2- Cristo pra mim é vida...

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     Hoje eu acordei e fui pra escola, sempre vou sozinha, pois Maria estuda em outra escola, eu já estou no último ano do ensino médio e já estamos na metade do ano, significa que graças a Deus logo tudo isso vai acabar.
    Cheguei e já quando entro na sala "aquele grupinho" de meninas já estava me encarando, com ódio nos olhos, eu finjo que não noto pra evitar intriga e vou me sentar na mesa em frente ao meu melhor amigo, Gabriel, ele também é cristão mais ele congrega em outra igreja, é claro que isso não nos impede, afinal o Deus é o mesmo, e como igreja temos que ser um só em harmonia com Cristo.

  
– Até que enfim você chegou, fico bem perdido sem você. – ele diz dando um sorrisinho involuntário.

   Ele sempre tenta me fazer rir e essa é uma das coisas que eu mais gosto nele.

  
   – Você precisa urgentemente de mais amigos, se eu morrer hoje você ficará sozinho o resto do ano. – digo brincalhona.

 
   – Não brinca com essas coisas, sua doida!– ele diz empurrando meu braço e nós dois rimos.

  –Nunca se sabe... Eu faço 18 na semana que vem, vou tirar a carteira de motorista, vai que eu sofro um acidente?– brinco e ele apenas revira os olhos, sem levar a sério o que falei.

   O Professor entra na sala fazendo todos pararem de conversar.
   Um professor ateu, quem nunca teve um que atire a primeira pedra, infelizmente essa é a aula que eu mais gosto, então presto atenção mesmo assim, se não sinceramente eu não faria nada, ficaria apenas desenhando em meu caderno.
   Fico fazendo anotações e Gabriel fica mechendo no celular escondido, ele não gosta dessa aula mas isso me gera entretenimento porque eu sempre rio discretamente quando o professor chega perto dele e ele disfarça escondendo o celular e fingindo que prestando atenção o tempo todo.
   Gabriel tem um cabelo preto um pouco maior que o normal, escondendo seus olhos quando abaixa a cabeça, tornando mais fácil de disfarçar.
    Até que finalmente o sino toca.

    – Até que enfim acabou a aula de história, não sei como você gosta!– Gabriel resmunga.

    –É bom saber das coisas que vieram antes da gente, nunca se sabe quando vamos voltar no tempo– digo brincalhona tentando parecer séria.

   Ele me olha com uma cara debochada e nós dois caímos na gargalhada.
   Nós fomos para a cantina e cada um pegou um prato, sentamos em uma mesa bem no canto afastado de todos, quando vimos Alessandra Silva "a líder daquele grupinho" alterando a voz com uma menina de óculos e cabelo enrolado que sempre ficava sozinha no canto dela.

  
   – Ela nem fez nada – eu falo para Gabriel observando a situação.

   – Provavelmente fez, deixa que elas se resolvem – ele diz tentando me fazer esquecer aquilo.

   – Eu vou ver o que tá acontecendo – digo me levantando.

   – Não! O que você tem? Você não gosta de falar com ninguém normalmente, muito menos brigando! – e diz me puxando pelo braço.

   – Relaxa, não vou brigar... Só vou discutir com jeitinho. E sobre não gostar de falar com ninguém... Eu tô tentando mudar isso.– eu pisco e ele faz uma cara de preocupado. Eu acho tão fofo o jeito que ele se preocupa comigo.

    Eu eu realmente não quero brigar, prometi pra Deus que seria menos tímido e não que iria sair gritando com todo mundo, vou até lá e pergunto qual era o problema alí e Alessandra olhou pra mim com uma cara de nojo parecendo que iria me mandar embora, mas por algum motivo ela me explicou o que tava acontecendo.

    – Essa menina não para de me encarar! – ela diz fazendo um escândalo.

    – Então é só por isso?– eu pergunto indignada e ela não responde nada.

   Eu respiro fundo tentando me acalmar pra não brigar com ela e penso rapidamente numa solução pra sair dali.

   – Vai ver ela só acha você bonita – digo tentando acariciar o ego de Alessandra amolecendo seu coração.

   – É pode ser – ela dá de ombros e vai se sentar com suas amigas.

    Revirou os olhos ao perceber que ela já estava longo, como pode alguém fazer tanto escândalo por nada? Certeza que foi só pra se exibir.
    Eu olho para a menina de óculos e cabelo enrolado e vejo que ela está com os olhos estralados, provavelmente ela nunca participou de uma discussão antes, ela parece ser legal então a convidei pra se sentar com a gente.
    Ela estava meio tímida no começo mas foi se soltando aos poucos, fiquei feliz porque ela e o Gabriel se deram bem, nunca fui muito do estilo ciumenta.

   –Então, qual seu nome?– Gabriel pergunta para a menina ao ela se sentar do lado dele.

  
  –Alice...– Ela disse como se fosse continuar mas logo se cala.

   –Legal, pode andar com a gente agora e não liga pra Alessandra, ela é meio doida da cabeça.– digo e os dois em minha frente riem juntos.

   Fomos pra sala e nos avisaram que as aulas da tarde foram canceladas por falta do professor, então pegamos nossas coisas e fomos pra saída.
   Caminhamos os três juntos, descobrimos que a Alice era da nossa sala mas nunca reparamos nela por ser muito quietinha e não conversar com ninguém.

    – Enfim a aula acabou! – Gabriel diz abrindo os braços como uma expressão de alívio.

    – Você não gosta nem um pouco da escola né? – Alice pergunta com um sorriso no rosto.

 
    – Nem um pouco, sinceramente vocês são a melhor parte desse edifício chato – Gabriel diz com a maior intimidade, nem parece que a conheceu literalmente hoje mas tá tudo bem, não sou ciumenta, pelo menos nunca precisei ser.

    Nós três caímos na gargalhada, realmente Gabriel nunca gostou da escola, sempre mostrou mais interesse em trabalhar em fábricas como o pai dele.
    Nós vamos até um certo ponto do caminho juntos e eu me separo deles.

  
    – Você não vai de ônibus? – pergunta ao me ver seguir outro caminho e não ir junto deles.

   – Não, hoje eu vou de Uber porque tenho que encontrar minha mãe no centro – explico.

   Nós nos despedimos e eu fico olhando eles   entrarem no ônibus enquanto espero o Uber.
  Gabriel ajudou a Alice a subir no ônibus, ele nunca fez isso comigo, isso é bom? Eu não sei, normalmente os melhores amigos acabam se apaixonando pelas melhores amigas, mas isso não aconteceu com a gente, devo me preocupar?
   Não! É fofo ver ele se preocupando com alguém pra variar, tá bom, talvez eu esteja com um pouco de ciúmes, mas vai passar, acho que ainda seremos ótimos amigos, todos os três.

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A Discípula que Veio do FuturoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora