011. familiares

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— Então é um encontro? — Pope pergunta a Sarah, logo atrás de mim.

O grupo de chat dos Pogues ficou muito movimentado durante o resto das aulas do dia, debatendo sobre cenários imaginários, possibilidades e possíveis locais que iríamos. Na cabeça deles, eles estavam crentes de que aquilo era um encontro. Um seminário escolar = encontro.

Agora que as aulas finalmente acabaram, os 3 estão reunidos próximos ao estacionamento, onde JJ combinou que estaria, debatendo, mas agora ao vivo.

— Não é um encontro, seus imbecis. É um trabalho escolar. — eu digo pela centésima vez.

—Um trabalho igual Brad Pitt disse para a Jennifer Aniston que era só um filme quando fez Mr. and Mrs. Smith com a Jolie, bobinha. — Sarah rebate.

Jesus, eles não descansam nunca.

— Vocês viram o jeito que ele defendeu ela quando todo mundo ficou olhando eles? — ela continua.

— Defendeu? Por favor, ele só ficou constrangido por ter admitido que precisa de nota em Biologia. — eu falo, mas não sei porque ainda tento.

Os três reviraram os olhos para mim, como se eu tivesse esmagado o maior sonho deles com a palma das minhas mãos.

— Porque a gente ainda fala com ela mesmo? — Pope ironiza.

O segundo sinal toca. JJ acabou de ser liberado.

— Essa é nossa deixa. — John B diz.

— Devemos esperar JJ chegar e dar conselhos sobre camisinha e consentimento? — Pope pergunta e eu reviro meus olhos tão forte que por um segundo jurei que vi as entranhas do meu cérebro.

— Pelo amor de Deus... — murmuro.

— Não, não. Ele já sobreviveu esse tempo todo sem nenhum conselho nosso. — John B responde. — Deixem os pombinhos sozinhos. Vamos no bar mais próximo?

Os outros dois respondem um "sim" em uníssono.

— Ouvi bar?

A cabeleira dourada acaba de cruzar o corredor e cumprimenta os amigos com um sorriso. John B passa o braço ao redor do pescoço de seu melhor amigo.

— Não para você. — o moreno diz.

— O dever me chama. — o loiro responde, se desvencilhando do abraço e vindo até minha direção.

Ele levanta a mão em um punho, tentando fazer o cumprimento do soquinho e eu o retribuo. Nenhum insulto. Jesus, isso é estranho.

— Quando terminarem, sintam-se livres para passar lá no Heyward pra tomar uma. — Pope diz antes de dar as costas e JJ ergue os dois dedos para se despedir dele.

Os outros Pogues vão embora enquanto eu e JJ apenas os olhamos irem até a porta de saída em silencio. Sinto minha mão encharcada de suor e meu corpo inteiramente quente.

Meus amigos viram o corredor e saem do meu campo de visão, me deixando completamente sozinha com o loiro.

— Podemos ir? — ele pergunta depois de se virar para mim.

— Hum... claro. Claro. — repito. Minha voz sai mais esganiçada do que eu planejava.

Ele vai até a porta do estacionamento do colégio e eu o sigo. Massageio minha garganta com os dedos na esperança de que minha voz voltasse ao normal, mas não ouso murmurar um A sequer naquele ambiente bizarro.

JJ usa uma regata super cavada, bermudas pretas e as botas de couro. O cabelo loiro foi recém-cortado e agora que eu o encaro de costas percebo mais uma vez a estrutura fantástica desse garoto aos 17 anos de idade. Os músculos torneados e definidos, movendo embaixo da pele nitidamente a cada movimento que ele dá, o brilho dourado pelas horas na praia. Injustamente lindo.

JJ e Kiara - Onde o Amor ComeçaWhere stories live. Discover now