A Discípula que Veio do Futuro

12- Seu Próprio Dom

Presa por horas e as horas te tornaram dias, três dias pra ser exata.
Ao raiar do terceiro dia, Jesus se levantou antes de todos e convocou André para ir com Ele até Herodes.
André não entendia o que estava para acontecer mas sabia que seria bom pois seria o dia em que me tirariam daquele lugar horrível, escuro e úmido.
Jesus passou as instruções a André de como tudo deveria ser exatamente feito, com muito cuidado e atenção, André gravou cada passo para que nada ocorresse errado. As instruções eram simples: ele só precisava ir até lá e barganhar para que o deixassem preso em meu lugar. André ficou feliz com a ideia, pois faria qualquer coisa para me tirar de lá, inclusive ficar em meu lugar, ele diria qualquer coisa para que concordassem com isso.

Enquanto eu conversava com João Batista, nossas conversas duraram a noite todo pois, sem poder ver a luz do dia, já tínhamos perdido a noção do tempo. Não era ruim, passamos a gostar da companhia um do outro, principalmente quando conversamos sobre Jesus.
Em meio a nossa conversa, um clarão de estabeleceu no lugar, alguém havia aberto o portão.

-É seu dia de sorte.- Um guarda mau encarado se prepara para abrir minha cela.
-Você chamou a atenção de Herodes.- ele reclama.

-Como assim?- fico confusa e olho para João mas ele também parece não ter a menor ideia do que está acontecendo.

-Tem um homem no salão. Ele está exigindo o deixem preso em seu lugar, então vocês passaram por um julgamento para que Herodes possa decidir qual dos dois ficará preso.- ele explica e me alegro com a ideia, pedi tanto a Deus que me tirasse desse lugar e Ele finalmente me ouviu. Mas quem se candidataria para ficar em meu lugar?

-Quer mandar algum recado pro mundo lá fora?- pergunto para João sorridente.

-Vá viver garota! E diga a eles que suas coroas vão cair! Porque o Rei dos Reis já enviou aquele que há de nos salvar!- Ele grita e cai na gargalhada.

Faço uma reverência com as mãos e rio juntamente com se fossemos dois doidos, acho que tanto tempo presa conversando apenas com ele acabou me influenciado. Pelo menos é uma influencia boa.
O guarda me leva até o salão, entro e todos ficam a minha volta me olhando com ar de julgamento, que bom que meu tempo com João elevou minha autoestima, não dou nem importância para todas essas caras feias.
Vou até o centro, onde o suposto homem que quer ficar no meu lugar também está, olho para o seu rosto e... ANDRÉ?! NÃO! Não é assim que as coisas deveriam acontecer! Não! Eu não vou deixar ele ficar no meu lugar. Não quero que uma coisa dessas aconteça com ele!
Nossos olhos ficam fixos um no outro enquanto o povo ao nosso redor começa a cochichar. São pessoas bem vestidas, provavelmente estão sempre na companhia de Herodes, indo a banquetes e bailes caros enquanto o povo lá fora morre de fome.

-Atenção! Vamos começar. Diga rapaz... Porque acha que deve ficar no lugar dessa rebelde?- Herodes inicia o julgamento.

-Ela não é rebelde. É a moça mais doce que já conheci, eu é que sou desprezível!- André tenta convence-los. A mais doce que já conheceu? Agora é mais do que claro que ele já me perdoou.

-Isso é mentira! Eu me declarei culpada porque sou culpada!- Obrigada por me defender André mas não vou deixar você ficar no meu lugar.

André olha para mim com os olhos estralados e balançando a cabeça em negação, tentando me avisar que eu estava estragando o plano dele, mas não lhe dou atenção pois essa é exatamente a minha intenção.

-Culpado sou eu! Você estava apenas acompanhada de João Batista, já eu era um dos discípulos dele!- André prossegue e o povo ao nosso redor fica surpreso, como se ele tivesse acabado de confessar que matou alguém.

-O que é um mero discípulo perto de uma cúmplice?- Grito e o povo se surpreende mais ainda. Me desculpe André, mas não vou deixar você me vencer.

-Então você apoia as palavras e os atos de João Batista?- Herodes pergunta calmo enquanto a mulher ao seu lado parece estar surtando, essa deve ser a Herodias.