O pedido

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KURT

Mas que inferno... a noite foi uma droga de um inferno!

Eu conseguia sentir o cheiro dela a todo o momento. Eu ouvia cada farfalhar do lençol quando ela se movia.

"Eu disse que ela pode ser a nossa segunda chance... e ela está bem ali. Tão pertinho."

Sério, Thorin às vezes me deixava com vontade de matá-lo!

Ela não podia ser a nossa segunda chance. E se fosse, eu a odiaria. Nunca, jamais eu aceitaria outra fêmea como minha companheira destinada. Não. Se eu for ter uma esposa, ela vai ser uma a quem eu definitivamente não possa amar. Fêmea nenhuma voltará a ter controle sobre mim.

O dia ainda não tinha clareado, mas eu precisei me levantar e ir tomar um banho. Eu sei que ele deveria ser gelado, pra apagar o fogo, mas eu resolvi me deixar levar. Enquanto eu não a tocasse, tudo bem.

Ao sair do quarto, respirei fundo e olhei para a porta dela. Eu a tinha colocado no quarto ao lado do meu. Era uma questão de segurança: ela era visita, não tinha bando... era bom pra ela e pra mim. Ou deveria ser. Mas acho que o tiro saiu pela culatra, no meu caso.

Ela estava se levantando. Eu queria ver como ela acordava. Se ela se espreguiçava, se ela estava com aqueles cabelos totalmente bagunçados, os cachos das pontas poderiam enrolar nos meus dedos e eu os puxaria, montando nela.. Não!

Eu me afastei da porta. Muito perigoso. Muito perigoso. O que eu estava precisando era foder, apenas isso. Achar uma ômega - nenhuma delas nunca negou fogo - e me aliviar. Todos ficariam felizes.

"Menos eu..." Thorin comentou. Ele nunca mais foi o mesmo depois de Alexandra. Ora ele estava assim, deprimido, ou então, loucamente assassino.

"Não podemos transar com ela, Thorin. Eu não posso oferecer nada além de sexo."

Todos me viam como um filho da puta sem escrúpulos, mas eu não era assim tão ruim. Sim, no campo de batalha, eu não tinha piedade. Quem quer que resolvesse arrumar briga comigo, deveria estar mais do que preparado para levar uma surra. Ou algumas mordidas. Pelo menos para isso a puta da Alessandra serviu: a minha sede por sangue e por conquista me tornaram o maior Alpha do país.

Na cozinha, uma linda omega estava cozinhando. Ela era loira, corpo delgado... ela sentiu a minha presença e abaixou a cabeça, como todos eles fazem. Eu não exijo esse tipo de comportamento, ele apenas ocorre naturalmente.

— Venha cá — eu ordenei e ela se aproximou, calmamente — Olhe pra mim.

Ela levantou o rosto e sim, ela era completamente diferente de Rosa. Ótimo.

Eu a segurei pela mão e a levei para trás da cozinha, na dispensa. Eu adorava ter a fêmea com as costas na parede e as pernas enlaçadas no meu tronco, mas não dessa vez. Eu não conseguiria olhar para essa fêmea. Na minha mente, outra estava ali, com os cabelos acobreados.

Eu precisei tapar a boca da ômega... os gemidos dela soavam completamente errados, era insuportável. Mas quando eu finalmente consegui visualizar apenas Rosa, tudo mudou. Tudo ficou mais delicioso. Imaginei aqueles olhos avermelhados, semi cerrados, enquanto eu investia contra ela, uma vez atrás da outra. Caralho!

Quando terminamos, a ômega mal conseguia ficar de pé. Ela era bem menor do que eu e acho que acabei exagerando no final.

— Tire o dia de folga.

Eu sei que foi escroto, mas eu não consegui nem olhar pra ela.

Só pra esclarecer: isso é comum. Sexo entre lobisomens é comum, sem precisar estar num relacionamento. Os rankings mais baixos são atraidos pelos mais altos, é uma questão de poder. Então, eu não estava iludindo nenhuma mocinha. E se ela não quisesse nada, eu jamais a obrigaria.

Depois de comer, eu saí direto pro carro. Eu iria visitar a querida noivinha. Eu teria que falar com o pai dela, mas eu duvidava que ele rejeitaria o meu pedido. Ela parecia uma boa moça, mas sinceramente, eu me sentia indo para a forca.

O caminho até o bando dela, o Yellow Stone, não foi muito longa. Não para mim. Eu queria que tivesse demorado muito mais, eternamente.

Fui recebido muito bem, como o esperado. Alfa Gregório Starling estava mais do que alegre em me ver, com um sorriso de orelha a orelha.

— Alfa Kurt! — Ele disse e estendeu a mão para mim — É uma honra recebê-lo!

Eu não anunciei antes de ir pra lá qual o meu objetivo, no entanto, ele devia imaginar. Todos os pais de fêmeas Alfa sonhavam em casar suas filhas com outro Alfa. Se fosse de um bando forte, melhor ainda. Isso garantiria status ao bando da família da fêmea.

— A honra é minha, Alfa Gregório, por ser tão bem recebido.

Antes de entrar na Packhouse deles, eu vi Giselle pela janela, sentada em um sofá. Ela parecia perdida em pensamentos.

Ela não era feia, longe disso. Pelo contrário. Era muito bonita. Mas ela tinha um olhar triste, mais triste do que eu havia notado da outra vez que nos vimos, já que ela se apresentou como uma mulher forte e determinada. Ela já tinha 20 anos... não teria ela ainda encontrado o companheiro destinado, mesmo?

Nós entramos na sala e ela levantou o rosto. Eu vi o reconhecimento no olhar dela, ela sabia o motivo de eu estar ali. Eu acenei de leve e vi um sorriso no rosto dela. Não daqueles sorrisos de felicidade, mas de triunfo e aceitação.

— Sente-se, por favor! — O pai dela me ofereceu o lugar bem ao lado dela, que se arredou para o lado. Ela era magra, mas aquele sofá era muito pequeno para nós dois. Eu sou um macho um pouco grande... mais de dois metros de altura, robusto.

— Eu posso me sentar ali — Ela ofereceu, mas o olhar que o pai dela lhe lançou indicou que se ela se atrevesse, ele não deixaria barato.

Ela não era a minha fêmea, ainda. No entanto, eu não poderia simplesmente deixar o pai dela a ameaçar assim, não é mesmo?

— Se você quiser, você pode. Eu não quero ser um incômodo — Eu falei da forma mais gentil possível e ela levantou a sobrancelha, claramente surpresa. Eu olhei para o pai dela — Eu não me importo, desde que ela fique mais confortável. Eu sei que estou ocupando muito espaço nesse sofá.

— Ah... claro. Faça como quiser, querida — Ele disse para Giselle, que sorriu e se levantou, indo para a poltrona ao lado.

— Eu acredito que o senhor já saiba o motivo da minha visita, não é mesmo? — Eu perguntei a ele, que limpou uma gotícula de suor da testa. Eles dois eram muito parecidos, pai e filha. Não tinha como negar que eram ligados por sangue.

— Eu... eu não me atreveria a imaginar, Alfa Kurt — Ele estava demonstrando respeito e, também, submissão. Ele era mais velho, porém, ele estava se subjugando a mim. Ótimo.

— Eu gostaria de pedir a mão da sua filha, Giselle, em casamento.

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now