Os Primogênitos ✅

Três (Maxuel)

Era pra eu estar na empresa, mas recebi uma imagem da última pintura da minha esposa. Era um quadro meu nu, eu tinha pousado para ela a alguns dias e Lucinda ficou de dar os últimos retoques, não me deixou ver.

Ver um quadro meu nu não foi o suficiente para eu largar uma reunião dizendo que tinha uma emergência em casa, mas a mensagem que veio junto com a foto, sim.

"Pintar você me deixou excitada, é errada eu estar pegando fogo com uma pintura sua?"

Lucinda tinha mudado tanto, sempre para melhor. Eu até gostava do seu jeitinho inocente de quando nos conhecemos, de como eu precisei ensinar a ela cada coisa, até mesmo usar um celular. De como ela corava só por me ter por perto. Agora ela só corava quando estava por baixo ou por cima de mim.

Ela era a mulher perfeita, em todos os sentidos, tinha passado por tanta coisa e mesmo assim nada a fez deixar de viver a vida plenamente, nada a fez permitir que terceiros cuidassem dos nossos filhos. Ela queria estar sempre presente em tudo, e foi quando descobriu que tinha amor por pintura. Começou com uma pintura de Angelina na piscina e agora galerias brigam por seus trabalhos, para ter um quatro de Lucinda Caltton em suas paredes artísticas.

Ela fez o nome dela, não subiu por cima do meu e alcançou seu lugar por isso, ela subiu por ela mesma, colocou meu sobrenome de lado e começou com quadros assinados por pseudônimos até receber ligações de pessoas importantes querendo sua arte em suas casas, empresas, para presentear e etc.

Se hoje o mundo a conhece, não foi por causa de mim. Não foi por causa do meu sobrenome, e isso me fez ainda mais feliz. Porque ver a minha esposa feliz e meus filhos felizes é tudo que eu poderia pedir a Deus. Eles tinham me ensinado tanto, quando eu pensei que já sabia de tudo. Eram tantas formas de amor que meu coração transbordava, a felicidade morava ali, com a gente.

Cheguei em casa dispensando todos os funcionários às pressas, Raira já tinha se aposentado e agora sua irmã mais nova estava em seu lugar. Mas Raira veio morar com a gente e não conseguia ficar parada, então ela estava pra todo lado mesmo depois de aposentada. Pelo menos conseguia viajar e aproveitar o pouco que sua idade deixava. Até eu já me sentia velho de mais, principalmente por ter que lidar com 3 adolescentes, e não era fácil, não era nada fácil.

Eliel e Angelina estavam com 15 anos, Eliel em uma fase reclusa e Angelina em uma fase que queria dormir na casa de amigas e fazer festa do pijama todos os dias. Também era viciada em redes sociais e gostava de se expor, o que me deixava com mais cabelos brancos do que dava pra contar.

E bom, tínhamos a nossa adolescente mais velha e adorável, que pensa que tem idade para namorar por achar estar apaixonada pelo melhor amigo com 17 anos de idade, quando mal sabe o significado de amor e de viver uma vida juntos. Não acho que esteja desmerecendo os sentimentos dela, mas acho que está muito nova para pensar nessas coisas, nem terminou os estudos e já quer aparecer grávida?