O passado retorna

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Pov Lacerda

A notícia de que meus pais haviam retornado foi um choque pra mim, não conseguia acreditar ainda. No primeiro dia eu vi apenas os meninos, e agora posso dizer com tamanha certeza... eu não suporto o Joaquim, moleque chato. Benjamin era implicante as vezes, mas era bem mais fácil de conviver.

O bom de tudo, é que minha Sapph nunca esteve com raiva de mim, só estava com preocupações que já haviam sido resolvidos segundo ela.

Hoje saímos mais cedo da escola, e justamente hoje o motorista não veio me buscar, e acabei cedendo por ter que caminhar até em casa. Puta que pariu, é longe pra caralho, nem fodendo.

— Ei, espera!

Me virei para trás e vi a garota que eu tanto gostava; ainda estava me acostumando com suas mudanças, a conheci extrovertida, pelo caminho ficou dark e agora está meio termo. De qualquer jeito, perfeita.

— Você anda rápido demais, quase pus meus órgãos para fora enquanto tentava te alcançar. – Sapph respirava ofegante, e buscava apoio em algum objeto, mas acabou que eu fui seu "objeto".

— Você é baixinha e tem pernas curtas, não posso te julgar por andar devagar.

— Não venha falar de mim, avatar, nem todo mundo pode ser uma garota de quase 2 metros de altura. – Ela resmungou, descendo a destra pelo meu braço, até segurar na minha mão. — Vai pra casa ? Vou com você. Moramos perto mesmo.

— E a sua mãe? Ela me odeia.

— Desde quando você liga pro que minha mãe acha ? – Ela me olhou de canto, e voltou a olhar para o caminho, dando um leve aperto na minha mão.

— Mas ela não gosta de mim, Sapph...

— Quem tem que gostar sou eu, se liga.

Sua resposta fez com que um pequeno sorriso brotasse em meus lábios, de certa forma aquilo havia sido uma declaração.

— Então você gosta de mim?

— Cala a boca.

Não a provoquei novamente, apenas seguimos para nosso bairro. Andando de mãos dadas com a Angel, eu pude lembrar de velhos costumes dela que eu aprendi quando estávamos juntas.

Era necessário segurar na mão dela sempre, porque o corpo dela começava a pender pro lado, e a qualquer momento ela simplesmente entraria na frente de um carro por não ter equilíbrio do corpo. Ela também era muito distraída, e tropeçava em seus pés diversas vezes. Quando ela ficava calada demais, é porque estava brava ou muito pensativa. Costumo sentir curiosidade sobre tudo que se passa na cabeça dessa ruivinha.

Quando chegamos na frente da minha casa, já iríamos nos despedir, quando a porta da mansão foi aberta pela minha mãe. Ela olhou para nós com o olhar firme e analisador, Angel não abriu a boca pra falar nada.

— Seu cabelo está legal, bem melhor que o natural. – Ela comentou após um longo silêncio. — Eu me lembro de você, é a filha mais nova dos Angel's, certo?

— Isso. Me chamo Sapphire.

— Bonito... combina com você, Safira.

Mamãe se virou de costas e deixou a porta aberta, como se fosse um convite para entrarmos. Embora eu estivesse nervosa pois nunca falei da minha sexualidade, minha aparência já entregava tudo, mas ainda sim, preciso mostrar isso com toda clareza o possível. Segurei novamente na mão da Angel, e a puxei para dentro de casa, ela pareceu ter um leve surto momentâneo, mas não se afastou.

— Saiu mais cedo hoje, deve ter ficado bem feliz. – Ben comentou, largando o controle da TV e vindo até mim. — Trouxe uma amiga. Ela é bonita, e tem cabelo vermelho.

Imperfeitos Where stories live. Discover now