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Begônia não compreendeu o motivo de Thales não ter ido até sua casa, na tarde anterior, como eles combinaram. Mas achou até melhor que ele não tivesse ido, para que não se preocupasse com o estado em que ela se encontrava, após correr tanto para se livrar daqueles homens que ela não sabia quem eram.

Depois do episódio, seus pais redobraram a atenção e pediram para que ela não andasse mais sozinha. Begônia achou aquilo um grande exagero, mas preferiu seguir o pedido dos pais, até porque, ela tinha perdido o celular, já que sua bolsa ficou jogada no chão enquanto corria dos homens que a perseguia, portanto, até que seus pais comprassem outro, eles iriam querer monitorá-la o tempo inteiro para não correr o risco de ela passar mal e eles não estarem por perto.

Quando Thales entrou na sala, Begônia sorriu e o chamou para sentar ao seu lado, mesmo que ele costumasse ficar nas cadeiras do fundo, enquanto ela preferia se acomodar na frente, para não correr o risco de desviar a atenção da aula. Mas ele ignorou seu chamado, nem mesmo direcionou o olhar para ela. Begônia ficou sem entender a reação dele, pensou ter feito algo que o deixou irritado.

Será que ele ficou sabendo da sua rápida conversa com Leonardo?, ela se questionou. É claro que Begônia iria contar para Thales sobre o rápido encontro que tiveram no dia anterior, só não tinha feito isso ainda porque eles não se falaram desde então. E Thales sabia que não precisava se incomodar por causa de Leonardo, com nenhum outro, aliás, já que ela só tem olhos para ele.

E no final da aula, ele voltou a ignorá-la, passando por ela e saindo da sala sem lhe dirigir a palavra, muito menos o olhar. Begônia não sabia o que tinha acontecido mas estava disposta a descobrir, quando chamou ele e Thales parou, por mais que hesitasse.

Ela caminhou para mais perto dele, aproveitando para conversar com o namorado, já que o corredor começava a ficar vazio, após os alunos se dispersarem ao final das aulas.

Ele ainda estava de costas, então Begônia andou mais um pouco até parar de frente para ele. Ela procurou algum resquício de mágoa ou raiva no seu olhar, mas ele parecia indiferente a tudo, pior, pensou com uma pontada de tristeza, ele parecia indiferente a ela.

— Por que você não quis sentar ao meu lado hoje na sala, amor? Se for medo de perder a concentração, isso não vai acontecer, porque eu sou uma aluna bastante dedicada.

Begônia sorriu tentando aliviar aquele clima estranho que tinha se formado entre eles, mas não obteve o sorriso dele de volta, que era o que ele sempre fazia quando a garota erguia os lábios enquanto os dois estavam juntos.

Ele sentiu seu coração se partir ao ver o rosto confuso de Begônia, após desviar do beijo que ela tentou lhe dar.

Begônia o observou sem compreender o que estava acontecendo, já começando acreditar que coisa boa não poderia estar por vir.

— O que foi? — perguntou ela, ainda tentando compreender o que se passava pela cabeça dele.

Ele desviou o olhar, preferia não olhar para o rosto da garota que tanto amava, caso contrário, perderia a coragem de acabar com tudo e, pela ameaça de Ana Célia, Begônia iria correr perigo por sua causa.

Thales jurou proteger Begônia, desde que eram crianças seu instinto protetor havia sido despertado quando olhou aquela garota pela primeira vez, portanto, não podia deixar que ninguém, muito menos a mãe dele ameaçasse a integridade física de Begônia.

— Isso não vai dar certo, Begônia. — Ele murmurou, ainda sem olhar para ela. Era covarde a ponto de não conseguir terminar com a garota que amava ao mesmo tempo em que encara o rosto dela. — Não tem como dar certo.

— Isso o quê? Do que você está falando, Thales?

— Eu me precipitei quando disse que te amo.

A decepção ficou escancarada no rosto dela. Begônia deu dois passos para trás, tentando se recuperar do impacto negativo que as palavras dele causaram.

Beija-florOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz