Epílogo

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Paramos, apenas observando enquanto os orcs corriam para a floresta de Fangorn. Não precisamos segui-los. Pois assim que adentraram as árvores, elas começaram a se mexer. O único sinal que tínhamos de que o exército de Saruman tinha sido completamente dizimado, eram os guinchos das criaturas sendo atacadas pelas árvores.

Os Ents tinham acordado.

Voltamos para a fortaleza. Os homens comemoravam, enquanto outros começavam a recolher os corpos. Fiz questão de encontrar o corpo de Haldir pessoalmente.

Ele estava lá, da mesma forma que eu o tinha deixado. Seus olhos encaravam o vazio, tendo a luz os deixado completamente.

Me ajoelhei ao lado dele, uma de minhas mãos apoiando sua cabeça. 

Você estava certo. E me deu a motivação para que eu continuasse a lutar. Nunca me esquecerei do que fez por mim. E, se no fim de tudo isso eu escapar, também será graças a você. Sinto que estou mais perto de descobrir qual caminho devo seguir.

Delicadamente, fechei os olhos do elfo, e beijei sua testa. Fechei meus olhos, proferindo uma oração silenciosa por ele.

Não precisei pensar muito para saber o que deveria fazer com seu corpo. Não seria justo enterrá-lo aqui, junto aos outros combatentes. Ele não era um homem de Rohan, e seu corpo não deveria repousar no Abismo de Helm, fortaleza dos Rohirrim.

Ele voltaria para Lothlórien, para que fosse enterrado em sua terra natal. Me reconfortava de certa forma, saber que ele repousaria para sempre naquela bela floresta. 

Entreguei-o para um grupo de elfos que partiam de volta para Lórien, antes de ir procurar os outros. Tínhamos uma vitória para comemorar.

...

Legolas e Gimli estavam no campo de batalha. Gimli estava sentado sobre um dos corpos dos orcs, fumando um cachimbo, enquanto Legolas examinava seu arco com um olhar de superioridade. Fui me juntar à eles.

- Contagem final: quarenta e dois - o elfo anunciou.

- Quarenta e dois? - Gimli repetiu, parecendo levemente surpreso - Nada mal para um principezinho elfo orelhudo! Eu estou sentado no número quarenta e três! - ele disse por fim.

Eu sorri, esperando para ver qual seria a reação de Legolas ao saber que tinha perdido.

Mas ele não disse nada. Apenas pegou uma flecha, levantou seu arco, e atirou no orc no qual Gimli estava sentado.

- Quarenta e três! - ele anunciou, orgulhoso.

- Ele já estava morto! - Gimli reclamou, mas Legolas apenas deu de ombros.

- Estava se mexendo - ele retrucou.

- Estava se mexendo, porque meu machado estava no sistema nervoso dele! - Gimli exclamou, agarrando o cabo do machado enterrado na cabeça do orc. E realmente, quando ele puxou a arma, o orc se mexeu ligeiramente.

Eu ri, colocando uma mão no ombro de Legolas.

- Não seja um mau perdedor - eu disse, divertida - Gimli te superou dessa vez.

O elfo se virou para mim, com um olhar de incredulidade estampado no rosto.

- Como assim, você está defendendo ele? Como minha namorada, é sua obrigação ficar do meu lado! - ele reclamou, fazendo com que eu risse ainda mais.

- Vai ter que me desculpar, meu amor - eu disse, vendo o olhar de chateação fingida dele - Mas essa foi realmente uma tentativa esfarrapada de roubar.

Eu o beijei rapidamente na bochecha, enquanto Gimli gargalhava, feliz por eu ter afirmado a sua vitória.

- Ah é? - Legolas perguntou - E quantos você matou?

- Ah, eu? - dei de ombros, com um sorriso de falsa modéstia - cinquenta e dois. 

Fiz uma reverência desajeitada, enquanto os dois me olhavam de forma incrédula.

- Mais sorte na próxima, cavalheiros!

...

Estávamos montados em nossos cavalos, observando a vista de Mordor, à distância. Eu, Gandalf, Aragorn, Legolas, Gimli, Théoden e Éomer.

A luz do fogo piscava à distância, como trovões em meio à terra sombria de Sauron.

- A ira de Sauron será terrível, e sua resposta será ligeira. - Gandalf disse - A batalha pelo Abismo de Helm já acabou. A batalha pela Terra Média está para começar. Nossas esperanças agora dependem de dois pequenos hobbits, em algum lugar na floresta.

Eu deixei meus pensamentos vagarem. As palavras de Gandalf significavam muito mais para mim. O êxito de Frodo representaria o destino de toda a Terra Média, e também o meu. Eu sabia que a força do anel, e o destino que eu auto intitulara como minha maldição, tentariam fazer com que eu sucumbisse em meu próprio desespero.

O que me restava a fazer, era lutar. Torcer para que eu fosse forte o suficiente para resistir. E acima de tudo, torcer para que Frodo obtivesse sucesso. A perspectiva não me assustava. No fundo, a confiança que eu tinha em Frodo falava mais alto. 

Narya queimava em minha mão, como em um aviso silencioso. Um aviso de tudo que estava em jogo. Desejei naquele momento que eu não estivesse errada sobre as palavras que dissera a Frodo em Valfenda, uma lembrança que parecia tão distante.

Porque minha vida dependia disso.

...

O Retorno do Anel #2Where stories live. Discover now