Memórias

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Caitlyn

— Uau. — digo ao passar pela porta do quarto de Vi.

Eu jamais imaginei que estaria aqui um dia. Uma parte do meu cérebro mal consegue processar o que estou fazendo, adentrando silenciosamente na casa de Violet Wolfgang às uma da manhã. Parece algo completamente fora da realidade e um pedaço de mim nem sabe como reagir.

O cômodo é aconchegante, as luzes não são brilhantes o suficiente para incomodar os meus olhos. É bem agradável, na verdade. O quarto inteiro tem uma paleta que varia entre tons de marrom e preto, o que deixa o ambiente caloroso e convidativo. A cama é grande e os tapetes embaixo dela ornam com o esquema de cores amarronzado das paredes. Vi faz um gesto para que eu lhe entregue os saltos pretos que estão na minha mão, eu faço isso e ela os deixa no espaço ao lado do guarda-roupa junto com seus coturnos.

Ela tem uma garrafa de vinho Ioniano nas mãos, eu seguro a caixa de cupcakes que ela furtou da geladeira. Ando até uma das mesas de cabeceira — a que fica mais perto da porta — e encaro os porta-retratos que tem ali. São três: um com uma foto dela junto de Akali e Ahri; outro com uma selfie que ela tirou com Ekko; e o do meio, que é o maior dos três. Nele é possível ver uma Vi criança, com talvez oito ou nove anos, sorrindo. Ela já tinha a cicatriz no topo do lábio superior, mas não a da sobrancelha. Ao seu lado estão Jinx, Vander e uma mulher.

— É a sua mãe? — observo a imagem mais atentamente. Vi não se parece muito com a moça na foto, mas têm os mesmos olhos e boca.

Ela me olha por um instante.

— É sim. — responde. — O nome dela era Amélia.

— É um nome bonito.

Ela concorda, a sombra de um sorriso aparece no seu rosto. Parece ter lembranças boas da mãe, mas não ouso perguntar mais nada sobre isso.

Dou a volta na cama e vou até o outro lado do quarto, me deparando com uma varanda enorme. A porta balcão que dá acesso à ela ocupa a parede inteira, e as luzes da cidade brilhando do outro lado do vidro me deixam com os olhos acesos. Vi parece perceber isso, já que destranca as portas duplas do blindex para que eu passe. Eu deixo a caixa na mesinha de centro, há um sofá sem encosto em cada canto do estreito cômodo, duas janelas laterais e um enorme e transparente vidro diante de mim.

— Nossa. — digo, impressionada.

Mesmo não estando muito alto, consigo ver as luzes de Piltover e Zaun lá embaixo, perfeitamente contrastantes, e a ponte que liga um município ao outro. Às vezes é difícil para mim pensar que os dois fazem parte de uma coisa só, já que a vida inteira me disseram o contrário. Já me contaram muitas coisas sobre Zaun, a maioria ruins, e confesso que acreditei nelas por um tempo. Aí eu conheci o Ekko e a melhor amiga grosseira dele, e muitas coisas mudaram dentro de mim. O garoto das vielas se tornou meu melhor amigo, e eu me apaixonei em silêncio pela audaciosa Zaunita de cabelos rosa.

Se a Caitlyn adolescente já achava que não tinha uma chance, ela se surpreenderia com a nossa situação atual.

— Pode abrir a janela se quiser. — Vi está parada em pé ao meu lado, seu blazer vermelho está jogado no estofado do lado oposto de onde estou. Ela vira a garrafa de vinho nos lábios e dá um gole curto, seus olhos estão fixos na paisagem.

Eu me inclino no sofá e puxo o trinco, empurrando o vidro na parede lateral para cima. A brisa noturna e quente toca o meu rosto de forma suave, a noite é silenciosa e implacável. Eu pego a caixa com os doces e a coloco no espaço vago ao meu lado, Vi se senta toda largada no chão e apoia as costas na mesa de centro. Estamos de frente uma para a outra.

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