005. lua

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— Kie? Caralho, eu te procurei por todos os lugares.

Sarah é quem me sauda assim que eu entro no casarão. O cabelo bagunçado, as sobrancelhas levemente caídas e a boca seca atestam o que ela diz.

— Eu só precisava tomar um ar. — digo, um sorriso o mais reconfortante possível.

— Foi o JJ? — ela pergunta.

Eu rio.

— Não, não. Embora ele já esteja tendo bastante diversão sem mim.

Eu conto para ela o que vi, excluindo as partes da minha crise de pânico. Ela revira os olhos quando escuta minha descrição da garota.

— Então também é por isso que Suzie sumiu da mesa dos convidados.

Depois de rodarmos a festa inteira a procura de John B e Pope, nós quatro nos reunimos numa mesa especial que, segundo a própria Sarah, era de lei ter em todas as festas que os P4L estavam, e que agora ela tinha mais uma cadeira. Esperamos a comida chegar e Pope começa a falar.

— Eu só espero que JJ não tenha sumido com uma garrafa de vinho. — ele diz.

— Bom, se ela voltar inteira é melhor ainda. — responde John B.

— Pelo menos que não seja uma de vodka. — a loira ao meu lado finge rezar.

— Definitivamente não é uma garrafa de vergonha na cara. — eu falo.

— Dessas ele não toma nem uma dose. — Pope ri.

Nós todos gargalhamos. Continuamos conversando, comendo e rindo até que os três pararam para saudar Maybank, que chegou, graças a Deus, sóbrio.

— Qual foi, gente? Já estão me trocando? — o loiro faz uma cara triste. Ele puxa a cadeira para se sentar e coloca os cotovelos sobre a mesa para pegar um brioche de geleia, o movimento demarcando os músculos sobre a manga longa branca.

— Eu diria que é uma troca justa. — comento, seca, sem olhar para ele. É quase involuntário. A presença dele atiça meus hormônios.

— Ah, morena. — ele me encara. — Está brava? Gata desse jeito? Para, né.

— Você não pode parar de me chamar de morena? Eu tenho um nome.

— Ué, seu cabelo é preto. E eu duvido que mais alguém te chame de morena. É um lance meu, sabe? Nosso. — o loiro dá um sorriso de canto, a bochecha avantajada pelo brioche que ele acabara de pôr na boca. Me questiono quanto a sua sobriedade.

Eu seguro uma risada.

— Não é um lance nosso, Maybank, — me recosto na cadeira, apoiando um braço no encosto e cruzando as pernas — porque tenho certeza que você deve chamar qualquer uma de morena também.

— Quando o assunto sou eu, você nunca pode ter certeza de nada. — é a única coisa que ele diz.

𓆉

— A foto do JJ noite passada bombou — Sarah sorri enquanto mergulha sua batata no ketchup e rola pelo feed do Instagram.

— Modéstia a parte, garotas, precisei desativar as notificações pra não travar meu celular — o loiro comenta, logo após roubar a batata da mão de Sarah e a enfiar toda na boca.

Eu e JJ aprendemos a ignorar a existência um do outro quando estivéssemos como Pogues, para manter a harmonia do grupo. John B e Pope convenceram JJ a dar uma acalmada nos nervos porque a Sarah ameaçou levar todos nós numa terapia em grupo, e, pelo visto, eu e JJ temos pavor a psicólogas. Mas isso não significa que eu precise morder minha língua quando uma boa tirada venha a calhar.

JJ e Kiara - Onde o Amor ComeçaWhere stories live. Discover now