Não nego

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KURT

O local estava apinhado de humanos e Kurt estava se sentindo sufocado com tantos cheiros. As fêmeas estavam mais do que perfumadas e ele detestava aquilo.

Eles entraram pela parte VIP do local e claro, lá o corredor era menos ocupado, mas ainda assim, ele e Darius atraiam os olhares por onde passaram.

Kurt vestia um terno negro, elegante, com uma blusa e colete da mesma cor. Já Darius estava com um na cor azul marinho, que tinha um brilho diferente. Não era exatamente brilhoso, mas também não era opaco.

"Claro, ele quer chamar atenção. Como se precisássemos disso!"

Eles dois se sentaram nas cadeiras mais altas, sendo a mais alta delas a de Darius, claro. A garçonete, humana, se aproximou e Kurt percebeu como ela estava excitada, olhando de Darius para ele.

"Ah, sim... vai sonhando."

Darius adorava flertar. Quem via, pensava que ele vivia dormindo com tudo o que era mulher, quando aquilo não era verdade. Ele sorriu para ela, que ficou toda corada.

— Obrigado – ele disse e piscou para ela, com um sorriso de lado. Ela quase deixou a bandeja na mão dela cair, de tão nervosa que ficou.

— É um prazer servir ao senhor e ao seu irmão gêmeo – ela disse e Kurt quase cuspiu a bebida dele.

Alguém a chamou e ela se foi, dando um leve aceno para Darius.

— Você não vale nada — Eu falei, bebendo o restante do conteúdo da minha taça.

— O quê? Eu não vou seduzi-la. Foi apenas um momento de descontração — ele disse e bebeu da taça dele, olhando para a frente — Uma fêmea vai precisar de mais do que um sorriso safado pra me fazer levá-la pra minha cama.

— Com o tempo que você tá sem, tenho até pena da coitada.

— Digo o mesmo sobre você. Sei que não marcou a sua esposa.

— E nem vou — Eu respondi e peguei outra taça.

— Bom, nisso eu não posso fazer nada. É com vocês.

— Pelo menos isso, não é? — Eu respondi, perdendo a paciência.

— Calminha, "irmão gêmeo" — Ele gargalhou — Vamos ficar numa boa.

Nós éramos sim muito parecidos, mas gêmeos? Mulher cega!

Dali de onde estávamos, eu via a festa inteira. Eram muitas pessoas, todas ali para assistir barbaridades. Incrível... Eu achava ridículo, mas... eu esperava nunca mais ter que assistir aquela droga.

Houve espetáculo de dança, o que foi até interessante, eu confesso e, logo depois, chegou a hora de Darius fazer o discurso dele. Ele não era uma homem de muitas palavras amorosas, portanto, ele foi bem sucinto, apenas dando início aos jogos, apresentou os times e o que aconteceria ali.

Arco e flecha seria a primeira atividade. Claro que um humano estaria ali, com uma maçã minúscula na cabeça.

— Você está matando essas pessoas gratuitamente, Darius.

— Eu, não. A pessoa não é obrigada a participar de nada. Elas vão por livre e espontânea vontade. A ganância delas é maior do que tudo e isso é o que me diverte. Eles morrem pela possibilidade de ganhar uma bolada em dinheiro. Patético.

Ele falou de uma maneira descuidada, como se não fosse nada. Ele olhava para a arena com um olhar que eu chamaria de sádico. Mas claro, para ele ter o lobo que tinha, ele só podia ser assim mesmo.

Primeiro, os homens começaram.

— Há premiação diferente para homens e mulheres? – Eu perguntei e ele concordou.

— Achei melhor não misturá-los. Em certas atividades é injusto demais. Não haveria diversão alguma se os homens matassem as fêmeas tão rápido.

Eu nem comentei. Darius tinha esse ódio mortal por humanos e se regozijava em vê-los mortos, mas não sem antes sofrerem muito. Se Gini fosse mesmo a fêmea dele, seria um belo de um castigo. Ela era bruxa, mas ainda humana em essência. E ele odiava bruxas. A briga entre o pai dele e a Rainha delas foi terrível e ela o amaldiçoou. Ele teve uma morte dolorosa.

Claro, como o esperado, muitos morreram. Apenas três homens acertaram o alvo.

— Uma pena... esperava mais deles – Darius disse.

Eram apenas três atividades. Uma hoje à noite, uma de manhã e uma de noite. Simples assim.

Chegou a vez das meninas e eu avistei Gini rapidamente. Os cabelos dela não deixavam dúvidas. Olhei para Darius e percebi que ele engoliu a saliva com dificuldade.

— Tudo bem, aí? — eu perguntei e ele inspirou profundamente.

— Tem uma bruxa, aqui — Ele disse.

Merd@.

— Tem certeza? Eu não estou sentindo nada — Mentira. Eu podia sentir. Talvez não tão bem quanto ele, afinal, ele era o Rei, mas eu sentia.

— Eu sei do que estou falando — Ele disse e segui o olhar dele, que estava grudado em Gini. Ela parecia uma fadinha, fofa. Mas bruxas não eram fofas. Não mesmo. Um lobo se encontrar com uma que estivesse disposta a matá-lo, significava provavelmente um lobo a menos no mundo.

— Aquela garota... tem alguma coisa de errada...

— Darius, deixa disso.

Ele terminou de beber o vinho da taça dele e eu vi ele mostrando os dentes, como se quisesse rosnar baixinho.

Se Gini não era a companheira dele, ela estava ferrada. Eu estava ferrado. Na melhor das hipóteses, ela dava uma surra nele e levava Rosa com ela.

—- Se há uma bruxa, vai deixá-la competir?

— Ela não se atreveria – Ele falou entredentes – Se ela trapacear, eu mesmo arranco a garganta dela!

— Ela parece inofensiva. Ela é pequena e...

— Bruxas não são inofensivas, Kurt! Você sabe disso. E ela ser toda bonitinha não muda isso.

Eu ri.

— Achou ela bonitinha, Darius?

Ele me olhou com raiva e então, sorriu de maneira macabra.

— Ela é linda, eu não nego. Não sou tão hipócrita. Mas isso não muda o que ela é. E se só quero uma desculpa para matá-la.

Ele voltou a olhar para a frente e ficou observando. Quando chegou a vez dela, eu percebi que ele se inclinou mais para a frente. Gini não teve a menor dificuldade. Só a forma como ela segurava o arco era óbvio que ela sabia o que estava fazendo. 

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now