Esperou muito

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ROSAMUND

A voz conhecida daquela que costumava ser um dos meus algozes soou atrás de nós e eu senti um calafrio percorrendo a minha espinha.

— Calma, amor – Eu ouvi de longe a voz de Kurt. Claro, ele estava ali comigo. Ele não deixaria que ninguém me machucasse.

Mas ainda que eu repetisse isso para mim mesma, principalmente pelo fato de ter sido ele a me salvar das garras desses malvados.

O rosto de Carla fica visível para mim e eu tento manter um pouco de dignidade. Não só por mim, mas por Kurt. Me curvar em uma bola e chorar na frente de todos, seria horrível. Eu com certeza já estava sendo um problema só por estar ali.

— Minha nossa, é você mesma! — Carla falou, sorrindo de uma maneira que, quem a conhecia, sabia muito bem que se tratava de deboche velado.

— O que deseja, Senhorita Redley? — Kurt perguntou, num tom levemente ameaçador. Só uma pessoa muito burra ou completamente desatenta, não perceberia. Mas Carla, sendo como é, engoliu em seco, mas não deu o braço a torcer.

— Alfa Kurt! Eu fiquei um pouco confusa por uns segundos. Mas claro, Rosa é a sua protegida — Ela falou, um pouco mais alto do que deveria e conseguiu o que queria, que era atrair a atenção de algumas pessoas para nós — Por sinal, meus parabéns pelo seu noivado.

Ela fez de propósito! Ela sabia que Kurt e eu não estávamos ali como Protegida e Protetor.

— Ah.. isso. Por educação, eu lhe agradeço — Kurt falou entredentes e me puxou para andarmos, mas Carla continuou.

— Rosa, você não vai me dar nem um abraço? Crescemos juntas! — Ela falou de maneira cínica.

— Se não sair da nossa frente, eu arruíno o seu bando, garotinha – Kurt disse, baixinho, mas Carla ouviu. Ele estava sorrindo e eu pude ter um vislumbre do alfa cruel que todos falavam a respeito. Kurt era lindo, tinha um sorriso maravilhoso, mas quando ele queria intimidar...

O sorriso de Carla falhou um pouco e passou a ser um de vergonha, não de atrevimento. Ela deu um passo para o lado e permitiu que nós passássemos por ela. Eu vi o olhar dela em mim, como uma promessa de que ela não deixaria aquilo barato. Porém, o que ela poderia fazer?

Giselle estava parada perto de um grupo, olhando para nós com uma expressão feia nos olhos, mas um sorriso nos lábios.

— Meu amor! — Ela disse, andando até nós dois. Eu senti Kurt tensionar — Estou tão feliz que você chegou — ela olhou para mim e, depois, para ele, como que pedindo uma explicação.

—Ah, você estava falando comigo? — Ele disse, sarcástico. Kurt podia ser muito mal. Eu dei um leve puxão no braço dele — Boa noite, Giselle. Esta é Rosamund. Eu falei dela para você.

— Sim, sim, claro — Ela falou com um sorriso sem graça, super forçado — O que eu não entendo é o que ela faz aqui, na nossa festa de noivado.

— Ela é a pessoa mais importante dessa festa, para mim, Giselle. Não se esqueça disso nunca. Rosamund é a minha fêmea.

— Kurt, eu sou a sua noiva e serei eu a sua fêmea. A Luna do seu bando. Você vai ter que me marcar e ela — Giselle me olhou. Ela era muito bonita, loira, corpo esbelto, alta... mas o olhar dela era de puro nojo para mim — Ela vai ter que ir embora. Uma vez que você me marque, ela se tornará apenas uma lembrança ruim.

— Continue e eu vou fingir que esse não é o nosso noivado e arrancarei a sua cabeça fora. Eu nunca vou marcar você, Giselle. Isso aqui — ele olhou em volta — não passa de teatro. E se você não está gostando, o problema é seu. Quem insistiu nesse noivado foi você.

Com isso, ele se afastou, levando-me com ele.

Ótimo, eu tinha duas inimigas na festa. E se Kurt viesse a casar com Giselle, sim, ela me expulsaria do bando, com certeza.

Kurt falou com alguns outros Alfas, com Betas, algumas pessoas o Conselho estavam lá e eu sei que era para ficarem de olho na gente.

— Alfa Kurt, por favor, pode nos dar um momento? — Um lobo mais idoso se aproximou de nós. Pelos trajes vermelhos, ele era do Conselho.

— Claro.

— A sós, por favor. É um assunto.. delicado.

O lobo lançou uma olhadela em minha direção.

— Sim, claro — Ele disse e se virou para mim — Finn está chegando. Espere por ele e fique por perto.

Eu concordei com a cabeça e vi que ele chegou a se inclinar na minha direção, mas eu balancei a cabeça. Seria demais se ele me beijasse ali.

Enquanto Kurt se afastava com o idoso e eu vi entrar em um corredor, talvez o escritório, resolvi ir para perto da porta, mas então, a vontade de ir ao banheiro foi maior.

Eu estava me sentindo completamente nua, vulnerável. Eu podia sentir o olhar de desprezo de alguns, e de curiosidade, de outros. Claro, eu era a vadia que estava se metendo no relacionamento do Alfa com a noiva dele. Que vergonha!

— Por favor, onde fica o banheiro? — Eu perguntei a uma das ômegas que passava por ali e ela me deu um sorriso amigável, pedindo que eu a seguisse. Assim que paramos em frente a uma porta, eu agradeci e ela se foi. O problema é que a porta estava fechada, ou seja, tinha gente ali. Eu esperei.

Um barulho na porta em frente me chamou a atenção, mas logo eu dei as costas. Não era da minha conta. E de novo o barulho. Gemidos. Ok... tinha um casal lá dentro. Pelo amor... seja quem está no banheiro, saia logo!

Para o meu azar, a porta atrás de mim se abriu antes. Eu fiquei de costas, eu não queria ver quem era. Mas uma mão segurou o meu ombro e eu me vi cara a cara com Gabriel, primo de Carla.

— Rosamund? — Ele disse, sorrindo de lado — Eu reconheceria o seu cheiro em qualquer lugar!

— Ah, Gabriel, oi — eu não sabia nem o que dizer. A mão dele ainda estava no meu ombro. Então, eu me lembrei o que ele estava fazendo dentro daquele quarto. Que nojo! Tentei me desvencilhar, ma não consegui.

— Calma..

— Eu sei o que.. — Eu disse – Me solta.

— Foi só eu sentir o seu cheiro que eu finalmente consegui comer aquela fêmea — Ele aproximou o nariz do meu cabelo e inspirou profundamente — Imaginei que era você.

— Do que.. ?? — Do que ele estava falando??

— Aquele merda do Kurt já te comeu? — Ele me cheirou — Não, não é? Sabe o quanto eu sempre te desejei?

— Me solta! — Eu pedi, mas ele era muito mais forte do que eu e me pressionou contra a parede. Porém, aparentemente mudou de ideia, porque me arrastou para o quarto que ele tinha acabado de sair — Não!

— Eu esperei muito por isso!

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now