Playground

528 62 80
                                    

VI

— Puta merda. — é a primeira coisa que eu digo quando saio do carro. — Tá dirigindo com o olho do cu?

— Você não presta atenção quando está dando ré? — ela desce da moto, tira o capacete e vem na minha direção. — Se olhasse, isso não teria acontecido.

— Não é como se eu estivesse no meio da porra da rua pra você bater em mim. — retruco, olhando o dano que a batida causou. Não é muita coisa, mas ainda tem um amassado relativamente feio e um arranhão no porta malas. A moto de Caitlyn sofreu alguns arranhões leves, nada que um polimento não consiga resolver. — Foi você que não parou quando me viu.

— Ótimo, então a culpa é minha. — ela cruza os braços e franze as sobrancelhas.

— Óbvio que a culpa é sua, caralho. — sinto meu sangue ferver, minhas mãos estão suando. — Você fez de propósito, né? Não é a primeira vez que você bagunça com alguma coisa minha.

— Sério? Acha que eu ligo tanto pra você a ponto de bater de propósito no seu carro? — Caitlyn diz sorrindo, com um ar extremamente arrogante. Típico dela. Isso só me deixa mais irritada. — As coisas não giram ao seu redor.

— Será que dá pra você não ser um pé no saco por cinco minutos? — a cada segundo que olho na cara dela, mais vontade eu tenho de arrancar esse sorriso cínico que ela não tira do rosto.

A vejo abrir a boca, se preparando para falar alguma coisa e iniciar uma troca de xingamentos entre nós. Porém, antes da discussão ficar ainda mais acalorada, ouço alguns cochichos. Não sei o quão alto estávamos brigando, mas foi o suficiente para que algumas pessoas conseguissem ouvir.

No meio das poucas pessoas que estão assistindo a cena, lá está Ahri. Suas orelhas de raposa estão baixas, as mãos estão cruzadas na frente do corpo e um bico estampa seus lábios rosados. Ela está parada na calçada, cabisbaixa. Ekko e Akali estão logo atrás dela.

Eu ando até ela e Caitlyn, aparentemente sem saber o que fazer, fica parada onde está. Quando estou mais perto de Ahri, seguro ambas as suas mãos e a forço a olhar para mim. Suas pupilas estão dilatadas, sua pele está quente e seu rosto está um pouco vermelho. Ela ainda está chapada.

— Vocês me prometeram que não iam brigar. — a voz dela está embargada, não sei se por culpa do álcool ou por ela estar segurando o choro. Acho que as duas coisas.

Ahri é muito emotiva, e não gosta de brigas.

— Eu sei. — pouso uma das minhas mãos calejadas em seu rosto e faço carinho em sua bochecha. — Me desculpa, tá? A gente só... se desentendeu, não era uma briga de verdade. — me sinto mal por mentir, mas não vou ser a pessoa que vai fazer a noite dela acabar mal por uma coisa que nem tem a ver com ela.

— Hum, tá bom. — suas orelhas voltam a ficar em pé enquanto ela me olha. Eu assinto e ela volta a sorrir, mostrando suas presinhas afiadas. Ahri não é uma pessoa fácil de convencer, mas é bem maleável quando está bêbada e esquece fácil as coisas. Não gosto de usar isso ao meu favor, mas é o que me resta.

— Vocês podiam ter discutido um pouco mais longe. — Akali cruza os braços e me olha com aquele olhar julgador característico dela, enquanto traga um cigarro. É como se ela pudesse ver todos os meus pecados. Na verdade, ela pode. Isso é uma das coisas que me assustam nela.

Ela aponta discretamente com a cabeça para Ekko, que está com as mãos nos bolsos da jaqueta e uma expressão nebulosa no rosto. Ele alterna o olhar entre Caitlyn e eu. Tento dar a ele minha melhor expressão de "foi mal", mas não parece funcionar. Ser melhor amigo de duas pessoas que se odeiam deve ser uma barra, não vou julgá-lo por estar chateado.

Club 57 | CaitViOnde as histórias ganham vida. Descobre agora