Dia de família

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Voltei a realidade assim que o sol começou a ultrapassar as cortinas pesadas do quarto de Tzuyu. Foi então que os meus olhos abriram de uma vez, com o pensamento; eu estava no quarto de Tzuyu. Automaticamente minhas lembranças foram para a noite passada, e de tudo o que havia e quase havia acontecido, minhas pernas tremeram, minhas mãos suaram, tive vontade de me fingir de morta, tendo muitos pensamentos ao mesmo tempo, sobre o que ela estava pensando, sobre como ela se sentia com aquilo, sobre como eu me sentia com aquilo, o que eu havia sentido com tudo aquilo, como seríamos depois daquilo, meu Deus, eu tinha certeza que não eram nem dez da manhã, e a minha cabeça já criava mil paranoias diferentes.

Virei o meu rosto, encontrando apenas Agnes na cama, o espaço de Tzuyu estava vazio, óbvio que estava. Certamente ela pensava que aquilo, a noite passada, tudo, havia sido um grande, grande erro em sua vida, e que provavelmente agora, naquele segundo, deveria estar pensando em como me mandar embora, em como me contar que havia desistido de todo o plano e de como foi um grande erro ter me colocado na sua vida. 

Continuei intacta assim que escutei a porta se abrir, era ela, o seu perfume e a sua presença estrutural quase assustadora denunciavam isso. Criei o mínimo de coragem e virei minha cabeça para encará-la, sendo pega de surpresa em vê-la concentrada em trazer uma bandeja de madeira, aparentemente com coisas, muitas coisas, até a cama, sem derrubar ou fazer barulho o suficiente para "me acordar". Mas os seus ombros desabaram um pouco quando percebeu que eu já estava acordada, e a sua feição rapidamente passou de concentrada, para manhosa, coisa que eu nunca havia visto em todo o tempo de convivência. 

- Era pra ser uma surpresa - ela reclamou, como se a culpa fosse minha, segurei o meu riso - Tem como fingir que está dormindo, por favor? Eu me esforcei pra fazer isso. 

- Tudo bem. 

Fechei os meus olhos novamente, não demonstrando o quanto meu coração estava acelerado por tal acontecimento nada comum, apenas Chou Tzuyu trazendo um café na cama, olha, se aquilo era comum, eu não gostaria de saber o que era o incomum. Senti um pouco o colchão se afundar, os barulhos de alguns pratos ou talvez copos se pronunciando, e então, mesmo sem a sua "autorização", eu abri os meus olhos, vendo que sobre a bandeja, havia uma variedade de coisas, desde frutas, cereais, torradas, ovos mexidos, creme de queijo, geleias, creme de avelã, pasta de amendoim, e até mesmo a mamadeira de Agnes estava por ali. Foi inevitável não dar um pequeno sorriso, um pouco envergonhada com aquilo.

- E o melhor, não coloquei fogo na casa - Tzuyu disse, percebendo a minha analise, deixei que risada presa saísse, me espreguiçando e me sentando, ainda corada o suficiente para olhá-la, ou por saber que já ela me olhava, justamente - Você dormiu bem? 

Ela me questionou, tocando com as pontas dos seus dedos os fios que cobriam um pouco o meu rosto, os arrastando até atrás da minha orelha, eu ainda estava tentando fazer o borboletário em meu estômago desaparecer, mas estava difícil, com isso, eu apenas assenti, concentrada, mas me derretendo com o seu toque mínimo, o qual foi afastado da minha pele, me deixando um pouco triste, o querendo de volta. 

- Eu estava com medo disso - ela murmurou, ganhando os meus olhos em seu rosto - Em ficar um clima estranho depois. 

- Está tudo bem - eu a acalmei, descansando a minha mão sobre a sua, ainda na cama, Tzuyu olhou pra mim - Eu só estou com um pouco de vergonha. Pensei que... você poderia se arrepender de algo, se arrepender sobre a minha presença, eu não sei. 

- Por que isso aconteceria?

- Por você ser um pouco imprevisível, Tzuyu - respondi, com um tom risonho, ela revirou os olhos com um pequeno sorriso em seus lábios, concordando com tal fala minha - Mas... já que você está bem com isso, então... eu também estou. 

My dear wife - SatzuWhere stories live. Discover now