Na festa

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— Você não foi macho o suficiente! — Aquelas palavras machucaram demais. Eram como facadas dadas diretamente no coração de Kurt.

— Eu deveria matar você! — Ele falou, quase sem ar. E em seguida, ele faria algo que doeria ainda mais — Eu, Kurt Wade Dolph, Alfa do Shadow Moon Pack, rejeito você... Alexandra Mackenzie Dolph, como minha parceira eterna.

Depois disso, apenas escuridão.

KURT

A noite não poderia ser mais chata. Todo aquele falatório sobre assuntos que não me interessavam em nada era extremamente enfadonho e eu só queria uma oportunidade para me ver livre daquilo. Pelo menos a comida era boa, mas a bebida poderia ser melhor. Ou mais forte.

━ Eu vou tomar um ar, Finn — Eu disse para o meu Beta, Finley Hawking, dando-lhe um tapinha no ombro, antes de andar para longe do salão. Ele não respondeu nada, apenas concordou com a cabeça, indicando que tinha entendido.

As portas duplas que davam para os jardins estavam escancaradas, permitindo que uma brisa agradável entrasse no ambiente. Eu andei para mais longe, a fim de não continuar perto daquele monte de lobisomens. Os machos queriam falar sobre política ou batalhas; as fêmeas queriam flertar; e tinha também os que estavam loucos para se verem livres de suas amadas filhas, com esperanças de que eu fizesse de uma delas a minha futura Luna. Como se isso fosse acontecer.

A varanda estava vazia, pelo que agradeci a Selene. Um pouco de paz, e... Eu parei para ouvir melhor o que eu achava que era um gemido. Sim, era gemido, mas não de prazer. Eu sei que estava com a sobrancelha franzida, pois segundo Finley, era assim que eu fazia quando me concentrava em algo ou estava irritadiço. E eu estava irritado.

Pensei em ignorar, mas era impossível, afinal, se eu estava ali para ficar longe dos outros e relaxar, não tinha como isso acontecer ouvindo alguém choramingando. Ok! Alguém estava chorando e eu não ia fingir que não ouvia!

━ Ah, mas que maravilha! — Amaldiçoei, após dar um pequeno chute em um dos balaústres com o pé e empurrar o parapeito de mármore com as duas mãos. Eu teria que seguir aquele som que tirou a minha chance de sossego naquela festa insossa.

Quando na forma humana, nossos sentidos não são tão afiados, porém, ainda são muito superiores aos de humanos e eu, sendo um Alfa, conseguia sentir muito mais do que os outros, tanto cheiros quanto barulhos.

━ P-por favor... — Uma voz feminina suplicava. E então, o cheiro de sangue invadiu as minhas narinas. Apressei o passo e lá estava a cena: uma figura encolhida ao chão, tentando proteger a cabeça com as mãos e o tronco com as pernas, enquanto um lobisomem de cabelos loiros a chutava e outros dois observavam.

━ Mas que porra é essa?! — Eu perguntei e acho que foi alto o suficiente, pois os três agressores deram um pulo, com os olhos arregalados. Enquanto os dois observadores pareciam tremer de medo, o loiro relaxou.

━ Ah, Alfa Kurt! — Ele me cumprimentou, sorrindo de lado, como se eu fosse pariceiro dele ━ Estamos dando uma lição nessa ômega ladra — Ele apontou para a criatura no chão, muito provavelmente a suposta delinquente.

━ Lição? Você a estava espancando! — Eu retorqui ━ É assim que as coisas são resolvidas nesse bando? Ela claramente é bem menor do que você. E uma ômega!

━ Ela roubou, Alfa! — Ele soltou um sopro de escárnio enquanto lançava uma olhadela de desgosto na direção da vítima — E ela não passa da filha de um inútil!

— Eu acho bom você sair de perto dela, filhote — A minha voz saiu ameaçadora. Eu o vi engolir em seco, mas ele não abaixou a cabeça.

— Eu sou Gabriel Redley. Você não pode me ameaçar assim! Eu moro aqui e, em breve, serei o Alfa! — Mesmo com medo, ele manteve a cabeça erguida — Não sou nem filhote e nem seu inferior!

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora