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— Bom dia. - Desejei ao homem pouco a frente assim que sai da tenda, suas mãos seguravam um binoculo a frente dos olhos para visualizar algo no horizonte além da minha capacidade de visão.

— Bom dia. - Retribuiu abaixando levemente o objeto para esboçar um sorriso. - Pensei que não acordaria tão cedo.

— Desculpe pela imagem de preguiçosa que estou transmitindo, mas passei dias e noites em claro para não ser atacada enquanto dormia. - Pedi sem jeito, assim como meu relógio há muito tempo perdi a noção das fases do dia e suas horas, mas pelo barulho que meu estomago emitia, provavelmente o almoço já se aproximava. - Creio que seja o Max.

— E você a Lauren. - O binoculo foi solto sobre o peito. - É a mais nova integrante que Mila resgatou e até agora não tive a oportunidade de conhecer e conversar de modo descente, sem que algum zumbi interrompesse. - Prazer em conhece-la.

— O prazer é meu, senhor Max.

— Por favor, sem o senhor, apenas Comandante já está bom. - Pediu, o olhei sem entender a prepotência. - Isso foi piada e pelo jeito a não tem senso de humor ou o perdeu pelo caminho.

— Desculpe. - Peço. - Quando se sobrevive sozinha durante tanto tempo, é difícil entender os demais. Pode dizer onde está Camila?

— Saiu numa incursão para buscar alimentos, não deve demorar... Assim espero. - Completou.

— Deveria ter me acordado, me assustei quando não a encontrei na tenda. - Max começou a caminhar pelo local do acampamento, o segui em passos curtos.

— Vejo que alguém criou uma afinidade maior do que deveria. - O olhei assustada. - Nesse mundo caótico, quer mesmo desenvolver sentimentos por outra pessoa?

— Quem? Eu? - Ele assentiu. - Ah não foi isso que quis dar a entender, eu e Camila... Nós não.

— Calma. - Pediu rindo como um pai que acaba de pegar a filha durante uma mentira. - Estou apenas brincando. Quer um conselho? - Assenti dando de ombros. - Não crie um laço afetivo maior do que somente amizade com as pessoas daqui ou qualquer outra que conhecer em meio a esse inferno que o planeta se transformou. Dou esse conselho para todos que chegam, nunca se sabe quando a pessoa irá embora para voltar de outra forma.

— Não se preocupe Max, creio que evitar essa situação não será problema por minha parte. - Garanti.

— Posso lhe pedir uma coisa? - Assenti novamente. - Não crie conflitos.

— Desculpe?

— Somos uma família, pelo menos, tentamos fazer com que se pareça com uma. Recebo os sobreviventes que encontram nas incursões de braços abertos, afinal, meu lema é: quanto mais humanos acolhemos, menos apodrecidos temos que matar. Mas como toda família, os integrantes têm de trabalhar para se manter. Lhe damos abrigo, comida e remédio, mas em troca terá que nos ajudar; caso contrario não teremos outra opção a não ser dar um pouco de comida e remédio e te deixar por conta própria. Perdemos um amigo há poucos dias e odiaria ter que deixar uma moça tão bonita por conta própria novamente.

— Consigo compreender seu pedido.

— Tenho certeza disso, principalmente por ser uma mulher que dava aulas na universidade, não é?! - Confirmo a presunção. - Vamos selar um acordo: lhe dou alguns dias a mais até que se recupere completamente, depois me recompensa ajudando nas viagens em busca de suprimentos, que tal?

— Não precisarei de muitos dias, sinto que meu corpo está se recuperando bem já que agora me alimento de algo que não seja rato assado na fogueira. - Confesso e o vejo sorrir. Estendo a mão e ele a segura com firmeza. - Acordo selado.

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