EDUARDO/Ballet

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"Quando aquele dia comecara, eu não fazia idéia de que nele eu iria encontrar alguém que fosse capaz mudar meu rumo.
Eu já está acostumada a ser sozinha.
Eu mesma construí esses muros.
Mas quis o destino que eles fossem derrubados.
Eu não tinha pretensão nenhuma mas o que eu não sabia é que eu ia mudar minha perspectiva.
Eu não era mais uma menininha mas meu coração mesmo partido e quebrado ainda ansiava por bater por alguém.
Esbarrar em Eduardo tirou me dos trilhos."

- A noite como combinado nos encontramos em seu apartamento para o jantar.

Ele estava cozinhado quando cheguei.
Era lasanha.

A porta estava entreaberta...

- Hmmmm o cheirinho está ótimo, Lasanha?

- Como você adivinhou, era para ser surpresa.
Saiu correndo em minha direção, abraçou-me forte e me beijou suavemente.

- Trouxe a sobremesa, espero que ela não tenha derretido durante o caminho. Rs.

Foi uma noite muito romântica, a luz de velas, uma música tranquila e muito vinho.

- Te comprei um presente - disse ele.
Espero que goste.
Foi até o quarto e voltou segurando uma caixinha.

- O que é? Perguntei surpresa e curiosa.
- Abra. Ele estava empolgado.

Rasguei com um pouco de dó o embrulho que era muito bonito.
Era uma caixa de música, com uma bailarina.
Fiquei em choque.
Como ele podia fazer aquilo comigo sabendo por tudo que eu passei?

Eu não sabia o que dizer, na verdade eu sabia mas se fizesse seria o fim.
Eu não queria machuca-lo, sabia que sua intenção deveria de ser boa, mas não conseguia entender a finalidade.

- Ela é linda, obrigada. Falei com a voz embargada.

- Você não gostou não é? Pode dizer, tá tudo bem?
Ele havia ficado decepcionado.

- Qual o motivo desse presente Eduardo?
Me lembrar de que nunca mais dançarei e que de agora em diante tudo que vivi é só um borrão?
Desculpe, mas eu não entendo.

- Alice não! Me desculpe, não foi minha intenção chatea-la.
Eu só pensei que...
Olha Alice, você não precisa esquecer da dança e nem abandona-la.
Eu sei como você se sente a respeito disso mas...
Veja.
O que você acha de dar aula para as crianças carentes, hein?
Olha como isso pode ser enriquecedor para elas. E também para você de certa forma.
Você pode de alguma maneira com todo seu conhecimento e experiência ajudá-las a ter um futuro.
Isso é lindo demais meu amor.
Eu só desejo vê-la feliz.
A intenção do presente era essa.
Me desculpe se eu cruzei essa linha.

Tudo aquilo que ele dissera fazia muito sentido.
Ele estava só tentado me ajudar.
Me fazer enxergar todas as possibilidades dessa escolha, e o quanto eu era capaz se eu quisesse.
Expandir meus horizontes na direção meu antigo sonho.
Eu poderia vive-lo, ainda que de uma forma diferente do esperado.
Eu só precisava querer.

Diante daquela enxurrada de sabedoria do Eduardo. Me propus a pensar melhor no que ele dissera.

- Você vai mesmo pensar a respeito? Perguntou ele com certo receio.

- Sim, eu vou! Você é um sonho sabia?!
Eu sorri e o beijei.

Mas apesar de me interessar num primeiro momento.
No instante seguinte eu já estava desabando...
As memórias daquele tempo vieram a tona como um tsunami.
E com elas as dores do passado também.
Eu tentava me conter... Respirava fundo.
Mas não conseguia evitar tal agitação.
Tomáz se fazia vivo em meus pensamentos novamente.
Pensar nele me desmoronava.
Uma dor invadia meu peito.
Meus olhos se enchiam de lágrimas.
Eu estava me afogando naquelas lembranças.
Mas não poderia me permitir morrer em vida mais uma vez.
Precisava enfrentar.
E rasgar o medo que insistia em ficar.

Nossos SonhosWhere stories live. Discover now