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— Finalmente o seu momento chegou, querida. — Rute comemorava, enquanto se preparava para ir ao hospital junto com a filha. — Você vai fazer a cirurgia e receber um coração.

Begônia sorriu fraco para a mãe, feliz pela animação dela. Tudo o que mais desejou estava prestes a acontecer, ela poderia pensar em ter uma vida normal, sem se cansar tanto, voltar a praticar tênis, como era seu desejo.

Aquela era para ser a melhor notícia de sua vida, mas Begônia não fazia ideia do motivo pelo qual não se animou, pelo contrário, ficou triste por saber que logo teria um outro coração batendo dentro dela.

— O que foi? — Rute perguntou, olhando, preocupada, para a filha, percebendo a falta de entusiasmo dela. — Você não está contente?

— Estou, mãe — se apressou em dizer, antes que a mulher se preocupasse ainda mais. — Estou muito feliz.

Mas a verdade é que ela não sabia o motivo de não ter ficado tão feliz com a notícia.

Bobagem, pensou, muito em breve ela poderia viver como sempre desejou, sem pensar que poderia morrer a qualquer momento. Tudo ficaria bem e... Ela segurou para não chorar na frente da mãe, após pensar em Thales. Ele não estaria ao lado dela no momento mais importante de sua vida.

Ela tirou o celular do carrego, que havia desligado na tarde passada, porque a bateria tinha acabado, mas assim que ligou o aparelho, acabou não tendo tempo de conferir se havia alguma mensagem ou chamada não atendida. E, não faria diferença, já que quem realmente a importava não estava falando com ela.

***

Foi só após passar algumas semanas da cirurgia, que Begônia voltou a “vida normal”. Seu celular tinha inúmeras mensagens, incluindo uma de Amanda, que comemorava e dizia que quando Begônia estivesse completamente pronta e recuperada da cirurgia, elas iriam comemorar. Mas seus olhos só focaram em uma: a de Thales. Era um áudio e ela nem pensou duas vezes antes de apertar para ouvir. O coração, que agora pertencia a ela, batendo mais forte, apenas por olhar o nome dele na tela.

Begônia, eu sei que você está me odiando e eu compreendo, você tem motivos para isso. Eu fui cruel com você, te machuquei, quando jurei que jamais iria te magoar. Mas... mas eu pensei melhor e... eu te amo, Begônia, eu te amo tanto, e apenas o fato de pensar que você poderia se machucar, acaba comigo, e foi por isso que eu terminei com você. Ana Célia ameaçou fazer mal a você, e por medo de te perder, eu te fiz sofrer. Eu vou entender se você não me perdoar, se você colocar outro no meu lugar, mas saiba que eu não quero mais ter medo, não quero ficar longe de você, Begônia. Eu vou voltar para casa daqui a uma semana, e vou te procurar, vou tentar ganhar o seu coração de volta. Meu amor, o meu coração sempre vai ser seu. Eu te amo.

Após terminar de ouvir o áudio, seus olhos lacrimejavam tanto que Begônia enxergava tudo embaçado, devido ao excesso de água presente. Ele a ama, ela nunca duvidou disso, nem mesmo quando ele partia o coração dela, mas ouvir isso, escutar sua voz dizendo isso, era o melhor presente que poderia ter recebido.

Begônia secou as lágrimas que tomavam a direção de saída dos seus olhos, o sorriso invadindo seu rosto, enquanto ela pensava na voz de Thales dizendo que a ama e olhando seu rosto estampado na tela de seu celular novo. Aquela havia sido a primeira mensagem enviada por ele, após ela precisar trocar de aparelho, depois que perdeu seu antigo celular.

Mas antes que pudesse responder a mensagem, sua mãe entrou no quarto para avisar que Cris tinha ido visitá-la. Begônia estranhou a visita, até porque, apesar de sempre tratá-la bem, Cris nunca foi muito próxima dela, o que estaria prestes a mudar, já que agora as duas voltarão a ser cunhadas.

Beija-florUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum