Capítulo 32

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Marcelo adentrou o apartamento, esvoaçado. Parecia que estava fugindo de alguém, pelo tanto que ofegava, com uma mochila nas costas.

— Oi pra você também! — Ele ficou um pouco sem jeito. Observou o apartamento. — Caraca! Bem que o Luiz falou.

— O Luiz anda falando demais, né? — Micael não gostou muito.

— Ele sempre fala. — Marcelo soltou um suspiro. — Eu vim porquê ele me contou que você estava aqui! A Vera também sabe aonde você mora.

— Incrível como ele não deixa a língua dele dentro da boca. — Micael cruzou os braços. — Mas e aí? Deixou a Vera também?

— A Lush não existe mais, Micael!

Marcelo viu o moreno arregalar os olhos, assim como Sophia, que saiu do seu lugar, andando até os dois. Apertou o laço do roupão quando ficou frente à frente com Marcelo.

— Como assim não existe mais? O que aconteceu?

— Uma mulher foi na Lush e ela simplesmente vendeu. Parece que vai ser boate, algo assim! Mas ela e o Luiz tão de segredinho, então eu não sei. — Marcelo levantou os ombros.

— Quem está de segredinho?

— A mulher e o Luiz. — Pausou.

— E essa mulher veio do nada? — Micael quis saber.

— Parece que sim! Ela fez um programa com o Luiz e depois ficou entrando na cabeça da Vera. Deve ter rolado muito dinheiro pra ela vender aquela espelunca.

— Então pera aí, agora você está na rua? — Sophia se intrometeu na conversa.

— E você tá fazendo programa? — Marcelo olhou a garota de cima à baixo.

— Isso é outra história. — Micael interviu, colocou as mãos no ombro do amigo, o tirando dali.

— Iiiih, qual foi Borges? Virou cafetão? — Os dois andaram até a varanda.

— Você sabe que eu não gosto disso. Eu sou sincero!

— E o que a menina tá fazendo aqui com você? — Marcelo observou os prédios enormes e a vista incrível que Micael tinha. — Pelo visto tem grana dela rolando nesse apartamento.

— Marcelo, eu sei que você é meu amigo mas não precisa se meter tanto na minha vida.

— Eu só tô te dando um toque, Micael. — Encarou o amigo. — O Luiz tá de segredinho com essa doida aí, a Vera também. Outro dia os três entraram no quartinho pra falar o teu nome umas seis vezes! — Contou. — Não deixa mais o Luiz vir aqui.

— O Luiz é meu amigo, cara! — Micael franziu o cenho. — Ele jamais me passaria a perna.

— Você quer pagar pra ver?

— Eu não quero nada, Marcelo. Eu tô na minha! No meu apartamento, com a Sophia e trabalhando. — Rolou os olhos. — Agora você eu já não sei, né? E nem adianta me olhar com essa cara, esse lugar já tem gente demais. — Micael já sabia o que viria à seguir.

— Obrigado por você ser um amigo tão honesto. — Marcelo foi irônico. — Mas eu tô indo embora! Eu guardei uma grana extra e vou tentar sair dessa vida.

— Pera aí, você vai embora? Tipo... Sair de São Paulo?

— Sim. Eu não quero mais viver nessa vida, Micael! Vida vazia, de lixo. — Suspirou. — Eu não quero mais.

— É, você tem um pouco de razão. — Micael ficou cabisbaixo. — Já que você vai embora, quer passar a noite aqui? — Sorriu amarelo ao amigo que soltou um riso, dando um abraço em Micael.

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