Vou te ver dormir

1K 120 43
                                    

Olá de novo! Espero que o ano novo de todos vocês tenha sido incrível.
Com esse capítulo, devo avisar que a fanfic fala sobre temas como homofobia internalizada e trauma religioso, então, se for um tema difícil de ler para você, é bom pular as partes que fala sobre isso.
Obrigada pelos comentários e favoritos
Boa leitura! Espero que gostem ♡♡
________________________________________





"Nunca quero ir embora
Vou te ver dormir e te escutar respirar, ooh
Nunca quero ir embora
Eu nunca fico entediada ao te olhar
Porque todas as vezes que olho, vejo algo novo"

Donna perguntou a si mesma o que estava fazendo, enquanto assistia os créditos do filme rolar pela tela da televisão. Ela prometeu a si mesma que te evitaria por dias e não iria se aproximar, agora estava sentada ao seu lado enquanto você dormia com Angie deitada em suas pernas. Ela assistiu a maior parte do filme sozinha, porque você e Angie adormeceram antes do meio filme. Você parece cansada. Donna não conseguia afirmar com certeza, mas imagina que a caça e o estômago cheio te cansaram o suficiente para o dia, era o que acontecia com as meninas Dimitrescu.

Ela podia ouvir seus resmungos e caretas durante o sono e imaginou que você estava tendo pesadelos novamente. Em uma coisa vocês eram parecidas. Ambas eram atormentadas por coisas que já aconteceram, que pareciam reviver toda vez que fechavam os olhos, nunca indo embora por mais que tentassem. Donna também sabia que assim como ela, você odiava uma parte de si mesma, era difícil ignorar e fingir não ouvir a maneira que você retrata a si mesma, sempre se referindo ao seu outro lado como coisa, monstro, besta, aberração. Ela conseguiu ouvir de longe as coisas que você te perseguiu durante a alucinação. Donna se sentiu mal e o próprio estômago contraiu por te causar dor com algo que também a afetava todos os dias, mas o medo a paralisou e ela não sabia até onde você iria se ela apenas tentasse fugir de você.

Vocês eram mais parecidas em aspectos negativos que ela queria admitir. E ela apostava que por esse motivo, Mother Miranda te enviou até ela. Não conseguia encontrar uma razão para Miranda achar que cuidar de você seria uma boa ideia, até mesmo depois do que ela fez. Mas Miranda parecia firme na decisão e não iria abandoná-la. Vocês iriam ficar juntas até uma melhora no seu estado. Então, Donna apenas aceitou. E com sua preocupação evidente em arrumar as coisas e tentar, Donna resolveu fazer o mesmo. Tentar. Quantos elas faziam que ela não fez isso? Tentar para que as coisas dessem certo. Depois de um tempo, ela apenas aceitou o que aconteceu e viver com a própria desgraça e os demônios que carregava, isolada, sem se preocupar com o que acontecia. Apenas se mostrando útil para as pessoas que precisavam dela quando necessário. A família dela. E agora, você, uma mulher que ela não conhecia direito, a estava fazendo dar um passo em direção ao que ficou como desconhecido por muito tempo. Donna queria poder agradecer, mas ao mesmo tempo pedir para você parar de tentar tanto. Ela era uma causa sem solução e te arrastaria junto com ela para a escuridão. Ela fazia isso com todos que conheciam. Você não seria diferente. Mas você não se importou quando ela disse. Continuou insistindo para tentar e a elogiou várias vezes. Você também era uma causa sem solução.

"Eu não quero saber disso." Donna ouve você sussurrar, enquanto observa seu rosto contorcer em dor. "Já está feito."

Donna toca seu rosto com cuidado e afasta o cabelo que estava cobrindo seu rosto. Você parecia cada vez mais perturbada enquanto dormia. Ela queria que você tivesse paz, pelo menos agora. Diferente dela, que preferia não dormir para não rever Cláudia e os pais, revivendo o dia da morte deles. Você merecia um descanso. Donna entendia como era viver com uma parte que odeia por todos os dias de sua vida. A cicatriz em seu olho a lembrava todos os dias da maneira que ela estava. Horrível, a imagem de um monstro. Era o que ela pensava quando se olhava no espelho. Então, quebrou todos da casa. Deixando apenas os que ficavam no quarto de Cláudia. O quarto em que você estava dormindo.

PartilharWhere stories live. Discover now