Imperfeitos

Se conhecendo melhor

Parte do horário da manhã já havia passado, e agora pelos corredores vários alunos circulavam e conversavam aproveitando aquele intervalo que duraria um bom tempo.

— Achei que o começo das aulas seria um pouco mais assustador, pelo visto me apavorei atoa. – Jane comentou enquanto caminhava ao lado de uma garota morena de volumosos cabelos cacheados.

— Melhor não subestimar a nossa escola, estudo aqui desde sempre e posso garantir que não costuma ser assim.

Layla Miller, a responsável e cheia de atitude representante do Grêmio. Assim como Jane, ela tinha 17 anos recém completos, e estava se preparando para uma etapa de provas na qual definiria se ela possuía um perfil perfeito para ser uma futura advogada. Desde sempre Layla teve um fascínio por essa profissão, embora que seu pai quisesse que ela seguisse o caminho da política, já que a jovem possuía um talento natural como líder.

— Esse lugar todo é estranho... Nunca havia ouvido falar sobre New Kingston, quantos anos tem essa cidade ? – Perguntou curiosa, parando na frente de um dos armários do corredor.

— O suficiente. Já escutei lendas e comentários quando era criança, e pelo que ouvi, essa cidade tem um longo histórico misterioso e seus registros são guardados a chave na prefeitura.

— Parece filme de terror.

— Pior que sim. Mas... É só história! Nossa cidade embora seja pequena, abrange um sistema de alto desenvolvimento para melhorar a capacidade do pensar. – Disse Layla, com um certo brilho no olhar deixando a colega confusa. — Ela investe naqueles que parecem ser bons o suficiente e os mandam para uma área de trabalho aprimorada, ou seja, todos os dias temos nossas capacidades testadas!

— E quanto aqueles que não são tão bons ? Não existe nada que possa ser feito por eles ?

— Bom... Há uns dois anos atrás mais ou menos, tivemos alguns casos de baixa capacidade, mas nosso governo foi generoso e juntou os grupos que tinham dificuldades para passar por testes particulares de desenvolvimento físico e mental já que o corpo trabalha junto da mente.

— Houve fracassos ?

— Teve alguns destes grupos que não retornaram, mas está tudo bem, eles foram mandados para fora da cidade onde poderiam ter um intelecto melhor. Alguns não se adaptam tão bem a rotina que levamos.

Jane mais uma vez estranhou aquela naturalidade com a qual Layla falava, na verdade aquela história toda era estranha. Tudo parecia ser bom demais para ser verdade.
Ambas continuaram caminhando lado a lado pela escola, pois como a garota ainda era nova, não conhecia tudo ali. Enquanto conhecia as salas, Layla também falava sobre alguns alunos que passavam por elas durante o percurso.

— Ah olha! Aquele é o Kurt Adams, ele é um aluno novato no ensino médio, mas é muito inteligente e avançado pra idade dele. – Falou ao apontar para o garoto que vestia moletom e carregava uma caixa com livros dentro.

— Quantos anos ele tem ?

— 15 anos. Acredita que o QI dele está acima de qualquer aluno da nossa turma ? Ele é um bom garoto, embora que não mostre muito seus talentos em público, mas ele é ótimo nos esportes também. Ele tem um clube de literatura, e toma conta da biblioteca nas horas vagas, o diretor até deixou ele escolher o símbolo do clube e o mascote da nossa escola. – Riu após citar a última parte, e olhar de canto para Jane. — Ele escolheu um macaco. Bom que desde o ensino fundamental ele sempre foi prodígio, então quando ele passou pra essa parte do prédio, ficamos bem animados com ele.

O garoto então sumiu da vista das duas ao entrar em uma sala com sua caixa, e Layla continuou a apresentar os outros para Jane.

— Aquela! Briana Lacerda, já deve ter visto ela em uma ou duas aulas. Ela tem 17 anos e é conhecida por ser uma das pessoas mais calmas dessa escola. Os pais dela são bem ricos e vivem fora da cidade, e ela aproveita a vida como quer.