✈ Capítulo 6 - O silêncio doeu mais

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ATENÇÃO:

Personagens, ações, profissões e eventos nessa fic são FICTÍCIAS e criadas apenas para entretenimento. Não tendo intenção de estimular ou promover qualquer comportamento narrado.

Já entregou tudo o que você é nas mãos de uma consciência mecânica?

Não sei ao certo como explicar. É quase como se você fechasse os olhos, mas eles ainda ficassem abertos. É como ver, mas não enxergar nada.

É como o respirar. Você não precisa vigiar seus pulmões para que eles se movam, eles já fazem isso sozinhos, mecanicamente.

Eu estava no meu quinto mês de mecanicidade, no dia em que Jaelin me buscou em casa para que pudéssemos "tomar um pouco de ar puro lá fora". Eu não iria, se fosse por mim, mas ela sempre foi boa e convencer todo mundo, então convenceu Minah muito fácil.

Fui basicamente expulso de casa, arrancado do meu quarto, e caminhávamos sem rumo pelas ruas vazias do bairro baixo desde então. Ela continuava falando algo sobre o colégio, que não devia ser novidade para mim porque estudávamos na mesma escola, mas eu realmente não sabia nada sobre a briga entre o garoto da minha turma e o novato da sala ao lado - o que parecia ter rendido uma suspensão dupla além de toda a conversa fiada pelos corredores.

- Pensei que você já sabia. - Ela disse, entrelaçando nossos dedos pela quinta vez, depois de eu tê-lo desfeito pela quarta. - Hyunjin é da sua turma desde o fundamental, não é? Não costumavam morar perto um do outro?

- Hyunjin? - É engraçado a forma como eu precisei parar para pensar sobre quem era o dono do nome naquela época. - O Hyun?

- É, o gay. - Jaelin deu de ombros.

- Ele é gay? - Franzi o cenho.

- Bom... Eu vi ele beijando um garoto no fundo do pátio, outro dia. - Ela deu de ombros. - Também não sabia disso?

- Não somos tão próximos. - Não éramos tão próximos. - Só me lembro de brincar com ele na rua. E da vez em que eu tava jogando bola descalço e machuquei meu dedo, então ele estancou o sangue porque eu não parava de chorar.

Ela riu um pouco, e eu também.

- Há quanto tempo não te ouço rindo? - Ela perguntou baixinho, então meu ato ganhou sílaba. Continuei apenas sorrindo. - De qualquer forma, foi bem polêmico. O que aconteceu entre os dois.

- O que aconteceu entre os dois?

- O motivo em si parece ser bem idiota. Algo sobre um copo de plástico azul na cantina, o Hyunjin queria, e o outro menino também. Eles caíram no soco. - Ela negou, apertou mais minha mão quando um grupo de amigos passou por nós, conversando e rindo.

Eles usavam broches nas roupas, coloridos. Sete cores.

Um pouco mais distante, conforme nos aproximávamos do centro sem sequer notar, mais um grupo subia a rua íngreme que dava para a praça do "baixo" enquanto carregavam pedaços meio úmidos de papelão. Tinta vermelha rabiscava palavras que não conseguimos ler de longe, como estávamos.

- No fim, o círculo de alunos se abriu pra assistir os dois rolando no chão até os munitores irem separar. Levaram eles pra sala da diretora, foram suspensos, e quando o irmão do Hyun foi buscar ele, deram o azar de liberar o novato logo em seguida. Foi só o tempo de se verem na rua, outra vez, e a briga recomeçou. - Ela parou. Franziu o cenho enquanto olhava por sobre meu ombro.

Então também olhei.

- O que foi? - Perguntei. - Tem alguma coisa lá pra cima?

- Parece que tá acontecendo alguma coisa.

Aviões de Papel |•HyunChangLixWhere stories live. Discover now