Capítulo 35

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Carolina chegou tarde em casa, levemente sedada. Foi abordada por Kelly, que queria saber o que havia acontecido.

— Dona Carolina, a senhora está bem? — Viu a patroa, que encostou no ombro de Kelly, como apoio.

— Estou sim, eu só fui fazer uma endoscopia e acabei perdendo o sentido. — Mentiu. — Só me... Leva pra cama, por favor!

— Mas e o senhor Alex? A senhora precisava...

— Kelly, por favor! — Carolina tinha o rosto franzido. Viu a doméstica lhe ajudar, subindo as escadas e parando em seu quarto.

Kelly retirou os lençóis caros e de seda, posicionando Carolina enquanto afofava os travesseiros. Viu a patroa se deitar na cama, pálida, sem força alguma.

— Eu vou fazer uma sopa pra senhora, viu? Cheia de sustância.

— Obrigada, Kelly. — Segurou na mão da doméstica. — Você é uma mãezona pra mim, sabia?

— Nossa dona Carolina, por essa eu não esperava. — Ficou sem graça com o elogio.

Ela ia responder Kelly mas o sono lhe pegou desprevenida, fazendo Carolina dormir até um certo horário, também não definido.


Nas ruas intermináveis da Paulista, Mariana andava pela calçada enquanto via os imensos prédios ao redor. Estava procurando por Sophia, e como a amiga não lhe enviou o endereço, ela mesma teve a coragem de ir procurar.

O que na realidade foi uma loucura!

— Oi, bom dia! — Parou o porteiro. — Você pode me dizer se essa garota mora aqui? — Mostrou o celular ao homem, que negou com a cabeça. — Tá bom, obrigada. — Entristeceu.

Decidiu ligar para Sophia, foi a única solução ao invés de pagar a super-heroína.

— Cara, eu juro por Deus que não aguento mais procurar você nessa bosta de Paulista.

— Que? O que você está fazendo?

— Eu quero te ver! Eu vim sozinha e tô aqui na Paulista. — Mariana continuou andando. — Porra, me diz aí! Eu tô perto ou longe?

— Depende, Mariana. Você não pode vir aqui! O Micael vai ter uma síncope.

— Será que a gente pode se encontrar então?

— Me espera perto do restaurante, na esquina da avenida.

— Vai se foder, Sophia. É longe pra caralho! Eu sei que você está perto, só não quer me contar. — Olhou ao redor.

Sophia bufou na linha enquanto Mariana dava um sorriso de vitória.

— Vou te passar o meu endereço, mas a gente vai se encontrar na porta. Entendeu?

— Tá, tá. Anda logo!

Sophia passou o endereço à Mariana, que vibrou contente sabendo que o prédio não ficava longe de onde estava. Viu a amiga lhe esperar em frente ao condomínio. Usava um chinelo de quarto, short jeans e um moletom surrado de Micael, acompanhado do capuz.

— Cacete! — Mariana abraçou a amiga. — Você parece uma mendiga da Sé.

— Cala a boca. — Sorriu ao ver a amiga. — E aí, como estão as coisas?

— Indo. Tá tudo estranho sem você! — Observou Sophia. — Você está fazendo programa?

Ela assentiu.

— E é divertido?

— Óbvio que não, né Mariana. — Sophia revirou os olhos. — Eu só transo com o Micael, a gente faz swing, programa de casal, essas coisas.

— E isso tá dando dinheiro?

— Tá! É o que mantém as coisas do apartamento. — Sophia contou.

— E quem paga esse lugar pra ele, Sophia?

— Uma cliente que gosta muito dele. Tipo, muito! — Deu ênfase enquanto gesticulava. — Eu gostaria de saber quem é essa mulher.

— Você nunca viu?

— Ele não deixa! Eu nem posso ficar rondando muito, tenho medo dela não gostar e acabar despejando a gente. — Rolou os olhos.

— Hum. — Mariana deu de ombros. — Eu estava com saudade de você. Eu não aguento mais ter que aturar a Alice e a Bella. — Reclamou. — A gente podia sair, né?

— Ficou maluca?

— Por que? Vai me dizer que o Micael não deixa. — Fez uma careta de deboche. — Ele é seu dono por acaso?

— A gente vai sair pra onde, Mariana?

— Porra, boate! Eu quero putaria e dinheiro no meu bolso. — Gargalhou. Ela não prestava! — E aí, vamos?

— Boate? — Sophia observou os lados. — Por aqui? Eu acho meio difícil o Micael querer ir.

— Iiiiiih, que saco isso, hein? Virou teu dono, pelo o que eu estou entendendo.

— Pega leve, Mariana. Por favor? — Sophia pensou em algo. — Eu vou falar com ele e aí... — Foi interrompida pelo mesmo.

Micael desceu, ficando ao lado de Sophia enquanto encarava Mariana, querendo saber o por quê dela estar ali.

— Bom dia, moça! — Cruzou os braços. — Vejo que você sabe aonde eu moro agora, não é mesmo? — Encarou Sophia, que ficou sem graça.

— Micael, fui eu que quis ver a Sophia. — Se defendeu. — Eu fiquei enchendo o saco dela e vim sem ninguém. Ela não tem culpa!

— Imagine se tivesse. — Retrucou baixo.

— Eu sei que a situação não está fácil mas... Eu só queria ver a minha amiga. — Sorriu para Sophia. — E ver se podíamos sair.

— Sair? — Micael franziu o cenho. — A Sophia pode sair quando ela quiser, ninguém manda nela.

— Ela queria sair com a gente, Micael. — Sophia desenrolou.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você quer fazer programa, é isso?

— Não, nada disso. — Mariana negou com a cabeça. — Eu queria sair com vocês. Farrear! Eu super topo uma balada, e vocês?

— Hum, não sei. — Micael torceu o nariz. — Na verdade a gente não sabe de nenhuma balada pela redondeza. Você sabe?

Sophia ficou incrédula com o que estava vendo. Pensou que Micael ficaria irritado com a presença de Mariana, mas foi totalmente ao contrário.

— Eu sabia de uma que ficava no terceiro quarteirão. A gente podia ir lá!

— Beleza. — Micael levantou os ombros. — Então a gente pode ir lá.

— É sério? — Sophia interviu.

— Que foi? Tá com ciúmes? — Mariana segurou o riso.

— Se liga! No dia que eu ter ciúmes de você, estarei podre por dentro. — Sophia empinou o rosto. — Só me impressiona o Micael querer ir pra boate junto com a gente.

— Eu não posso? — Se defendeu.

— Pode, claro que pode! Afinal, você pode fazer o que você quiser, Micael. — Foi irônica.

— Ei, ei, ei. Que clima é esse? Bora tirar essa coisa ruim de vocês e vamos combinar de ir na boate. — Mariana estalou os dedos. — A gente se vê umas nove?

— Ótimo! Se você não tiver aqui às nove, eu irei sozinho junto com a Sophia. — Micael voltou à estaca zero.

— Combinado. — Mariana rendeu as mãos. — Nos vemos às nove, então.

Os três sorriram! Só não sabiam que lá tudo poderia acontecer.

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