19 - Para sempre é muito tempo

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Polus is back, back again!

Aviso: Esse capítulo pode fazer menção à crises de ansiedade, se esse for um tópico extremamente sensível para você, recomendo que não leia.

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JIMIN

Eu acordei, mas ainda me sentia fora de órbita, dormente, anestesiado. Me sentia pesado, e eu sabia exatamente que peso estava carregando.

O peso da culpa.

Não especificamente de uma culpa, mas de várias. Porque é assim que eu venho me sentindo, culpado.

Meu corpo pratica o alongamento no palco do teatro universitário, mas minha mente está à hectares de distância. Olhando para a plateia, ainda vazia, me pego pensando na noite anterior. Faltavam algumas horas para a apresentação, mas eu já podia sentir a adrenalina pura, e a insegurança de não ter quem me proteger dos meus monstros.

- Jimin, desculpa o atraso, tava um engarrafamento danado. - Seokjin disse ao se aproximar de mim, já largando a mochila no canto e tirando os sapatos.

- Hyung, o Jungkook-...

- Jimin, não. Tenho muito carinho por você, mas o Jeon é o meu melhor amigo, então para não acabarmos discutindo, não toque nesse assunto comigo. Vamos focar na apresentação.

Minha garganta deu um nó e meu peito um estalo, mas eu era o único culpado disso tudo.

Eu sempre tive uma vida pacata e de constâncias. Nunca tive que lidar com mudanças ou pessoas entrando e saindo da minha vida, pois eu me acomodei com a permanência de tudo e todos. Tenho os mesmos amigos de sempre, os mesmos sonhos de sempre, os mesmos medos de sempre.

E é por isso que eu sempre estive acostumado com as coisas ficando "para sempre".

Amava os livros de contos de fadas e perdia horas da minha vida jogado em algum parque, debulhando algum livro de príncipes e princesas que sempre acabam num utópico felizes para sempre. Era ali que eu refugiava, que acabava com todas as minhas incertezas e fantasiava com um mundo só meu. No mundo do Jimin, tudo era feliz e para sempre.

Certo dia, uma professora me disse que não existia esse tal para sempre, pois nós estamos apenas de passagem por esse mundo. Na minha cabeça de criança, eu nunca fui capaz de entender isso.

Seokjin e eu repassamos a coreografia nos bastidores algumas outras vezes. O hyung, apesar de estar claramente do lado do amigo, não deixou que o acontecido afetasse o nosso clima e me acalmou muitas vezes, fazendo várias piadas de tio, que de tão sem graça se tornavam hilárias.

A ansiedade parecia tomar conta de todo meu corpo e o fato de ele não estar aqui, amargamente, fazia eu me sentir sem proteção.

O camarim estava uma bagunça, alguns se maquiavam, outros ensaiavam, alguns meditavam e outros choravam. Wheein, a parceira de Tae, era uma dos que choravam. A menina soluçava, tendo Tae em seu encalço, que fazia de tudo para acalma-la.

Jin e eu nos aproximamos.

- O que houve? - O hyung perguntou.

- Amor, eu não sei o que fazer, ela não para de chorar! - Disse Tae, bagunçando os cabelos, que outrora estavam perfeitamente alinhados com gel.

Eu respirei fundo, como se não estivesse tão assustado quanto ela.

- Posso conversar com ela sozinho por um instante? Tae, ensina para o hyung aquela sua técnica maluca de relaxamento muscular, vai. - Eu disse, empurrando meu amigo e o namorado para longe.

Polus | JikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora