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Ainda de olhos fechados, Begônia sentia a mão de Thales acariciar o topo de sua cabeça. Demorou para cair a ficha de que aquilo estava acontecendo. Ela sentia como se estivesse completamente realizada, se morresse naquele momento, estaria inteiramente feliz.

Ela não costumava pensar muito em sua primeira vez, suas primeiras vezes, muito menos que seria com seu melhor amigo de infância. Se fosse pensar com mais cautela, ela o amava mais tempo do que imaginava, pois, apesar de passar dois anos acreditando estar apaixonada por outro, Begônia jamais sentiu tanto ciúme de Leonardo quanto sentia de Thales, sempre que o encontrava com outra garota, por mais que negasse aquilo com toda sua força.

Seus pensamentos viajavam tanto enquanto ela sentia todo o imenso prazer de estar ao lado de quem ama, que ela acabou esquecendo o horário e que precisava voltar para casa, antes de os pais chegarem, para evitar que eles se preocupassem com ela. Com um pouco de esforço, Begônia estendeu a mão para alcançar seu celular que estava sobre a cômoda ao lado da cama de Thales. Ela sorriu quando ele envolveu sua cintura tentando impedir que ela saísse de seus braços, mas não se deteve antes de pegar o aparelho para conferir o horário.

— Caramba, já passou muito da hora do almoço. — Begônia levantou rapidamente, fazendo Thales soltar um gemido de frustração. — Eu preciso ir pra casa antes que meus pais cheguem.

Mesmo que seu desejo fosse continuar deitado enquanto Begônia descansava a cabeça em seu abdômen, como eles de fato estavam, ele se forçou a levantar para ficar sentado na cama, como ela já estava também.

— Fica aqui e almoça comigo. Quando seus pais perguntaram, você diz a verdade, mas só a parte do almoço, por favor. Eu quero viver por longos anos junto com você, preciso evitar ser morto pelo seu pai.

Begônia sorriu da dramaticidade que ele pôs na voz. É claro que seus pais sabiam que uma hora aquilo iria acontecer, mas com certeza Begônia também sabia que ambos ficariam preocupados por conta do seu coração. Mas quanto a isso, pensou, eles também não precisavam se preocupar, pois Thales foi muito mais carinhoso e atencioso do que ela imaginava.

— E a gente vai almoçar o quê? Macarrão instantâneo? — Ela provocou, deixando seus lábios erguerem ainda mais. — Ou você vai pedir comida, porque eu não acredito muito nas suas habilidades culinárias. — O bom humor estava escancarado em seu tom de voz, até porque, ela sabia que era horrível na cozinha, mas desconhecia se ele tinha algum talento com as panelas.

Mas tudo o que ele fez foi jogar um travesseiro em cima dela, fazendo-a gargalhar ainda mais alto.

— Eu sei cozinhar. — Ele murmurou.

O sorriso de Begônia foi cessando, enquanto ela o observava com surpresa, após aquela afirmação.

— Sério?

Ele deu de ombros, como se não tivesse falado nada demais.

— Depois que Cris se mudou eu precisei aprender, se não quisesse morrer de fome, porque Ana Célia sempre se preocupou mais com a roupa que iria vestir do que qual seria o almoço.

Begônia o observava ainda mais perplexa, indagando para si mesma, como seria possível alguém ter tantas qualidades que ela admira. Para ela, os defeitos dele ficavam escondidos, pois não tinha importância nenhuma, ela o amaria de qualquer forma, cada vez mais.

— Além de tudo, você ainda sabe cozinhar! Casa comigo?

Desta vez foi ele quem gargalhou alto.

— Caso, sim, e quando estivermos casados, vou fazer questão de espalhar para todo mundo que você quem me pediu em casamento.

Beija-florWhere stories live. Discover now