Morte (Vicente)

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VICENTE

Estava animado que Jessica estava caindo na minha conversa e começou a soltar algumas informações, ela realmente sabia mais do que contou a polícia!

Nesse momento meu celular toca e vi que era Jean, fiquei em dúvida se atendia ou não mas podia ser alguma informação importante.

- Se importa se eu atender? É meu sócio.

- Fica a vontade, sei que o trabalho é importante para você.

- Oi Jean - digo atendendo o celular.

- Pegaram a Mel, Vicente - ele gritou no telefone.

- Como assim pegaram a Mel? Quem?

Ele explicou o que aconteceu e que estava seguindo o carro que a estava levando.

Desliguei e olhei para a Jessica, ela me encarava esperando uma explicação. Decidi que aquela era a minha cartada final.

- Jess, querida - segurei suas mão entre as minhas - parece que a minha irmã me seguiu e um homem a pegou aqui na sua porta e está levando a Melissa para algum lugar, você conhece esse homem?

Mostro a foto que Jean me mandou e percebo que Jessica ficou nervosa.

- N... Não, não sei quem é - ela gaguejou para responder e percebi que precisava ser preciso na minha abordagem.

- Querida, eu não me importo com a Emily mas a minha irmã é muito importante, entende? - ela balança a cabeça concordando - a gente só vai poder ir para nossa vida perfeita se ela estiver bem, não vou conseguir me perdoar se algo acontecer a Melissa porque vim aqui me declarar para você.

- Talvez eu saiba para onde ele foi!

- Você pode me ajudar a trazer minha irmãzinha de volta? Eu serei eternamente grato a você, meu amor! - para soar convincente eu toquei os lábios dela com os meus de leve.

Jessica abriu um sorriso, pegou uma arma em sua bolsa me puxando pela mão.

- Vamos, temos que salvar minha cunhada! - entramos no meu carro e ela me passou um endereço, não é longe mas estava em uma região industrial meio abandonada.

Sentia meu coração batendo a mil, acreditava que Emily também estava nesse local e que tudo isso teria fim. Vez ou outra olhava para a arma na mão de Jessica torcendo para ela não perceber que foi enganada.

Quando chegamos próximo ao prédio, que parecia abandonado, vi Jean e meu pai no local, pela primeira vez senti um medo real por ter tantas pessoas queridas envolvidas nessa loucura!

Eles disseram que o homem acabou de entrar no prédio com Melissa ainda desacordada, que a polícia estava a caminho e pediu para esperarem.

Eu olhei para Jean e sem precisar dizer nada entendi que ele também não queria esperar nem mais um segundo.

Me arrastei pela parede do prédio subindo as escadas tentando ser o mais silencioso possível, os andares eram abertos o que facilitava ver que não havia ninguém, continuamos subindo até que ouvimos vozes. Conseguimos no esconder sem chamar atenção, vejo-os descendo as escadas e reconheço Josh entre os 3 homens que passaram.

Quando estávamos prontos para voltar a subir começou um tiroteio, acredito que entre a polícia e o grupo de Josh, seguimos pelas escadas cada vez mais rápido até chegar no último andar onde havia uma grande porta metálica. Abri a porta sem pensar duas vezes e me deparei com Melissa e Emily deitadas no chão, Emily me viu com seus olhos assustados e percebi que estava machucada.

Senti o ódio borbulhar em minhas veias e tudo que queria era matar o desgraçado que fez isso com ela e ao mesmo tempo abraçar e beijar minha mulher, garantindo que ficaria tudo bem!

Mas não podia esquecer que Jessica estava armada e seguia atrás de nós. Entreguei Melissa para Jean e tentei pensar rápido em uma saída para Emily, mas, infelizmente, não rápido o suficiente. Jessica já estava entre a gente e eu precisava manter meu teatro até conseguir desarma-la, rezei para que Emily entendesse o que estava fazendo mas a cada reação dela às minhas palavras era como um corte profundo no meu coração.

Estava concentrado em convencer minha ex secretária a entregar a arma quando ouvi um estrondo atrás de nós e vi o exato momento em que ela, no susto, apertou o gatilho. Sem pensar duas vezes cobri o corpo de Emily com o meu, sentindo uma dor forte na lateral do meu abdômen. A partir daí todos os barulhos se misturavam e eu não entendia mais o que estava acontecendo.

Será que eu morri? Era um pensamento que vinha recorrentemente em minha mente, tentava abrir os olhos ou pedir ajuda mas era como se estivesse paralisado.

Por muitas vezes pensei ter ouvido meus pais, minha irmã e meus amigos...

Será que Emily está bem? Esse também era um pensamento frequente.

Oscilava entre momentos de inconsciência e algumas visões, nada parecia ter muito sentido. Como um sonho que não conseguia acordar.

Até que em um desses momentos de semi consciência vejo uma luz forte, de longe vejo uma mulher, não consigo ver seu rosto, mas parece que a luz que vejo sai dela. Também vejo uma criança, um bebê de cabelos escuros que lembra muito a mim mesmo na infância.

Nesse momento eu escuto a voz de Emily, todo esse tempo é a primeira vez que ela aparece pra mim nesses sonhos. Sinto minha respiração acelerada, ela parece triste. Tento mostrar que estou aqui, que vai ficar tudo bem.

A voz dela vai ficando cada vez mais distante, a mulher e a criança também se afastam um pouco e a escuridão de sempre vai voltando. Não quero isso, quero ficar com a minha Emily.

De repente muito barulho, várias vozes que não consigo identificar e volto para a inconsciência novamente. Agora tenho certeza que morri!

Será que aconteceu algo realmente grave com o Vicente?

O Irmão da Minha Melhor Amiga Onde histórias criam vida. Descubra agora