Capítulo 7: Você fez tudo o que eu queria que fizesse

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Fui deixada em casa uma da manhã, tomei um banho e deitei na cama, encarando o teto como se ele fosse a coisa mais legal do planeta Terra. Queria não pensar muito nos acontecimentos do luau, porém, sempre que fechava os olhos, a imagem de Camila surgia, perturbando a minha mente.

"Mas me beija com vontade. Me beija para todo mundo ver. Você quer?"

No fundo, eu estava com raiva da novata. Não deveria ter me irritado desse jeito por conta da noite em Deer Bay, mas me irritei e foda-se. Foi a segunda vez em que Cabello usou e abusou das suas artimanhas apenas para ter o prazer de me frustrar e sair por cima. Não que ela seja obrigada a ficar comigo, longe disso; não estava puta pela rejeição. Estava puta porque passei a tarde inteira pensando no quão idiota seria acabar nas garras dela outra vez, e, no final do dia, fiz o quê? Caí como um patinho nas suas armações.

Afinal, a Camila liga para mim? Não acho que ela se importe com alguém além de si mesma. Altruísmo não combina com uma pessoa cujo o vestido de praia custa trezentos euros.

E outra, se essa garota pensa que correrei atrás dela, está muito, muito enganada. Dei um tiro no escuro ao tentar beijá-la no luau, mas não é algo que se repetirá no futuro. Cabello quer joguinhos e eu não sou a pessoa certa para isso.

(...)

No sábado de manhã, acordei às oito em ponto e fui correr. Precisava treinar muito se quisesse me sair bem no campeonato anual; a minha principal meta era arrematar mais uma medalha de ouro e tornar Earwood bicampeã. Claro, seria mérito da equipe toda, mas eu sou a capitã e, de certa forma, acabo com um certo peso a mais nos ombros. A treinadora confia muito em mim.

No meio do caminho, dei uma volta na orla da praia para relaxar um pouco e, às dez e meia, cheguei em casa, encontrando uma mesa reforçada de café da manhã. O meu estômago roncou tão alto que eu poderia flutuar no ar seguindo o rastro daquele maravilhoso cheiro de torrada.

— Laur-Laur, como foi a festa ontem?

Clara pergunta casualmente, terminando de preencher os copos com suco de laranja.

— Ah, normal. Não aconteceu muita coisa. — Dei de ombros, enfiando mais um pedaço de bacon na boca. Tirando a parte em que você quase precisou vender a alma para pagar a minha fiança, foi uma festa bem comum... — E a reunião do A.A?

— Acredita que a sua avó arrumou confusão com uma mulher de lá por causa de canapés? — Minha mãe revira os olhos. — A briga foi tão estressante que até o mais sóbrio saiu com vontade de beber.

Segurando a risada, neguei com a cabeça: — Brigando por causa de comida de novo, Harriet? A gente passa fome e eu não sei?

— Aquela vaca escondeu os últimos canapés na bolsa! Eu vi!

Antes que possamos prosseguir com a conversa, a campainha da porta ecoa pela casa. Vovó estava na sala e, milagrosamente, foi abri-la, deixando o seu esmalte de lado.

Bom dia, a Lauren está?

Daqui, eu não conseguia ver a porta, porém, dava para ouvir com clareza. Mas o quê...

— Ela 'tá aqui sim. Ô Laur, é visita 'pra você! O seu nome é...

– Camila! Desculpe-me por não me apresentar. Lauren e eu estudamos juntas em Earwood.

Levantei da cadeira o mais rápido possível, correndo para o encontro das duas. Minha avó sabe ser... maluca e inconveniente. Não posso deixá-la falar com a novata sem supervisão. Não mesmo!

— Prazer em conhecê-la, Camila. — Estica a mão em um cumprimento e ela rapidamente a aperta. — Sou a irmã de Lauren, Harriet.

— Cabello, essa é a minha avó, como você pode notar muito bem. — Empurrei a mais velha pelos ombros, afastando-a da porta. Os seus olhos arregalados denunciaram que eu não deveria ter revelado o sobrenome da morena misteriosa pisando com as suas botas da Prada sobre o nosso tapete de boas-vindas. Ah, não... — Nós vamos conversar lá fora.

Golden State. (Camren)Where stories live. Discover now