Capítulo 14 🍂

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ㅡ Qual foi, porra? Tá achando que o doutor só dá atenção a alfa mesquinho? ㅡ A forma como ele fala, somado ao aroma de flor de laranjeira e leite de amêndoas faz o meu estômago embrulhar mais do que já está.

Jungkook, não comece uma briga sem motivo, você não está bem.

ㅡ Não importa quem ele recebe aqui, contanto que quando outros pacientes venham a sala esteja limpa. ㅡ Ignorando o que o meu lobo diz, dessa vez, eu respondo o cara.

É por isso que você ainda não tem a minha lealdade.

Então acho que eu nunca vou ter.

Namjoon leva as mãos às têmporas e respira fundo. Eu percebo mesmo sem olhá-lo diretamente. Já o ômega perde a paciência e me dá um empurrão que faz eu me sentir tonto, quando perco o equilíbrio por um momento e me escoro na estante de medicações atrás de mim.

ㅡ Eu vou limpar a sala pra você então, mesquinho de merda. ㅡ E ele consegue me irritar mais ainda quando cospe no chão, próximo da minha bota preta.

ㅡ Hoseok! ㅡ Namjoon chama o nome daquele que eu esganaria agora se eu não sentisse uma pontada forte na cabeça, que me faz fechar os olhos com força.

O ômega ri discreto, é óbvio que ele ligaria os pontos. O consultório que o Namjoon está agora é na ala dos pacientes com Vicissitude, eu vim procurá-lo e estou mal.

ㅡ É por isso que essa doença só atinge alfas. ㅡ Mesmo com o corpo levemente curvado, eu consigo ver ele se inclinando para me provocar, olhando-me diretamente nos olhos. ㅡ Vocês merecem, por serem tão desumanos. Merecem carregar o peso do próprio orgulho.

Eu entro numa tosse compulsiva quando tento respondê-lo.

ㅡ Já chega, parem com isso, os dois. ㅡ Namjoon aperta a madeira da mesa em que se apoia com tanta força, que os nós dos dedos ficam brancos. Em contraposição, o tom que usa para falar conosco é impassível.

Eu invejo o autocontrole dele, porque agora estou tão irritado que o meu peito dói e a garganta fecha. Sei que a irritabilidade é também por causa da doença, mas é sempre terrivelmente difícil.

ㅡ Limpe isso, Hoseok, agora. ㅡ Namjoon aponta para o local onde o nojento cuspiu.

O ômega então pega alguns papéis-toalha, joga no chão e arrasta o coturno velho sobre eles. O tempo todo os olhos castanhos me encaram, até mesmo quando ele chuta os papéis para o canto da sala, como isso pudesse ser considerado limpeza.

ㅡ O Hoseok já está de saída. ㅡ Namjoon espera alguma ação dele quando se aproxima da porta e volta a abri-la. ㅡ Até mais, Hoseok, qualquer informação nova eu aviso a você.

ㅡ Fé em Deus, doutor… tranquilidade na missão. ㅡ É assim que o ômega se despede e, somente quando vai passar pela porta, é que o seu olhar desvia do meu.

Assim que Namjoon fecha a porta, eu percebo o quanto o estresse faz os meus músculos doerem, e praticamente me jogo na cadeira disponível ao lado da mesa do médico.

ㅡ Eu só não vou discutir com você agora porque você está mal. ㅡ Namjoon dá a volta e pega o tablet onde anota informações referentes à consulta.

ㅡ O que aquele ômega estava fazendo aqui? ㅡ questiono, tentando estabilizar a minha respiração. ㅡ Ele nem estava ferido, não tinha problema algum.

ㅡ Físico, realmente, não.

ㅡ Virou psicólogo agora? ㅡ Arqueio as sobrancelhas, incrédulo sobre essa desculpa.

ㅡ Vamos encerrar esse assunto. ㅡ Namjoon usa o seu tom autoritário que eu detesto.

No entanto, estou debilitado demais para me irritar com o meu médico também. Posto isso, nos minutos que se seguem eu tomo o coquetel de comprimidos que ele me dá e espero que comece a fazer efeito.

ESSÊNCIA (Jikook ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora