Coração Cigano

O tempo passa, cai a noite e o dia vem.

Oi, voltei mais rápido do que eu imaginava kkkk Esse é o primeiro capítulo narrado inteiramente pela Giovanna e eu confesso que estou super insegura com isso, porque já tinha me acostumado com o jeito Nero de se expressar. 

Quero muito saber o que acham e aceito sugestões.

Vou dedicar esse capítulo a duas insuportáveis que tiram minha paz, mas que eu gosto levemente: lila emoji de rosa e cami, a mãe de erótica. Esse é pra vocês que me encheram o saco para que eu atualizasse logo. Se não ficou bom, a culpa é de vocês! Boa leitura!

𖤐

Giovanna Antonelli

Não dá pra eu me fazer de maluca e dizer que a minha vida não é um completo caos, mas era surreal o quanto os últimos dias estavam me deixando a beira de um precipício.

Cinco anos atrás, quando recebi a resposta da assessoria de Alexandre Nero negando nosso contrato para gerenciar sua carreira, comecei a enxergar as coisas muito pelo lado negativo. Não conseguia entender como um cantor, que estava em início de carreira, conseguiu recusar um convite feito pelo maior escritório artístico do país, soava como insanidade pra mim. E pior, sempre que dava alguma entrevista para os veículos de mídia, soltava alguma indireta voltada ao tipo de trabalho que meu escritório fazia. 

Quando sua carreira estourou, só se falava dele em todos os lugares, em especial aqui em Goiânia. Isso aumentou ainda mais minha raiva e o ressentimento que eu tinha em relação a ele, era pra estarmos participando desse sucesso juntos, se eles tivessem aceitado nossa proposta.

Foram anos amargurando esse sentimento, querendo acabar com a raça de Alexandre e quem quer que tenha o ajudado nessa decisão estúpida. Mas mesmo com todos esses sentimentos ruins, não conseguia negar que sua voz e sua presença de palco eram coisa rara de se ver no cenário sertanejo. Ele conseguia envolver o público, trazendo uma energia fora do comum pra um simples show. Era impossível não o admirar por isso, mesmo que eu não quisesse me sentir dessa forma.

Nos últimos meses fui percebendo que sua carreira estava passando por dificuldades e enxerguei ali o momento perfeito para trazê-lo para o meu time e consequentemente ajudá-lo em um momento difícil. Independente das complicações que Nero poderia nos trazer por contas das polêmicas envolvendo seu nome, eu tinha plena noção de que os benefícios seriam muito superiores. 

Fiz o convite e pra minha surpresa, claro que depois de muita discussão, ele aceitou nossa proposta e agora compõe o time da Antonelli Produções.

Os dias que trabalhamos juntos nas composições foram pra lá de esquisitos, confesso. 

Eu esperava que fôssemos nos desentender mais do que qualquer coisa, que nunca conseguiríamos chegar a um acordo, já que ele possuía o mesmo ranço de mim que eu tinha dele. Mas acabamos descobrindo que nos encaixávamos como nunca quando o assunto envolvia música, que era nossa maior paixão. 

Um sempre estava pronto pra ouvir o que o outro tinha pra falar, as ideias, as opiniões e sugestões. Conheci ali, um Alexandre que eu nunca imaginei que pudesse existir por trás daquele safado que a mídia noticiava. Ele era muito detalhista, prestava atenção em cada coisinha que eu lhe mostrava e fazia questão de sempre elogiar quando eu falava algo que ele achava interessante. 

Não dá pra negar que conhecer esse outro lado dele me deixou instigada, talvez até curiosa.

Isso me trouxe até o momento de agora, onde Alexandre está na minha frente e tem no rosto um dos sorrisos mais sinceros que eu já vi em toda a minha vida. Um sorriso que combina tanto com o seu rosto que chega a me dar falta de ar, me deixando fora de foco.