O Início da Batalha

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Estávamos em nossos postos. Os elfos também já tinham se posicionado, e apenas olhávamos o horizonte, observando a massa escura que se aproximava de nós em velocidade acelerada. Como sempre antes de uma batalha, aquela velha sensação de antecipação começava a tomar conta de mim, fazendo com que eu ansiasse por poder me mexer. A ansiedade era sufocante.

Eles com certeza eram muitos. E apesar de os elfos terem acrescentado muito ao nosso exército, eu ainda não estava certa de que poderíamos vencer essa batalha. Eu estava na muralha, junto a todos os arqueiros. Aragorn nos comandava, e Legolas estava ao meu lado, e Gimli do lado dele.

Um trovão soou, fazendo com que meu coração batesse ainda mais rápido. Eu vi a luz iluminar o rosto de Legolas, que continuava encarando o exército. Ele pegou minha mão, e eu a apertei, em um gesto de conforto. Mesmo em uma situação dessas, o toque dele ainda era capaz de me acalmar.

- Seus amigos estão com você, Aragorn. - Legolas disse, sem desviar o olhar do exército.

- E esperemos que sobrevivam à noite. - Gimli completou, e pela primeira vez, não notei um pingo de sarcasmo em sua fala.

Uma chuva fina começou a cair. Mesmo assim, continuamos em silêncio, enquanto o exército se aproximava cada vez mais. Já era possível ouvir o barulho de seus passos, uma marcha perfeitamente ritmada. Centenas de lanças erguidas e tochas brilhantes permeavam o chão a nossa frente.

A Eruchîn, ú-dano i faelas a hyn an uben tanatha le faelas! (Não lhes mostrem piedade, pois não receberão nenhuma!) - A voz de Aragorn cortou o silêncio.

Um dos orcs subiu em uma pedra, elevada no solo. Ele soltava grunhidos, como se gritasse ordens para o exército. Quando o orc gritou uma última vez, todos eles pararam a frente da muralha, em silêncio.

- O que está havendo lá? - Gimli perguntou enquanto dava pulinhos, tentando ver acima da beirada.

Legolas riu.

- Quer que descreva para você? Ou será que quer que encontre uma caixa? - Ele disse, olhando para o anão com um sorriso. Gimli riu, e eu não pude deixar de acompanhar.

- Não se preocupe Gimli. Logo estaremos lá, e você poderá ver tudo. - Eu disse, tirando outro sorriso do anão.

O comandante dos orcs gritou de novo, fazendo com que todos começassem a bater suas lanças no chão ao mesmo tempo. Aragorn desembainhou sua espada, e à esse sinal, todos os arqueiros desembainharam seus arcos, apontando flechas diretamente para o exército. Eu, com um último aperto na mão de Legolas, peguei meu arco e tirei uma flecha da aljava, aguardando a ordem de Aragorn.

Uma flecha cortou o ar, vindo do arco de um homem. A flecha atingiu um dos orcs na linha da frente, derrubando-o instantaneamente. Imediatamente todos ficaram em silêncio.

- Dartho! (Esperem!) - Aragorn anunciou.

E então os orcs, recuperados do choque inicial, ouviram o comando de seu líder, e começaram a correr em direção à muralha. Vi Théoden ao longe dando uma ordem ao homem ao seu lado, que gritou para que nos preparássemos. Apontei minha flecha para um ponto específico, aguardando a ordem de Aragorn para atirar.

Faeg i-varv dîn na lanc a nu ranc. (A armadura deles é fraca no pescoço, e sob os braços) - Legolas disse ao meu lado. Eu assenti uma vez em resposta.

Leithio i philinn! (Fogo!) - Aragorn ordenou.

Eu imediatamente escolhi um alvo, mirando no pescoço como Legolas havia falado. Imediatamente soltei a corda do arco, ao mesmo tempo em que milhares de flechas voavam pelo ar, atingindo os orcs abaixo de nós. Minha flecha se perdeu em meio às outras, mas pude ver o orc que eu tinha escolhido cair, o que provavelmente significava que eu tinha acertado.

- Atingiram alguma coisa? - Gimli perguntou, animado, mas não havia tempo para falar agora.

Ouvi um comandante ao longe gritar "Atirar!", ao que Aragorn repetiu o comando no local onde estávamos.

- Atirar! Agora! - Ele ordenou, e imediatamente mandamos uma saraivada de flechas maior ainda para o outro lado, pois agora os arqueiros que se encontravam do lado de dentro da muralha também atiravam por cima de nós.

- Mande-os para mim, vamos! - Gimli berrava, animado, enquanto continuávamos atirando.

Foi quando alguns orcs se aproximaram da linha da frente, erguendo bestas. A primeira flecha que chegou até nós atingiu um elfo a alguns metros de mim, fazendo com que ele caísse da muralha com um grito. As próximas flechas derrubaram mais alguns de nós, fazendo com que alguns caíssem para o lado de dentro da muralha, e outros direto para os orcs.

Pendraid! (Escadas!) - A voz de Aragorn se vez ouvir de novo, nos alertando, e fazendo com que Gimli sorrisse, gritando "Ótimo!".

Ao alerta de Aragorn, nos voltamos novamente para o exército. Os orcs agora traziam escadas de mão para perto da muralha, posicionando-as sobre o muro, e iniciando a subida até onde estávamos. Gimli erguia seu machado animadamente, enquanto Aragorn gritava para que pegássemos nossas espadas.

Imediatamente desembainhei minha espada, colocando o arco em meus ombros. Enquanto isso, os primeiros orcs já terminavam a subida, atravessando a muralha. Gimli se lançou à batalha animadamente.

Me aproximei mais da beirada, e cortei a cabeça de um orc que terminava sua escalada, mandando seu corpo de volta para baixo. Eu ouvia os sons da batalha a minha volta, os gritos de dor e os grunhidos de orcs, mas eles já não importavam mais. A batalha agora tinha começado, e meu foco era total. 

Continuei atacando os orcs que já tinham conseguido subir, mandando-os de volta para baixo. Ataquei a armadura de um orc ao mesmo tempo que outro chegava por trás de mim. Sentindo a presença, me virei bem a tempo para bloquear sua espada, e mandá-lo de volta ao chão. No caminho, ele derrubou mais dois que tentavam subir a escada a minha frente.

- Legolas, já foram dois! - Ouvi a voz de Gimli se destacando em meio a batalha, parecendo mais animado que nunca.

- Já estou em dezessete! - O elfo gritou de volta, com um sorriso no rosto. Os dois pareciam estar tendo o melhor momento de suas vidas, apesar de estarmos no meio de uma batalha.

- Nenhum orelhudo vai me deixar para trás! - Gimli gritou, acertando um orc ao seu lado com o machado. 

Eu vi outro orc se aproximando dele, que o anão parecia não ter notado. Imediatamente corri até ele, e o acertei com um golpe certeiro, o som fazendo com que Gimli se virasse apressado.

- Se fosse orelhudo como nós teria escutado esse se aproximando. - Eu disse com uma risada, fazendo com que Gimli risse também.

- Se prepare para ter que consolar seu namorado, quando eu matar o dobro de orcs que ele. - Gimli disse, antes de voltar para a luta.

Com um último sorriso, eu voltei meu olhar para a luta. Aquela seria uma longa noite.


O Retorno do Anel #2Where stories live. Discover now