Imperfeitos

"A gente se vê no seu presente"

Dois dias haviam se passado no tempo pretérito em que Jane se encontrava. Finalmente receberia o relógio de volta, e o melhor é que não precisaria pedir carona para ir até a casa de Kurt, pois iria pegá-lo na escola mesmo.

Ela o procurava por todo o Instituto, não aguentava mais de saudades de sua tia, e até mesmo das pessoas de seu tempo.

— Evie! Bom dia. – Kurt chamou por ela e a cumprimentou assim que a viu. — Consertei o seu relógio. Foi um pouco complicado, mas eu dei um jeito.

— Você não sabe o quão agradecida eu fico.

— Seu relógio é peculiar, os ponteiros dele são diferenciados. – O garoto tirou o relógio da bolsa, e começou a mexer nos ponteiros, fazendo a morena se assustar e avançar nele. — Ei calma! Só estava acertando a hora, mas falta apertar o botão pra ligar ele.

Jane suspirou de alívio, e então deixou Kurt terminar os últimos ajustes.

— É uma peça dinamarquesa ?

— Oi ?

— Se o relógio é uma peça dinamarquesa. Ele tem traços peculiares, e no fundo dele tem algumas palavras em outro idioma. Dei uma estudada e apareceu que era o idioma dinamarquês. – Explicou pacientemente, abrindo o vidro de proteção, e mostrando para Jane as letras que eram minúsculas. — Eu não tive tempo pra traduzir a frase toda.

— Não não, está tudo bem!

Agora ela tinha mais uma pista sobre o relógio e sua dona. Era uma peça dinamarquesa e devia ser rara, então não havia possibilidades de achar cópias por aquela região.

— Novamente, muito obrigada Kurt.

— De nada. Bom, eu só vou ligar ele, ok ?

Ela concordou, e então o garoto apertou o pequeno botão da peça, que na mesma hora brilhou. Jane tentou tomar o relógio das mãos dele, mas já era tarde demais. Os dois haviam sido levados para o futuro que era o tempo presente de Jane.

Ambos estavam largados no chão do clube de jogos, que para a sorte deles estava vazio. Ally apareceu na mesma hora, e olhou desacreditada para Jane, agora as coisas haviam se complicado.

— Ai... O que foi isso ? Como viemos pra cá tão rápido? – Kurt perguntava enquanto se levantava do chão. — Evie, o que aconteceu ?

— Shh...

Pôde ouvir vozes em conjunto, haviam pessoas se aproximando. Rapidamente puxou Kurt para de trás da última mesa do local, e o mandou ficar quietinho por lá.

— Precisamos organizar o sistema de jogos, eles ainda estão desprotegidos dos vírus, e vai ser uma dor de cabeça se deixarmos pra última hora depois. – Lacerda falava entregando uma pasta de documentos para um garoto baixinho. — Jane ? Quando foi que voltou daquele negócio de literatura?

— Hm ? Negócio de literatura?

— Eu não sei como se fala, só sei que envolve livros e leitura. Os superiores falaram que você estava ocupada com algum projeto sobre livros, e por isso não estava vindo pra escola. – Lacerda se aproximou da garota, parecia confusa com o semblante surpreso de Jane. — Esse é o motivo pelo qual você não estava vindo, certo ?

— Certo! Bom, o clube está em atividade hoje ?

— Não, viemos deixar alguns papéis de um trabalho novo aqui. A escola tá fechada, Jane, por conta do luto.

— Luto ? Quem morreu ? – Perguntou com o coração disparando de nervoso, podia ser qualquer um daquele lugar.

— Foi a-