Capítulo 11 - Somos Aviões de Papel ✈

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ATENÇÃO:

Personagens, ações, profissões e eventos nessa fic são FICTÍCIAS e criadas apenas para entretenimento. Não tendo intenção de estimular ou promover qualquer comportamento narrado.

AVISO

Esse capítulo pode conter assuntos sensíveis como menção ao suicídio. Se você é sensível ao assunto, peço que interrompa a leitura. 

Esse capítulo também contém a semente da discórdia e informalidade, precisamos de mais pessoas para se juntar à organização então sinta-se bem vindo. 

Não era como se não sentisse minhas pernas vacilarem a cada cinco segundos. Eu sabia que seria seguido. Com as ruas vazias e as atenções sobre nós, com certeza um pontinho em movimento no meio da madrugada chamaria olhares atentos, e seguindo a linha qualquer um que estivesse os procurando se daria por um grande sortudo ao me encontrar.


Claro, isso não me preocupava porque a adrenalina berrava mais alto do que meu medo. Me guiava mais firmemente do que a apreensão que tomava minhas pernas bambas. Eu estava inclinado a acabar com a raça de qualquer ser vivo que se enfiasse em meu caminho - e isso incluía mesmo Taehyun, Minho hyung ou Changbin, como também incluía Hyunjin. Estava no meu ápice, não enxergava um palmo à minha frente mesmo com os olhos bem abertos, queria que meus passos afundassem o chão sob meus pés e não entendi o porquê naquele momento. Só queria que soubessem de algo, que meus passos frágeis fossem firmes e explosivos o suficiente para lançar um aviso a Baran - queria que soubesse que eu estava chegando.

Não existe sensação mais sublime do que a que se arrasta da experiência do ódio cego. 

O mundo continua brilhando à sua frente, o chão ainda é esmagado sob seus passos, mas é tudo turvo e inconstante demais para se ter como realidade. É como ser embalado pelo torpor da metade de um cigarro, quando a brasa não está distante demais, mas também está próxima o bastante para levar todas as toxinas para o cérebro. O sentimento leve, mas que mantém os seus passos pesados. 

Me pergunto se é isso o que Hyunjin sente a todo momento. Se é isso o que Changbin sentiu quando soube da morte de sua irmã. Se é isso que Yoongi sente a cada compassar dos pulmões em seu peito, e se é isso o que guia todas as ações imediatistas de Taehyun. 

Me pergunto se era isso o que eu deveria ter sentido depois de tantas perdas, mas me neguei para manter firme minha bolha protetora e perfeitamente saudável de auto intimidação. Aquela que eu aprendi a criar para me proteger, e me manter na mesmice confortável dos meus dias dolorosos sem atrapalhar mais ninguém. De que adianta guardar o ódio, e a raiva, e o luto, e escondê-los do mundo por medo de perturbá-lo, mas cultivá-lo dentro da amargura de dias sem fim - arrastados - por tempo suficiente para se tornar a dor mais excruciante possível? É a pior das torturas: se manter calado. 

Tomado pela cegueira do ódio, é mais fácil me tornar um bom falante. Eu não tenho medo do barulho, eu quero que todos me ouçam - quero que todos me vejam, não importa quem. 

Assim, descuidado, foi como eu tomei as ruas de Auten depois de deixar o celular de Jisung sobre a mezinha ao lado da porta do apartamento aconchegante de Junkyu. Onde eu encontrei a chave da porta com o chaveiro de um cãozinho robô, aparentemente jogada às pressas por Yoongi no desespero que envolvia Chan hyung. 

A cena que se desenrolava era desoladora. Olhos caídos, cotovelos sobre os joelhos, cabeças pendidas, lábios repuxados, mandíbulas marcadas... Tensão para todos os lados. Os olhos desesperados de Jeongin, eu julgaria eles como o prego afiado que estourou de vez minha bolha confortável já enfraquecida. 

Aviões de Papel |•HyunChangLixWhere stories live. Discover now