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— E... Eu estou c...com frio, m...m... mãe. - Ouvi Sophie dizer, rangendo os dentes.

— Calma meu amor, logo iremos encontrar um lugar para ficar.

Estávamos caminhando há um bom tempo e o frio só aumentava, tal qual como nossa exaustão. O caminhar era cada vez mais lento, uma vez que o frio nos extinguia as esperanças e a visão seria quase completa se não fosse pelo fecho de luz da lanterna de Lauren.

— Devemos parar para descansar. - Sugeriu. - Não conseguiremos encontrar um novo lugar por hora, melhor procurarmos amanhã assim que o sol nascer. Se não me engano vi um arvoredo logo a frente, podemos fazer uma fogueira e pernoitar ali apenas por essa noite.

— Concordo com a Lauren. - Era Eric.

— Mas fogo não irá atraí-los? - Indago receosa, por mais frio que estivesse, a ideia de acampar a céu aberto não me surgia como a mais genial para o momento.

— Camila, a criança está congelando e os lábios de Eric estão roxos. Vamos precisar arriscar, acredito que não caminharão para tão longe, afinal, eles possuem um banquete há quilômetros daqui.

Apenas assenti e nos dirigimos até o pequeno arvoredo, que ficava próximo à uma montanha. Não era algo como o acampamento, mas passava a sensação de segurança e quando digo isso me refiro a uma árvore que se estendia sobre nós juntamente com pequenos que a rodeavam.

Eric de imediato soltou seu armamento no chão, deveria estar com dor há horas por carregar armas tão pesadas.

— Eric, coloque minha jaqueta próximo ao tronco da árvore, por favor, irei deitar Sophie sobre ela. - Pedi e logo o tecido estava no chão, vendo que minha pequena que já adormecia sobre o mesmo. Tirei minha fina blusa de manga comprida, ficando apenas de camiseta e a cobri.

— Camila, não, está frio demais. - Alertou Lauren.

— Não me importo, ela está com mais frio do que eu, isso posso garantir.

Ela apenas assentiu e, dando a faca para Eric, pediu que o mesmo cortasse alguns galhos e pegasse alguns gravetos.

— Bom, vamos ficar um pouco no escuro.

— O que está fazendo? - Indaguei vendo a mesma desmontar a lanterna, deixando apenas a lua nos iluminar.

— Durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados, quando ficavam no escuro, desmontavam as lanternas e riscavam as pilhas umas nas outras para gerar faíscas e acender uma fogueira. Posicione o polo negativo contra o positivo e risque. - Ela explicou sorrindo e fiquei admirada com tamanha inteligência.

Logo uma fogueira estava acesa. Eric já havia deitado e dormia ao lado de Sophie, que por sua vez, estava agarrada a minha jaqueta, era possível ver a força pelas juntas brancas. Presumi que estivesse tentando se sentir segura; Lauren parecia querer cochilar, fechando e abrindo os olhos lentamente.

Peguei a arma de Eric, fui até minha pequena criança e beijei sua testa, fazendo um leve carinho em seguida. Tão jovem, tão indefesa, tendo que viver neste mundo acabado; Fui até a frente e fiquei observando a imensidão do horizonte que havia diante de meus olhos, em um tom escuro devido a madrugada. Pendurei a arma em minhas costas e fiquei apenas sentindo o gélido vento que batia contra meu rosto sujo, fazendo com que tivesse vontade de chorar.

A minha família, minha única família, dilacerada por esses seres podres. Meus amigos, Jason, Max, Alejandro, Cher... Não consegui segurar e deixei que as lágrimas descessem por meu rosto com força. E ainda assim, estava brigada com Lauren, tinha que proteger o Eric e minha Sophie e, por fim, tinha que achar um lugar seguro para que ficássemos. Eram tantas metas, tantas perguntas sem reposta, que desabavam junto com minhas lágrimas.

— Não acredito que esperou que todos dormissem para chorar.

— Você me conhece, professora. - Disse e pude ouvir seu riso abafado.

— O que está fazendo? - Ela indagou chegando a meu lado.

— Apenas observando as estrelas, respirando. - Disse com a voz embargada, secando algumas lágrimas.

— Camz, acho que podemos deixar o passado em seu devido lugar. - Neste momento ela virou-se para mim, captando meu olhar e continuou. - E, lhe devo uma explicação.

— Não Laur, não agora. - Pedi, porém ela continuou sem importar-se.

— Eu fiquei receosa, porque seu beijo mexeu comigo.

Seu olhar foi de encontro ao chão e pude ver que ela controlava-se para também não chorar. Vendo que eu não havia intervindo, respirou fundo e prosseguiu:

— Eu tinha uma esposa, como agora você sabe e... Camila, provar do seu beijo foi como se eu a tivesse em meus braços novamente. Como se minha família ressurgisse e, eu... eu não posso aguentar isso, pelo menos não mais.

— Ela... Ela também foi transformada?

— Não... Não ela... - Lauren desabou em choro e não conseguia mais falar. Apenas segurei-a em meu abraço, minhas mãos posicionadas em seu rosto, secando as lágrimas teimosas que caíam.

Sem pensar no correto ou incorreto, no amanhã ou no depois, no sim ou no não, no amor ou na solidão, apenas beijei-a. Calmamente, como se agora eu estive consciência do que estava fazendo, do que eu queria.

E eu a queria.

Ela logo correspondeu, parecia que precisava daquilo, pedia por socorro. Suas mãos logo foram para minha cintura, puxando-me com força, fazendo com que meu corpo colidisse com o seu e o sentisse efervescer. Ela pediu passagem com a língua e eu cedi, ela estava no controle, sabia o que estava fazendo.

O beijo era doce, sedento, viciante. Suas mãos massageavam-me, enquanto eu acariciava sua nuca, sentindo seus pelos eriçarem, arrancando-me sorrisos. O beijo ia intensificando enquanto eu só pensava o quanto Lauren encaixava-se na minha vida.

— Ainda bem que dessa vez eu não parei. – Disse-me ofegante.

— Não, tem direito a um pouco mais. - Disse e puxei-a pela gola da camisa, fazendo com que ela colidisse comigo desta vez. Sua voracidade era impressionante, e eu estava totalmente entregue.

Em um sobressalto, Lauren pegou-me em seu colo, apertando minhas coxas com força e seguindo comigo no colo até perto da árvore. Sentando-se, continuávamos a nos beijar, com as estrelas como testemunhas e o calor de nossos corpos incendiando o local.

(...)

— Bom dia. - Disse ao ver que todos acordavam, inclusive ela. O sorriso abriu-se instantaneamente em meu rosto, e vi que ela fazia o mesmo. Era assim que deveria ter sido nosso primeiro beijo.

— Mamãe? - Indagou Sophie, abrindo os braços. Peguei-a no colo e abracei com a maior força que pude.

— Dormiu bem, minha princesa?

— Sim, eu dormi e você? - Ela indagou e eu apenas olhei para a morena a minha frente.

— Perfeitamente bem.

— Sophie, está sentido cheiro de tinta? - Indagou Eric e vi Sophie cafungando para sentir o tal cheiro.

— Não, por quê tio?

— Porque pintou um clima entre a Jauregui e sua mãe. - Debochou e todos rimos.

— Perde os amigos, mas não perde a piada, não é Eric?! - Lauren deu algumas batidas nas costas dele. Foi quando ouvimos uma movimentação.

— Camila, para trás, agora. - Ouvi ela pedir e agarrei ainda mais Sophie, sussurrando para ela ficar quieta.

Lauren e Eric foram andando lentamente, atentos a qualquer movimentação, empunhando suas armas, até que Lauren grita para tentar surpreender o possível andante.

Ao ver o mesmo sair de trás das pedras, todos ficamos boquiabertos.

— Wes?

NEXT TO YOUWhere stories live. Discover now