Capítulo 7

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— Micael, eu preciso ir!

Carolina saiu da cama onde estava deitada, buscou seu sutiã no chão.

— Mas já? Você ainda tem vinte minutos. — Avisou ela, se espreguiçando.

— Eu preciso voltar ao trabalho, fazer algumas coisas na rua. — Vestiu sua calça. — A gente se vê na semana que vem, pode ser? — O encarou.

— Você é quem manda, minha musa. — Brincou com Carolina, que não resistiu. Caminhou até Micael, lhe dando um beijo de despedida.

— Você me elogia pra isso, não é? — Vasculhou sua bolsa enquanto ria, entregando quatrocentos reais à Micael.

— Olha só! Hoje você está boazinha. — Cheirou o dinheiro. — Acho que vou fazer aquilo mais vezes. — Referiu-se à transa recente, deixando Carolina sem graça.

— Você é ridículo! — Negou com a cabeça, rindo. — Se cuida! Até mais.

— Até mais! — Jogou um beijo para Carolina, que passou da porta.

Micael voltou a cabeça no travesseiro, suspirando alto e levando o pequeno bolo de dinheiro até o seu coração. Estava com uma quantia boa de dinheiro, porém, não conseguia tirar Sophia da cabeça. Por segundos, até esqueceu que tinha uma dívida imensa. Estava pensando em sair do prostíbulo e viver de outra coisa.

Mas não podia! Ele tinha missões à cumprir.

— Volta logo, loirinha! — Disse consigo, bufando após soltar outro suspiro.


— Eu não acredito que você brigou com ela. — Bella observou Sophia comer, em silêncio. Estava irritada com tudo o que aconteceu.

— A Mariana é uma vaca! Às vezes ela merece o esporro. — Mastigou o sanduíche. — Você vai comigo ao médico?

— Você já marcou?

— Eu marquei na aula de Geografia, estava sem cabeça pra prestar a atenção.

— Posso ir, se você quiser. — Bella foi atenciosa. — Você tomou o remédio?

— Tomei. Eu comprei em uma farmácia vinte e quatro horas. — Se lembrou.

— Agora você está toda fodida porque vai embaralhar a sua menstruação. — Bella torceu o nariz.

— Como é?

— Você não leu a bula?

— E eu lá tinha tempo de ler bula, Bella? — Debochou. — Por que essas coisas só acontecem comigo? — Cerrou os olhos.

— Porque você é privilegiada, querida! Agora vamos, temos aula de artes. — Bella se levantou, fazendo Sophia se levantar também.

— Naaaaão, eu não quero ir! — Jogou a cabeça para trás, fazendo hora. — Eu daria tudo para estar em casa, na minha cama, comendo cupcakes recheados daquela padaria perto de casa. — Lambeu os lábios.

— Pena que você tem aula e precisa prestar à atenção, se não, leva bomba de novo! — Advertiu a amiga. — Vamos! Vamos!

Sophia mastigou o último pedaço do pão, levantou com má vontade e seguiu Bella até a sala de aula novamente. Depois dali, iriam até o consultório médico, onde Sophia havia marcado a sua primeira consulta ao ginecologista.

Micael estava relaxado na parte debaixo do prostíbulo. Não havia clientes naquele horário, então, decidiu tirar o tempo para relaxar, folheando uma revista de entremetimento. Luiz chegou perto, tirando seu precioso tempo de paz.

— Tá fazendo o que, Borges? — Sentou no outro sofá.

— Vendo essa baboseira aqui, até alguma cliente chegar. — Mostrou a revista para Luiz.

— Tua cliente cheirosa veio hoje, né? Gatona ela! — Sorriu leve ao amigo, que fez o mesmo.

— Ela sempre vem mas não pensei que ela viria tão cedo. — Micael virou a página da revista. — Se liga! — Jogou a revista para Luiz, que esboçou um sorriso de orelha à orelha.

— Os peito da mulher é tão falso que fica de pé sozinho, alá. — Micael riu com o seu comentário. — Queria eu atender umas mulher com esse peito aí, tudo em pé, duro. Não essas pelanca que aparece!

— Mas você pegou a novinha com o peitinho em pé, que eu sei. — Micael brincou com o mesmo.

— E quem te disse isso?

— Você não ficou com ela no aniversário da Sophia?

— Iiiiiiiih, alá! — Luiz zombou. — Falando o nome da cliente como ela se fosse melhor amiga. Qual foi, Borges? — Empurrou o ombro do amigo, tirando sarro da situação.

— Vai ficar me zoando?

— Vou! Desde quando tu é pau mole?

— Sei lá. — Micael ficou pensativo. — Ela me pegou de um jeito, Luiz. Sei lá! — Levantou os ombros. — Não sei se foi a situação ou então...

— Por que? Ela tinha alguma coisa?

— Eu tirei a virgindade dela. — Contou ao amigo, que abriu os lábios, incrédulo. — A festa foi só um motivo pra ela transar, entendeu? Não vieram aqui pra zoar, como a gente está acostumado.

— Caralho, eu não sabia. — Luiz ficou realmente incrédulo. — Na verdade eu nem sabia que isso era possível com mulher. Pagar pra tirar virgindade? Ela é gatinha!

Micael olhou de canto, irritado. Luiz começou a rir novamente, achando mais um motivo de zoar o amigo.

— Tu tá apaixonado pela bocetinha virgem, fala aí!

— Você é chato pra caralho Luiz, meu Deus! — Se irritou, ficando de pé.

— Ah, eu sou chato? Você que transou com a loirinha, fica mariolando a transa de vocês aí e depois eu que sou chato? — Riu de novo, vendo Micael subir às escadas, irritado. — Fica assim não, Borges! Ela vai voltar, você vai ver.

— Vai dar o cu, Luiz. — Respondeu, já lá em cima.

O amigo ainda continuou rindo, mas parou quando viu Vera se aproximar.

— Posso saber a piada?

— O Borges tá apaixonado, Verinha! — Terminou de rir. — A menina da boceta de ouro deixou ele doidinho de amor.

— Não me diga. — Vera também riu. — E desde quando garoto de programa se apaixona por alguém? Manda ele ir trabalhar mais! Isso se chama falta de trabalho.

— Aí também não, né Vera? — Luiz não gostou da sua fala. — Eu acho que a gente está trabalhando demais e tendo pouco descanso.

— Quem decidiu trabalhar mais foram vocês mesmos! O descanso de vocês é livre, desde que, trabalhem pra pagar a casa.

— A gente faz tudo o que você quer! Mas parece que nunca tá bom. — Luiz rebateu.

— Tudo o que eu quero, você só pode estar brincando. — Vera cruzou os braços, negando com a cabeça. — Eu sou boa até demais pra vocês aqui, sabia? — Chegou mais perto. — Todo mundo fica de segredinho, mandando dinheiro pra sei lá quem, guardando dinheiro pra sei lá quem. — Referiu-se à Micael. — Mas na hora de pagar a porra da casa, ficam de cu doce.

Luiz ficou irritado, fechando a feição de feliz que estava. Ficou com ódio de Vera, se fosse possível, já teria lhe estrangulado.

— Melhor você ir trabalhar, Luiz. A vida não é um mar de rosas como você pensa que é!

LU$H Where stories live. Discover now