A Discípula que Veio do Futuro

3- E Morrer é Lucro

   Eu fiquei lendo a Bíblia no celular enquanto esperava o Uber, estava lendo o novo testamento pela terceira vez. É o meu favorito.
   O Uber chegou, eu pedi pra ele ir bem rápido porque minha mãe já estava me esperando e ele obedeceu.
   Estávamos quase chegando quando um caminhão enorme estava descendo descontrolado a rua, o motorista do Uber fez a curva tão rápido que nem foi possível perceber o que estava acontecendo.
   Tudo que vi foi o enorme caminhão vindo na nossa direção, ouvi um estrondo enorme e de repente tudo ficou escuro.

   Me lembro de sentir uma dor imensa na cabeça, estava frio, eu estava com muito medo, não conseguia dizer nada nem ver nada, lágrimas involuntárias escorrem pelo meu rosto.
   Quando de repente as lágrimas cessam e tudo de ruim que eu sentia simplesmente parou, logo toda a escuridão que eu enxergava foi sumindo e tudo ficou muito claro.
   Eu estou em um lugar enorme e bem iluminado mas não ha mais nada aqui apenas eu, comecei a caminhar tentando encontrar alguma porta ou qualquer coisa que me diga onde eu estou.
   Fico distraída olhando a minha volta quando me deparo com um rapaz na minha frente, ele estava vestido todo de branco, ficamos nos encarando até ele quebrar o silêncio.

   – Melissa Andrade!– Ele diz com uma voz bem forte e autoritária, mas estava sorrindo então não fiquei assustada.

   –Sou eu, e você é... Meu enfermeiro?– pergunto um pouco confusa.

   Ele dá um pequeno riso e respira fundo para responder...

   –Não, eu não sou um enfermeiro–.

   – Então quem é você? E onde eu estou? – começo a ficar nervosa, onde eu estou? Por que estou aqui?

   – Meu nome é Gael, sou seu anjo da guarda e você está morta– ele diz com um sorriso simpático.

   Eu começo a rir mas não sei se é desespero ou por não ter caído na pegadinha.

  – Qual é a graça?– ele pergunta confuso.

  – Primeiro: você deveria ser um pouco mais sensível quando diz para uma pessoa que ela morreu– digo a ele ficando mais séria.

  – Ah, desculpe – ele diz percebendo que foi insensível.

  – Segundo: Se você é meu anjo da guarda e eu estou morta, significa que você não fez um bom trabalho não acha?– agora eu que fui um pouco insensível.

  – Bom...– ele é cortado por mim que estou nervosa e não paro de falar.

  – E terceiro: Que brincadeira de mal gosto é essa? – eu finalmente paro de falar.

  – Não Melissa, não é uma "brincadeira"– ele diz voltando a sorrir amigavelmente.

  – Tá bom, se não é uma brincadeira nem nada do tipo, porque não me leva pra ver Deus?– eu pergunto o desafiando.

   – Eu já teria levado se tivesse parado de falar – ele diz tentando não ser grosso, me deixando sem graça. Paro de falar imediatamente.

   – Agora, porque não se acalma e me segue?– eu concordo com a cabeça e começo a segui-lo.

   Eu segui ele por um tempinho e de repente uma parede enorme e invisível  se abriu onde parecia não haver nada e uma luz extraordinária veio na nossa direção, eu nem pude ver o que era mas o temor sobre mim era tanto que eu cai de joelhos, e Gael também se ajoelha lentamente em sinal de respeito.

   – Melissa Andrade! – Uma voz tão gloriosa e autoritária, eu sabia de quem era aquela voz, foi uma sensação tão perfeita que eu não pude nem responder ao meu nome apenas chorava.

   – Não te espantes minha filha, todo o mau já passou – Ele diz trazendo calmaria as minhas lágrimas.

   – Meu Senhor! – eu digo desacreditada.

  –Minha querida, toda a dor passou, estás nos céus comigo, como sempre quiz. Porém me agrado e tenho misericórdia de ti, minha querida.
     Vou lhe conceder algo que deseja, mas infelizmente não podes mais voltar a teu mundo, pois assim como todas as coisas, tua morte tem um propósito.
     Deseje o que quiser de coração e lhe darei, pode ter um tempo para pensar mas enquanto pensa não estarás nos céus ainda.– Deus me explicar tudo.

  – Agora vá com Gael, ele te explicará tudo com mais detalhes.– Deus ordena.

   –Sim, meu Pai.– Apenas obedeço.

____________________________________________