15- Vida Sobre as Águas

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  –O que foi que disse?– Ele se aproxima irritado.

  –Vai com calma, Simão.– João e Tiago se colocam entre nós dois como se fossem me proteger.

  Eles ficam se encarando como três gatos ariscos prontos para brigar. Tenho que fazer alguma coisa antes que comecem a trocar socos. É incrível a rapidez que eles começam a se desentender sempre que Jesus saí de perto.

   –Tá bom... já chega.– Digo separando os três.
   –Simão, olha pra mim.– Seguro seu rosto com as mãos o obrigando a olhar em meus olhos.
   –Jesus sabe o que faz. Quando foi que algo ruim aconteceu com Ele?– Tento convence-lo de que embarcar no barco vai ser a melhor opção.

   Simão respira fundo, parece finalmente ter se acalmado.

  –Ei! O barco vai sair! Vocês vem ou não?– André grita para nós.

  –Estamos indo!– Simão finalmente sorri e todos corremos para embarcar.

  Os três entram antes de mim e fico por último. Nunca andei de barco, estou distraída para ver como vai ser, tão distraída que acabei tropeçando na hora de entrar.
  Eu teria caído de cara no chão se alguém não tivesse me segurado pela mão, me vira para ver quem é, era Natanael.
   Nós não conversamos muitas vezes, ele não está sorrindo nem parece bravo, sinceramente é difícil saber o que ele pensa.

  –Cuidado onde pisa.– ele diz.

  –Ah, obrigada. Eu nunca entrei em um barco como este antes então estou um pouco distraída.– Tento me explicar para ver se arranco um sorriso de seu rosto.

  –Ah, claro. A primeira vez tem que ser especial, você quer uma cabine com vista pra praia ou algo do tipo?– Não entendi se ele está brincando comigo. Fico confusa com seu jeito de agir.

  –Engraçadinho, pode ser a minha primeira vez mas sei que não é assim que funciona.– brinco e ele finalmente deixa escapar um pequeno sorriso.
  –Olha só, você tem dentes.– brinco.

   Ficamos conversando por um tempo e não demorou muito para Tiago e João se juntarem a nós.
   O que esses dois tem hoje? Não desgrudam de mim um segundo se quer. Conversarmos por mais um tempo até sentir pequenos pingos de água caindo do céu. A tempestade já está de aproximando penso.
  
  –Melissa, sabemos que não está acostumada a andar de barco. Talvez você queira ir lá pra dentro onde a chuva não alcança.– João sugere.
  
  –Está tudo bem, eu não sou feita de sal.– brinco e permaneço onde estou. Quero ter uma boa visão quando Jesus aparecer.

  –Sal?– Tiago fica confuso.

  –É uma maneira de brincar, porque o sal se desmancha na água.– Natanael explica.

   Me assusto com um raio que cai perto do barco. Acabo soltando um grito maior do que eu esperava. ODEIO barulhos altos.
    Após o raio a chuva começa a cair mais forte e mais densa.

   –Está tudo bem aí?– André se aproxima preocupado.

   –Está! Foi só um susto.– Explico enquanto mais cabelos ficam encharcados pela água e a chuva cai mais forte, machucando minha pele.

   –Talvez seja melhor irmos lá pra dentro!– Tiago sugere. A essa altura já temos que gritar para nos comunicar.

   O barco balança de um lado para o outro e as ondas são enormes, dando a impressão de que vamos virar a qualquer momento.
   O vendo debate nas velas mas quase não nos leva a lugar nenhum. O convés começa a ficar inundado.
   Vão todos para dentro menos a tripulação do próprio barco.

A Discípula que Veio do FuturoWhere stories live. Discover now