
Nossos planos para o fim do festival era descansar um pouco e viajarmos num motorhome.
Estávamos escolhendo o roteiro.
Começariamos pela América do Sul.
Já tínhamos uma coleção de souvenirs.
Ia desde marca páginas.
Até rolhas das garrafas de vinhos que bebiamos.
Queríamos deixar tudo registrado, cada momento de cada lugar.
Era uma soma infinita de recordações.

Nas horas vagas ele me ensinara francês e italiano.
Fazíamos ligações via Skype para as nossas famílias sempre juntos.
Todos estavam felizes por nós.

Certo dia naquela semana Tomáz resolveu me surpreender.

- Alice, acorda... Vamos sair!
Tínhamos só mais 3 dias na Holanda.
Aquele mês havia voado.

- Sair? Para onde, são 7h20 e o ensaio?

- Houve uma mudança, começaremos mais tarde.

Me levantei com certa preguiça, tomei um banho, me vesti, arrumei os cabelos.

- Posso saber onde nós vamos?

- É surpresa! Rs.

De bicicleta andamos pelas ruas de Amsterdam até o nosso destino.
O dia amanhecera perfeito para isso.
Algum tempo depois lá estávamos nós...
O lindo Jardim de Keukenhof.
O jardim costuma ficar aberto apenas na primavera entre os meses de março, abril e maio.

Tomáz estendeu no gramado uma toalha quadriculada, havia croissant, vinho, queijo, uvas e azeitonas.
Fizemos um lindo piquenique.

- Tomáz porque disso tudo hoje? Estava curiosa com tanto romantismo.
Eu não tinha me tocado mas, naquele dia fazia dois meses desde que nos conhecemos.
Então sem me responder ele simplesmente se virou e abriu uma caixinha azul celeste...

- Alice, cada escolha uma razão.
Antes de você a minha razão era dançar.
E então você chegou com toda a sua autenticidade e naturalidade me deu uma nova razão.
Você se tornou a razão do meu viver.
- Alice você quer se casar comigo?
Eu sorri emocionada e o abracei fortemente.

- Sim é claro que eu quero.
Éramos tão jovens e sonhadores.
Eu só tinha 22 anos. Mas eu vivia um momento tão mágico nessa época e não ia deixar passar.
De repente musicistas com violinos e flautas e clarinetes começaram a tocar uma música na calçada e os bailarinos da nossa companhia de dança surgiram de dentro do jardim e começaram a dançar.
Eles faziam parte da surpresa.
Estava encantada.
Dançamos nossa primeira valsa.

De volta ao hotel deitada na cama eu não conseguia para de olhar meu anel de noivado.
Era uma pedra opala preciosa (furta-cor).

Tomáz saira do banho secando os cabelos e uma toalha enrolada na cintura.
Ainda meio úmido, gotículas desciam pelo seu corpo.
Ele se aproximou da cama e eu o puxei contra meu corpo.
Passamos o resto do dia ali.
Saboreando cada parte daquele dia.

Embolados na cama fazíamos planos para o casamento... Onde ele seria se no Brasil ou Argentina. Ou nos dois.
E onde seria a lua de mel.
Se na praia ou nas montanhas.

Era um novo capítulo em nossas vidas.
E estavamos mergulhados nele.
Jovens.
Talentosos.
Sonhadores.
Amantes da arte.
Com uma vida inteira pela frente.
Estava tudo perfeito.
Nada poderia estragar esse momento.
Será mesmo?

Nosso tempo na Holanda havia passado rápido. E agora estávamos de partida para Dinamarca.
Queríamos aproveitar de maneira diferente a viagem.
Então ao invés de irmos num vôo comercial como toda equipe preferimos alugar um carro.
Era nossa lua de mel antecipada.
Demoraria um pouco mais mas também seria uma bela forma de conhecer outras paisagens no caminho.
Seria pouco mais de 7h
Ainda chegaríamos no mesmo dia que a companhia de dança.
Fizemos tudo a moda antiga para ser mais memorável.
Compramos um mapa.
Fizemos sanduíches.
Preparamos uma playlist.
E então saímos cedinho.

Ainda era primavera e o tempo estava ameno.
Deixei a janela do carro aberta para sentir o vento no rosto.
Tomáz fora dirigindo e eu de copiloto.
A viagem estava tranquila.
Apesar de não conhecermos o caminho ele era de fácil acesso.
Muito bem sinalizado.
Não teríamos como nos perder.

Algumas músicas e sanduíches e já estávamos na metade do caminho.
Paramos para esticar as pernas e ir ao banheiro.
Reabastecemos o carro.
Tomáz pediu algumas informações.
Fizemos algumas fotos com a nossa polaróide.
Voltamos para estrada.
Nesse trecho da estrada, o tempo tinha mudado, estava mais frio e chovia bastante.
Passava das 13h e faltava pouco mais de 2h para chegarmos.
Até que...
Senti um impacto forte e um zumbido nos ouvidos.
O carro girou uma, duas, três...
Capotou uma, duas, três...
Caímos da ponte cerca de 20 metros até o rio.

Acordei sentindo muita dor de cabeça, estava tonta, enxergava muito embaçado, estava com sede.
Foi quando notei que estávamos de cabeça para baixo.
O cinto pressionava meu peito.
Não sentia minha pernas.
Um barulho estrondoso e muito vento.
Era um helicóptero sobrevoando o local do acidente.

Tomáz!

Olhei para o lado e metade do carro estava dentro do rio e parte do corpo de Tomáz também, eu tentava alcança-lo mas não conseguia.
Entrei em desespero.
Comecei a gritar freneticamente.
Os bombeiros falavam mas eu não compreendia estava tudo em câmera lenta.
Minha pressão começou a baixar e então desmaiei.

Demorou um dia para que a companhia então descobrisse o que havia acontecido.

Estava internada na cidade de Hamburgo na Alemanha, onde o acidente acontecera.
Quando despertei Camila estava ao meu lado e Samanta ao telefone.
Ainda meio zonza sentia muitas dores, estava com uma máscara de oxigênio.
Queria falar mas não tinha forças.

- Samanta, Samanta ela acordou... Disse Camila com o semblante gélido.

 Disse Camila com o semblante gélido

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.





Nossos SonhosWhere stories live. Discover now