É impossível baixar a guarda com você, da última vez que fiz isso você pegou uma fã no banheiro do Club 57 e arrumou um namoro falso na mesma semana.

Eu ignoro essa farpa e abro meu WhatsApp, vendo que, para minha surpresa, há uma mensagem de Caitlyn, enviada dez minutos atrás.

— Ela me mandou um negócio. — Akali fica em silêncio do outro lado da linha, esperando que eu continue. — "Estou de azul, não vá combinando comigo."— parafraseio a mensagem que acabei de ler. Jhomen ri.

Previsível.

Ficamos em silêncio por algum tempo enquanto terminamos de nos aprontar. Eu olho fixamente para o meu reflexo no grande espelho do guarda-roupa, esperando uma iluminação divina sobre a roupa que vou vestir. Não há nada muito específico no convite sobre o código de vestimenta, só uma descrição vaga de "nada casual ou formal demais". Eu abro as portas do armário e encaro minhas roupas por alguns segundos, tirando algumas peças que combinam juntas de acordo com minha mente nem sempre tão lúcida.

Desamarro a toalha que está na minha cintura e começo a me aprontar. Passo minha calça de couro pelas pernas e subo a peça até o umbigo, afivelando um cinto nos passadores. Ela é um pouco larga, estilo calça de motoqueiro e sem punhos nos tornozelos, o que a deixa mais formal. Visto uma camisa preta e fico entre deixá-la solta para fora ou colocá-la dentro da calça. Escolho a segunda opção e decido manter os botões abertos, o que faz com que a parte de cima do meu abdômen e um pouco do contorno dos meus seios fique a mostra. Por último, coloco um blazer vermelho por cima da camisa.

Ugh, se arrumar dá muito trabalho. — a voz de Akali surge novamente pelo alto falante do meu celular.

— Já tá pronta? — pergunto.

Abro a gaveta do guarda-roupa onde estão meus acessórios e escolho alguns anéis de prata, os colocando de forma aleatória nos dedos. Eles contrastam bem com as tatuagens pretas que eu tenho nas mãos, o resultado me deixa satisfeita.

Quase, preciso de opiniões. — ela diz.

Eu dou a volta pela cama e apoio meu celular em pé na lâmpada fluorescente que fica na mesa de cabeceira. Akali muda a chamada para vídeo e se afasta da câmera frontal, de forma que eu consigo ver seu corpo todo.

E aí? — ela enfia as mãos nos bolsos da calça de alfaiataria verde escura. — Acho que tá faltando alguma coisa, mas não sei o que. — as correntes presas em seu top preto sem alças se mexem com seu tronco conforme ela anda de um lado para o outro.

— E aquela sua camisa verde transparente? — pergunto. Ela corre, pega a roupa no armário e coloca no corpo. — Se a gente não fosse praticamente irmãs eu te pegava, tá muito gata.

Você é comprometida agora, biscate. — Akali pontua, com a acidez e o sarcasmo característicos dela. Eu lhe mostro o dedo do meio e ela ri. — Deixa eu ver a sua roupa. — me afasto da câmera. — É assim que você pretende se acertar com a Caitlyn? Porque acho que vai dar certo.

— Você é ridícula.

Ninguém resiste ao seu tanquinho de fora, vai fazer as garotas chorarem no Twitter.

— Cala a boca. — digo rindo, Akali também ri. — Vou pedir meu Uber.

Te vejo na festa, cuzona.

— Igualmente, merdinha.

Desligo a ligação. Coloco meus dois colares de prata e desço as escadas enquanto peço um carro pelo aplicativo no celular. A mensagem de que meu motorista chegará em seis minutos aparece, tempo mais que suficiente para eu escolher algum sapato. Não que seja de fato uma escolha, no fim eu só calço meus coturnos tratorados de sempre. Eles combinam com tudo, o que posso fazer.

Club 57 | CaitViWhere stories live. Discover now