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Pela primeira vez estava perdida entre um emaranhado de sentimentos e pensamentos.

Seus lábios eram de uma maciez incrível, demonstravam travessura; suas mãos tinham um toque firme, porém delicado. Senti uma corrente de desentendimento me percorrer e, antes que pudesse pensar em algo a mais, senti Lauren separar nossos lábios, ofegante.

— É, eu... Eu... Mila... - Ela perdia-se entre as palavras e o olhar receoso.

— Hei, está tudo bem. - Tentei em vão acalmá-la. – Laur, está tudo bem. - Seu olhar fitava o chão frio. - Por favor, olhe para mim.

— Preciso ir. Tente dormir para ajudar em sua recuperação, boa noite.

Senti o medo e o descontentamento em seus olhos. Ela correu, tropeçando nos próprios pés, até a tenda. Permaneci pensando em como ela conseguiria dormir se parecia travar uma severa batalha interna.

(...)

— Bom dia. - Anunciei minha chegada na tenda de Jason. Ele estava com um sorriso doloroso. O suor lhe porejava a testa enquanto estendia a mão direita para me cumprimentar.

— Oi!

— E então, como está se sentindo?

— Já tive dias melhores. Às vezes penso em como jogaremos futebol de novo; penso em levantar minha perna, mas falta uma metade. - Ele tossiu severamente. - Max disse ser normal, esse impacto. Sinto-me como um quebra cabeça que perdeu uma peça.

— Vai sair dessa, irmão. Ainda temos que competir muito, estou ganhando nos tiros. - Rimos com o comentário e percebi que seus olhos pesavam, clamando pelo sono. Peguei em sua mão e acariciei-a, até ver seus olhos castanhos completamente fechados.

— Ele vai melhorar, Mila.

— Credo Max! – Gritei, elevando a mão ao peito. – Não faça mais isso, me assustou.

— Desculpe. – Pediu rindo. – Preciso pegar algumas ferramentas para começar a confeccionar a perna para Jason e um brinquedo para Sophie. – Abri um largo sorriso ao ouvir seu comentário. – Ela é extremamente reservada. Sempre que perguntamos algo a ela, simplesmente aponta para sua tenda. Ninguém consegue estabelecer um contato direto e longo com ela. Estou curioso, como conseguiu se aproximar?

Nunca iria conseguir esconder algo de Max. Sua desconfiança levava às perguntas, que levavam a hipóteses e, posteriormente, a confirmação.

— Dei a ela um ursinho. – Confessei naquela tenda, enquanto ele caminhava selecionando os materiais certos. – Chegamos ao mercado, tudo estava calmo, até Wes me chamar e dizer ter uma menina não infectada encolhida embaixo de uma das prateleiras. Fui até lá e vi a garota agarrada as pequenas pernas, soluçando. Tentei tocar nela, para ajudar, mas quanto mais perto chegava, mais tendia a se afastar. Até que Wes gritou...

— Camila! Estamos sendo atacados! Acharam a gente, vamos embora! - Os gritos provenientes de Wes transbordavam desespero.

— Wes, não consigo tirá-la daqui. – Expliquei gritando em resposta.

— Não interessa! Deixei-a aí. Como sobreviveu até agora é um mistério, mas vai acabar morrendo mesmo, assim como a gente se não formos agora.

Senti o sangue fervilhar em minha cabeça e meus punhos fecharem de raiva.

— Ficou louco?! Perdeu o último resquício de humanidade que existia em você? – Ele nada respondeu – A levarei. Não interessa se terei de fazer isso sozinha! – Respirei profundamente até me acalmar. – Se não fosse da minha família, juro que lhe dava um soco para ficar apagado no mínimo três dias. – Comecei a tirar todas as armas presas ao meu corpo. – Tranque a porta e feche as janelas. Fique de olhos abertos.

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