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Capítulo centésimo oitavo: i choose you


Mesmo de olhos bem abertos não conseguia raciocinar  quanto tempo havia se passado, aquela tortura havia sido estendida a tal ponto que perdi a conta e  ainda perdurava, o sofrimento que saia em forma de gritos, dor e desespero era repetitivo e a cada nova rodada eu me sentia alucinando um pouco mais, o primeiro dos castigos era o espancamento, não era forte pra me desmaiar mais o suficiente para tirar meu sangue, logo após isso ela atirava em mim água com sal como uma espécie de salmoura que ardia até meu âmago  me fazendo me debater como uma formiga exposta pelo calor de uma lupa, depois vinha mais uns socos e isso se repetia em looping, estava exausta, mesmo se me soltasse não tenho certeza que conseguiria correr  pois estou pendurada a muito tempo e quem me amarrou fez questão de fazer com que meus pés mal tocassem o chão.

      Travava uma espécie de luta com meus pés forçando meus dedos a se apoiarem no chão a fim de me dar equilíbrio, sentia fortes dores nas juntas e principalmente no braço,  que sem meus pés era como se estivesse estirada como um daqueles pedaços de carne em um frigorifico, atingida em áreas especificas só me restava  ficar parada e inerte, qualquer movimento fora disso  era como estivesse sendo chicoteada.   A maldita velha parecia estar começando a gostar das sessões, um pequeno  e malicioso sorriso  lhe brotava o rosto toda vez que me olhava,  parecendo um animal estendido pronto a ser dissecado, se eu não gritasse ela permanecia com sua face inexpressiva e continuava mais forte pra depois me deixar dez minutos parada afim de aumentar minha sensibilidade.
O barulho do entre abrir das portas significava  que era  hora de outro round, quanto mais fazemos isso mais ela vai abrindo sua maleta de instrumentos,  abaixo minha cabeça pensando se vou morrer dessa maneira insignificante e um certo ódio me consome, um ódio com o mundo, inacreditável estar presa sendo torturada até a morte e ainda conseguir achar tudo injusto, uma parte extremamente incoerente do meu cérebro, se recusa a acreditar que mesmo insignificante como ser humano me neguem tudo, felicidade, conforto e até a vida, por um momento raciocino como tudo no mundo é uma farsa, nascemos destinados a ser infelizes, procurar pelas coisas que não temos e nos frustrar no processo, eu nasci pobre de todo jeito possível  e pelo jeito  vou  morrer igual.
      Enquanto me fixo nessa reclamação interior ela se aproxima de mim na intenção de me furar com um bisturi, me vendo calma demais chega mais perto  para checar se ainda respiro, aproximando suas mãos a minha garganta,  não penso duas vezes e lhe abocanho um dos dedos, ela solta um grito, sem intenção de  soltar finco meus dentes usando a força do meu maxilar escutando o barulho de um dedo quebrado dentro da minha boca,  ela desesperada me da um soco na córnea e cai no chão ainda reclamando de dor, em minha face reside a mais plena satisfação, saboreio o gosto ferroso em minha boca com um sorriso sádico.

-‘’ desgraçada........vou te fazer sangrar como um porco pronto pro abate’’- ela diz entre arfadas de dor, com o bisturi em sua mão ela começa seus grandes cortes, eu tento não gritar mais é impossível, ela desenha linhas em meus braços e pernas, cortes finos mais que  tiram muito sangue, assim chega perto dos ombros lhe chuto  o peito e as mãos, com certeza devo ter quebrado seus dedos pois assim que encosto neles ela solta outro grito, e se arqueando de dor,  me olha friamente e passa por mim saindo do ambiente.
Enquanto tento me recuperar e voltar a minha posição original meus pés  descalços batem contra algo gélido, olho para baixo sem pestanejar, em meio a todo sangue esta lá........como um brilho metálico,  o bisturi, uma alegria estranha e forte percorre meu corpo,  com os dedos do pé me esforço para pega-lo, olho ao redor e percebo que não há ninguém......
        Definitivamente  todas as aulas de balé e yoga que fiz na vida valeram a pena, com muito esforço e elasticidade consigo levar o bisturi até  minhas mãos esfregando ele contra a corda, aos poucos sinto aquela material se cortando e afrouxando, quando esta literalmente por um fio ouço vozes  contra a porta, escondo rapidamente o pequeno bisturi em volta de minhas mãos ‘’atadas’’.
     A senhora retorna, agora com as mãos enfaixadas,  junto com ela entram dois homens robustos e carecas, me posiciono rezando pra que ela não de falta do bisturi, ela caminha devagar até mesmo pra uma velha,  e pega dentro da bolsa algo que me apavora, uma espécie de faca porem em vez de ter apenas uma lamina a mesma possui duas envergadas uma na outra.
-‘’ seu irmãozinho demorou muito, agora podemos encerrar a sessão, com esta faca nem que ele chegue a tempo pra te salvar, será impossível te suturar ‘’- ela  manca em minha direção.

you belong to BrahmsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora