Capítulo 2

398 27 4
                                    


Dois anos depois.

— Quatrocentos, quinhentos, seiscentos, setecentos... MILÃO!

Micael vibrou junto com os amigos. Vera havia feito uma noite de "Clube das Mulheres".
Strip, dinheiro e muito sexo! Essa noite era o dia mais acessível para Micael fazer muito dinheiro.

— Caralho, é muita grana! — Luiz cheirou o dinheiro. — Quanto deu aí pra tu, Marcelo?

— Te interessa? — O amigo não estava tão animado. — Vou mandar pra minha filha, pra pagar a faculdade dela.

Micael perdeu o sorriso com isso, juntando seu dinheiro que já tinha lugar reservado: o cofre para a quitação da sua dívida. Ia saindo de fininho quando Vera chegou, com um copo de uísque nas mãos.

— Estão felizes, né? — Viu a feição de todos. — Próximo dia seis é pagamento da casa!

— Porra Vera, de novo isso? — Luiz se exaltou. — A gente já dá cinquenta conto pra tu, e agora você vem com essa de dinheiro da casa?

— Meu querido, é você quem lava as tuas cuecas com gozo seco? Você sabe quem é que lava? — Bateu de frente com Luiz. — Inclusive os quartos estão um nojo! É camisinha no chão, cheiro de boceta pra todo o lado... Qual é? — Abriu os braços.

— Meu trabalho é comer e não limpar cheiro de sexo, Vera. — Micael fez uma careta, todos zoaram Vera, que se irritou.

— Tá saidinho, hein Borges! — Viu o mesmo sair de perto, subindo as escadas. — Pra eu te expulsar é cinco segundos!

— Você sempre fala isso mas nunca expulsa, por que será? — Tirou sarro enquanto subia às escadas.

— Porque o Borges é o mais gostoso da casa, mete forte e tem pirocão. — Luiz riu junto com os outros, Vera mostrou o dedo do meio.

— Vão se foder, seus lixos! — A mulher grunhiu, saindo da rodinha.

Micael retirou a máscara que estava em seu rosto, junto com a pequena gravata borboleta. Ajeitou a cueca agarrada que estava o pegando, enquanto entrava no dormitório conjunto. Guardou seu dinheiro no cofre, colocando a senha e escondendo, como sempre fazia.

Ele iria demorar para chegar na quantia de um milhão, mas pelo menos estava tentando. Com dois anos, conseguiu juntar um dinheiro legal.

— Me ajuda aí, meu Deus. — Disse sozinho, olhando para a janela. — Me ajuda aí! — Juntou as mãos, com esperança.

Já do outro lado da cidade, em um bairro nobre. Quatro amigas que eram filhas de empresários brincavam em suas casas, ou melhor, aprontavam em suas casas.
Certamente na casa de Sophia Abrahão, filha de Alex Abrahão, um dos melhores engenheiros de São Paulo.

Costumavam ficar na casa de Sophia, depois das aulas, aprontando com garotos do colégio, marcando encontros, fumando maconha e até mesmo roubando dinheiro dos pais. A geração estava perdida!

— Amiga, seu aniversário está chegando! — Mariana, uma das amigas vibrou. Empurrou o braço de Sophia, que chiou com o movimento.

— E? — Sophia não ligava muito. Era a mais quieta do quarteto.

— E que não é todo dia que se faz dezoito anos, sua burra. — Bella complementou, revirando os olhos.

— Eu pensei em uma surpresa maravilhosa para você, amiga! — Mariana abraçou Sophia de lado. — Como nós sabemos, você já tem dezoito anos e nunca viu um pau na vida.

— Ai meu Deus, de novo isso Mari? — Sophia não gostou. Levantou-se da cama. — Por que vocês não cuidam da vida de vocês, hein?

— Porque adoramos cuidar da sua, amiga. — Mariana tentou abraçá-la de novo. — Enfim, a gente se juntou pra te dar um vale-night de virgem naquele puteiro da Augusta.

— Jura? — Sophia olhou com deboche. — Você sabe que eu não vou.

— Porra Sophia, por que? Vai ser maneiro! — Mariana tentou convencer. — Tem uns caras gostosos que trabalham lá, fazem strip e fim.

— Mari, qual é a parte que eu não quero perder a minha virgindade com um desconhecido que você não entendeu? — Sophia deixou óbvio, se irritando. — Não tem outro presente legal que você possa me dar?

— A gente quer te ajudar, amiga. — Alice complementou. — Já está na hora de você arranjar alguém, ver pinto, transar...

— Meu Deus, que chatas! — Sophia tapou os ouvidos. — Podem gastar horrores nesse puteiro, eu não vou!

— E se a gente fazer um pacto? — Mariana ficou de pé em cima da cama, com uma cara de sapeca.

Sophia cruzou os braços e revirou os olhos.

— Você aceita o nosso presente de agrado e então, deixamos você de lado. Nunca mais tocamos na palavra sexo! — Mariana cerrou os olhos, tendo a áurea leve ao dizer.

— Um desafio! — Sophia gostou da brincadeira, entrando no clima. — Eu vou ao puteiro se você jogar a sua sex-tape com o André na internet.

Alice e Bella soltaram vozes de espanto, Sophia tinha um sorriso maléfico no rosto, vendo a amiga ficar sem palavras.

— Isso é jogo baixo! — Mariana rebateu.

— Não é. — Segurou o riso. — Ou é isso, ou, nada feito.

— Beleza, você venceu. — Mariana aceitou. — Só irei jogar a sex-tape se você transar com algum dos caras de lá.

— Tudo bem. — Sophia pareceu não ter mais timidez. — Eu faço isso por uma sex-tape sua. — Saiu andando.

— Você me paga, Sophia Abrahão. — Mariana torceu o nariz. — Preciso fumar, bola um pra mim? — Pediu para Alice que assentiu, vasculhando seu bolso.

Sophia saiu do closet com uma caixa mas logo paralisou, ao escutarem barulhos vindo de fora.

— Não acende aqui, meu pai deve ter chegado. — Disse à Alice que estava imóvel. — Já volto! — Saiu do quarto, fazendo uma ronda rápida pela casa enorme.

Desceu as escadas vendo a empregada conversando com o próprio, não sabia que seu pai chegaria mais cedo. Colocou as mãos no rosto, como se tivesse arrependida de ter levado as meninas para lá.

— Pode colocar tudo aqui, depois eu vejo no que fazer. — Alex subiu o olhar para à escada. — Oi, filha!

— Oi, pai! — Sophia disfarçou. — Não sabia que você vinha almoçar em casa.

— Vim buscar uma planta. — Avisou. — Suas amigas estão aqui?

— Ah, sim. — Sophia ficou sem graça. — Mas já devem estar indo embora.

— Sua mãe deve chegar mais tarde, ela disse que ia ter reunião, não prestei a atenção direito. — Alex deu de ombros. — Não faça nada de errado e juízo! — Sophia assentiu, vendo o pai deixar o local que estava, indo para outro.

Subiu as escadas de novo, fechando à porta. As meninas riam entre si mas sem o uso de maconha, como pedido por Sophia, já que Alex estava em casa.

— Quando vai ser essa palhaçada? — Sophia perguntou, referindo ao seu presente.

— Daqui à uma semana! — Mariana juntou as mãos. — Não vejo a hora do dia do seu aniversário chegar.

Sophia não podia dizer o mesmo.

LU$H Where stories live. Discover now