Mãos sobre os joelhos

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Minatozaki Sana

- Hey, minha pequena... acho que está na hora de começarmos o dia, não acha? - sussurrei, assim que fechei a porta do seu mais novo "quarto", depois do anuncio de Tzuyu que tínhamos que estar prontas antes das uma da tarde. Agnes dormia de uma forma extremamente confortável em cima da enorme cama de casal, que mais parecia um amontoado de edredons fofos e brancos, de tão macia que era, me fazendo entender o porque da menina não querer acordar, mesmo já se passando das nove e meia - Vem cá, meu amor, está na hora. 

Ela choramingou, como sempre choramingava caso alguém a tirasse do seu sono sagrado, completamente compreensível, ninguém gostaria de ser acordado no meio de um sono quase que divino, acho que é por isso que nos dávamos bem, eu entendia os seus sentimentos, completamente confusos para uma bebê de onze meses, que não sabia bem o que estava acontecendo e sim, apenas se expressando da sua forma, achando doloroso a forma que outras mães apenas diziam "isso é apenas birra, ela é uma garota mimada", invalidando qualquer sentimento dos seus filhos, talvez se perguntando no futuro "por que será que o meu filho não conversa comigo, ou não é o meu amigo?". Apenas invalidação de sentimentos quando mais novos. 

Em primeiro lugar, eu a acalmei, sussurrando que a entendia, entendia que queria ficar na cama e que queria dormir mais um pouco, com a voz mais suave e baixa possível, a abraçando e acariciando os seus fios conforme andava de um lado para o outro, sorrindo de uma forma simplista quando percebi que ela se acalmava, apenas dando pequenos e espaçados soluços, tirando o seu pequeno rostinho da curva do meu pescoço, me olhando conforme sugava a sua chupeta, eu a olhei de volta, como se perguntasse se estava tudo bem agora, ela sorriu, pude ver os seus lábios se curvarem, as pontas nas quais a sua chupeta não cobria, e então isso me deu a certeza de que ela estava bem melhor.

- Vamos tomar um banho agora, está bem? Vestir uma roupa bem bonita e iremos passear, o que você acha? - perguntei, a mantendo distraída conforme retirava o seu macacão, me abaixando e beijando toda a sua barriga, a fazendo gargalhar e rolar sobre a cama, engatinhando rapidamente para longe, eu ri - Volte aqui, mocinha, não fuja de mim - Agnes me olhou, mordendo a sua mão e voltando ao meu encontrando, soltando aqueles curtos gritos de felicidade quando eu a peguei, jogando o seu corpo pra cima e beijando o seu rosto, podendo sair do quarto com ela enrolada na toalha, até o banheiro social no qual Tzuyu me apresentou.

Percebi o jeito que Agnes olhava curiosa o novo ambiente, vejamos, esse era o seu único recurso, pois não poderia tomar decisões por si só, então observar era a única coisa que ela conseguia fazer no momento, me olhando como se perguntasse o famoso "aonde estamos? Essa não é a nossa casa", me fazendo suspirar e apenas beijar a sua testa em um segredo de "está tudo bem, confie em mim". E eu acho que ela havia entendido a mensagem que eu queria ter passado.

O apartamento de Chou Tzuyu era gigante, a minha amplitude de visão sobre lugares grandes era um pouco limitada, mas eu poderia dizer sem dificuldade que três apartamentos iguais ao meu, caberia tranquilamente dentro do seu, e ainda sobraria espaço, o fato de ter, uma cozinha, uma sala, três quartos e dois banheiros não impedia de tal lugar ser enorme e espaçoso, muito bem calculado e distribuído, me fazendo lembrar que, gente rica entendia bem sobre aquelas coisas. A decoração era quase nula pra falar a verdade, crua e sem graça, tudo em preto, branco e um tom de cinza claro, acho que a única coisa que havia cor ali, era uma pequena planta no canto da sua sala, perto da sua televisão, de resto, até os armários e a geladeira de duas partes, faziam parte da parede, milimetricamente calculado, seria um pouco monótono ficar ali durante aquela quantidade de tempo, mas, eu poderia aguentar. Por Agnes. 

Além do fato dela, Chou Tzuyu, ser uma mulher extremamente assustadora e intimidadora, sobre o tamanho, o porte físico, a voz, o olhar, eu não tive muito tempo para observá-la, mas o que os meus olhos gravaram foi o seu corpo um pouco músculo, o jeito que, ela era bem maior do que eu, e a forma que os seus olhos escureciam quando o assunto era sério, os seus olhos eram pequenos, de uma forma verdadeiramente caída, o que era extremamente proporcional ao formato do seu rosto, que poderia ser doce, se ela não colocasse tal seriedade nele. E por mais que por alguns vislumbres, eu consegui sentir e ouvir a sua voz suave, ela a fazia ficar de uma forma um pouco mais grossa, e direta, o que me deixava com um pouco mais de medo. E com medo da reação de Agnes, assim que a visse pela primeira vez. 

Eu tinha certeza que a cabeça da minha filha depois daquilo ficaria uma confusão, mas eu não poderia fazer nada, no momento. 

- Hum... uau, que bebê cheirosa! - elogiei assim que calcei os seus sapatinhos de fivelas brancos, dobrando a meia branca de cetim sobre suas canelas e afofando o seu vestido branco com listras laranjas, o qual ela havia usado apenas uma vez. Arrumando o lacinho do seu cabelo, o qual fazia junção a cor do seu vestido, penteando rapidamente a sua franja, essa a qual, começava a crescer um pouco - Você está linda, minha pequena. Vamos, você deve estar com fome. Que tal ir andando com a ajuda da mamãe?

A coloquei no chão, segurando a sua mão e abrindo a porta do quarto, caminhando sem pressa e sobre o seu tempo até a sala. Agnes parou assim que viu Tzuyu jogando videogame, e a mulher fez o mesmo, tirando os olhos da televisão e focando em minha filha, mantendo a linha de olhares, durante um bom tempo, me deixando nervosa e desconfortável pela a forma que ambas se olhavam. Agnes com um ar cem por cento curioso e Tzuyu, com um ar cem por cento intimidador. Foi então que a menina jogou a sua chupeta para longe, abrindo um largo sorriso para a mulher, me deixando completamente surpresa com tal reação, e acho, que pegando Tzuyu de surpresa também. 

Agnes voltou a caminhar, em direção a Tzuyu e eu apenas acompanhei o seu ritmo, temendo quando a menina colocou as suas mãos pequenas sobre os joelhos de Tzuyu, que me encarou, claramente sem saber o que fazer, eu dei uma risada, mesmo que tremendo por dentro.

- É, eu acho que ela gostou de você - concluí, me afastando um pouco, até a pequena mochila, tirando dali a sua mamadeira, o seu leite em pó e os seus remédios, suspirando completamente aliviada em saber, que não precisaria mais diminuir a dose, por enquanto.

- O... que... ela tem exatamente? - Tzuyu perguntou, ainda olhando Agnes apoiada em suas pernas, sem se mover, parece que com medo da aproximação da pequena.

- Bronquite asmática crônica. Pode parecer algo bobo para um adulto, mas acredite, você não vai querer ver um bebê ter uma crise, é... assustador... - sussurrei a última parte, lembrando de todas as vezes que... passamos por isso - Ela herdou isso da minha família, eu de fato não sou diagnosticada, mas há casos perto. 

- Então é por isso que ela precisa do plano de saúde? - assenti.

- Há um tratamento intensivo que faz isso melhorar, não a cura, mas ao menos ser amena. É o mais indicado, ainda mais quando é uma criança tão pequena igual a ela. 

- Ela... tem algum problema com alimentação? Digo, ela come, certo? - eu dei uma risada, pegando Agnes em meus braços e me sentando em uma poltrona, oferecendo a mamadeira a menina, que a aceitou, segurando por conta própria.

- Ela é um bebê ainda, os dentes estão nascendo aos poucos então, o recomendado são algumas papinhas, sopas, frutas amassadas, legumes fervidos, ela adora brócolis - falei, a observando em meus braços, serenamente - Fique tranquila, ela... nós, prometemos não dar muitos gastos-

- Está tudo bem - Tzuyu disse, voltando a olhar para a TV - Eu que te puxei para isso, então eu sou responsável por isso. Por vocês. 

Concluiu, voltando ao seu jogo violento o qual eu não entendia muito, deixando que os meus olhos voltassem a Agnes e em como os seus olhos estavam suaves e até mesmo... com um brilho infantil que eu não via a um tempo. 

My dear wife - SatzuWhere stories live. Discover now