🛫 Prólogo 🛬

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- Eu não quero morrer.

A paisagem parece caótica demais do lado de fora. Mas eu só posso imaginar, porque não vejo nada além dos pontinhos iluminados além da fronha escura que cobre meu rosto.

Sei que todos eles estão comigo, mas apenas porque posso ouvir respirações ruidosas vindas da minha volta.

- Jisung. - É a voz de Minho hyung. - Está tudo bem, não vamos morrer. - Mas seu tom está sufocado, quase afogado.

É o que acontece quando se falha em tentar conter o desespero. Se não souber contê-lo, submergir é a única opção.

Houve um soluço ruidoso.

- Está tudo bem, Jeongin. - A voz cuidadosa de Seungmin se fez ouvir. - Vai ficar tudo bem.

- Nós vamos morrer. - Jisung foi quem soluçou, dessa vez.

- Não vamos morrer. - Changbin praticamente urrou, se arrastando até estar ao meu lado. Ele segurou minhas mãos. - Não vamos morrer. Não podemos. - Repetiu, baixinho, como se para ter certeza de que eu iria ouvir.

- Não vou deixar nada acontecer. A nenhum de nós. - Chan hyung disse, mas sua voz estava embargada.

Tem coisas... Algumas coisas não cabem como promessas.

Senti minhas pernas contra as dele. Estava trêmulo.

- Pelo menos, se morrermos, vamos morrer juntos. - Seu comentário fez com que todos parassem.

Morrer juntos. Morrer jovens. Morrer por uma causa. Era fácil aceitar as possibilidades quando não passavam apenas disso: possibilidades.

Agora, a um passo de todas as possibilidades se concretizarem de vez, tudo o que posso pensar é que não é romântico como nos filmes.

Não fizemos nada grandioso, não vamos deixar marcas, não fomos vistos, nem ouvidos, nem notados. Só fomos dados como ameaça, neutralizados antes de tomar proporções ainda maiores.

Aviões de Papel que voaram alto demais.

É hora de cair.

Minha vida não passa como um filme em frente aos meus olhos. Eu não quero me perdoar por todos os meus erros, mas também não me orgulho de todos os meus feitos. Tudo o que sinto agora é medo, gritante e cortante, lacerante.

Não consigo me conformar, mas não posso fazer nada à respeito. É frustrante.

Sinto medo por eles, meus amigos. Sinto medo por mim, porque eu não quero morrer, mas também não quero descobrir o que nos pode acontecer se decidirem nos deixar vivos.

Não quero perder eles agora. Não agora, que me sinto merecedor em ter os dois ao meu lado, embalados por todos os outros.

Eu não quero morrer. Não quero que eles morram. Mas nós fizemos isso.

Fomos todos nós, que nos trouxemos até aqui. Mas continua me pesando tanto...

Porque, a culpa...

Ah...

A culpa continua sendo minha.

#PaperPlanes

Aviões de Papel |•HyunChangLixWhere stories live. Discover now