Amando o amor

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Não poderia mentir e dizer que estava calma, porque pra falar a verdade, eu não estava. Eu observei mais algumas pessoas se aproximarem, acho que não passaria de um grupo de seis pessoas, e eu estava certa quando a última chegou, fechando a porta e se sentando na cadeira reservada em um circulo no meio do estabelecimento. Eu olhava fixamente para o chão, mordia as paredes das minhas bochechas, girava a aliança em meu dedo, batia os meus dedos contra a minha perna, sabendo do meu desconforto, mas mesmo assim, me esforçando ao máximo para não transparecer. Mas a quem eu queria enganar? A minha ansiedade sobre aquele lugar era mais do que nítida. 

- Boa tarde, pessoal - uma mulher disse, com um sorriso convidativo em seus lábios, fazendo com que eu a olhasse - Eu me chamo Dahyun e serei a responsável sobre as nossas reuniões as quartas. Quero que cada um se apresente e conte um pouco sobre o seu problema e o que fez criar coragem e decidir se livrar disso, podemos começar? 

- Boa tarde, eu me chamo Ava, tenho trinta e cinco anos e sou uma viciada em cigarro desde os meus dezesseis. O motivo pelo o qual... eu quero parar com isso... o meu pai foi diagnosticado com um tipo de câncer raro no coração, terminal. Os médicos deram alguns meses de vida pra ele e o seu único pedido é que eu... largue o cigarro. Eu quero fazer isso não só por ele, mas como por mim também. Ele é o meu melhor amigo, e quero mostrar a ele que eu sou capaz de seguir em frente caso ele se vá. 

- Eu sinto muito por isso, Ava - Dahyun disse, com um sorriso reconfortante - Nós iremos conseguir isso. Quem é o próximo?

- Boa tarde, eu me chamo Charles, tenho vinte e sete anos e sou um viciado em remédios, analgésicos, desde os meus quatorze anos. Eu tive depressão aos treze, quando a minha irmã mais velha morreu em um assalto ao banco, ela apenas estava no lugar errado, na hora errada e foi vítima de uma bala perdida. O motivo pelo o qual eu quero parar com isso é que... eu fui assaltado e sequestrado uma vez e... passei pelo o mesmo terror que a minha irmã deve ter passado, eu entendi que não posso enfrentar os meus traumas me entupindo de remédios, tenho que enfrentar como minha irmã enfrentaria se estivesse conosco. Quero ser alguém na qual ela possa se orgulhar aonde ela estiver. 

- Ouvir isso é muito bom, Charles, eu tenho certeza que a sua irmã já está muito orgulhosa em ver os seus passos para se livrar disso.

- Olá, boa tarde, eu me chamo Olivia e tenho dezenove anos, sou viciada em... automutilação - a garota disse, meus olhos pegaram o momento no qual ela segurou as suas mangas, escondendo ali o que havia, meu coração doeu um pouco - Faço isso desde os meus onze anos... os meus pais... não eram pessoas tão boas assim... o motivo pelo o qual eu quero parar com isso é que eu decidi entrar para o exército, e quero estar cem por cento bem e segura de mim mesma para poder ajudar os outros, sem marcas e sem dor. 

- Uau, Olivia, isso é incrível! Já sabe em que área quer atuar?

- Marinha.

- Você tem o nosso apoio para isso!

- Eu me chamo Colin, tenho dezessete anos e sou viciado em maconha a um tempo. O motivo pelo o qual eu querer tirar isso de mim é que... esse ano eu ganhei um sobrinho, meu irmão mais velho foi pai, mas... deixou o filho com os meus pais e foi embora. Eu quero parar porque... o meu sobrinho irá precisar de uma figura paterna boa, limpa e honesta, e eu quero ser alguém bom pra ele, quero levá-lo para a escola, quero ajudá-lo com as lições de casa, a andar de bicicleta, quero ser um bom tio. Quero que ele me veja como o seu melhor amigo e não só como um tio bobo. 

- Colin, o seu sobrinho já te ama muito, e te amará ainda mais ao saber o que você fez por ele e por você - Dahyun disse, agora direcionando os seus olhos pra mim, eu a encarei de volta, e entendi que era a minha vez, não muito confortável com as pessoas me encarando curiosas. 

My dear wife - SatzuWhere stories live. Discover now